Eucalipto chega ao mercado como fonte para geração de vapor renovável

Fruto de parceria entre a Veolia e a Braskem, ele será produzido em usina em Alagoas e substituirá o gás natural

Fonte para a produção de celulose e de onde são extraídos óleos essenciais, o eucalipto entra em nova frente ao se tornar matéria-prima para a geração de energia renovável. 

No caso, a fonte de energia (biomassa) desta árvore originária da Austrália será empregada em usina termelétrica para a produção de vapor. 

Por sua vez, este vapor abastecerá petroquímica localizada no Polo Petroquímico Marechal Deodoro, em Alagoas, cuja matriz energética atual utiliza vapor produzido a partir de gás natural. 

O detalhe é que o vapor de eucalipto é renovável, ou seja, por armazenar carbono na forma de biomassa ele compensa as emissões de gases de efeito estufa (GEEs), grandes responsáveis pelo aquecimento global. 

Já o gás natural é um senhor emissor de carbono (CO2). 

Exemplo: a cada megawatt (MW) produzido por termelétrica movida a esse combustível, 482 toneladas de CO2 são jogadas na atmosfera (leia mais aqui).

Em outro comparativo, enquanto a cana-de-açúcar, produz em média 10,6 toneladas de bagaço (biomassa) por hectare em um ano, o eucalipto chega a gerar até 25 toneladas anuais por hectare, relata o IMA Florestal

Projeto renovável une Veolia e Braskem

O projeto de energia renovável integra o acordo oficializado em fevereiro entre a petroquímica Braskem e a Veolia, especializada em soluções de gestão de energia.

A previsão é de que o gás de eucalipto comece a ser produzido em 2024 em uma geração estimada em 900 mil toneladas por ano. 

Por sua vez, relata a Veolia, o projeto, a ser implantado no Polo Marechal Deodoro, está orçado em R$ 400 milhões e deverá criar mais de 400 empregos diretos durante a fase de construção e aproximados 100 postos de trabalho na operação (pós-obra). 

Qual a participação da Veolia?

Ela será a responsável pelo gerenciamento da maior parte do projeto. 

Isso inclui o processo de gestão agroflorestal de mais de 5.5 mil hectares de eucalipto, a concepção do projeto de engenharia e a construção das usinas de processamento de biomassa e de produção de vapor.

Esse será fornecido por meio de contrato de 20 anos de vigência. 

E qual o papel da Braskem?

A petroquímica será a consumidora do vapor renovável de eucalipto. Nos 20 anos do contrato, a previsão é de redução de aproximadamente 150 mil toneladas de CO2 por ano. 

De seu lado, a nova planta de produção de vapor acompanhará a troca de matriz energética para fontes sustentáveis na operação da Braskem em Alagoas e integra o objetivo da empresa de redução de 15% das emissões de gases de efeito estufa até 2030, e alcançar a neutralidade de carbono até 2050.

Para receber o vapor de eucalipto, a petroquímica realizará investimentos internos para adequar o complexo de Marechal Deodoro ao novo arranjo termoelétrico.

O que dizem os executivos das empresas

Gustavo Checcucci, diretor de Energia da Braskem: 

“O projeto de biomassa de eucalipto introduz uma nova forma sustentável de gerar energia renovável dentro das operações da Braskem. 

Em parceria com a Veolia, iremos contribuir de forma importante com nosso plano de sustentabilidade. Teremos uma redução de um terço das emissões de gases de efeito estufa na nossa operação em Alagoas, com base nas emissões de 2020.”

Hélcio Colodete, diretor industrial da Braskem em Alagoas: 

“O projeto contribuirá de modo relevante para o desenvolvimento social e regional do Estado de Alagoas. Dinamizará negócios, e criará oportunidades de emprego em nossas instalações e de nossos parceiros, contribuindo para a economia do Estado.”

Pedro Prádanos, CEO da Veolia Brasil:

 

“Para garantir os altos padrões de eficiência e qualidade das duas companhias, a iniciativa abrange processos alinhados à transformação digital e à indústria 4.0. 

Com a implementação do Hubgrade, solução da Veolia que integra ferramentas digitais e expertise humana para monitorar e analisar em tempo real a operação, o projeto garante a otimização da performance e melhoria contínua no desempenho das instalações e no consumo energético.

Ao cumprir com a demanda de vapor necessária para o funcionamento ininterrupto de seus processos de produção, este projeto atenderá às necessidades de operação e, ao mesmo tempo, aos desafios de sustentabilidade em gestão de energia da Braskem.”

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