Com a biomassa da cana, Brasil integra grupo de 4 maiores países em potencial de energia renovável
Com a biomassa da cana, Brasil integra grupo de 4 maiores países em potencial de energia renovável
É o que revela estudo conduzido pelo Net Zero Industrial Policy Lab (NZI-PL), laboratório da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos
Foto: UNICA / Delcy Mac Cruz
Que o Brasil tem potencial de sobra em energia renovável, isso não é novidade para ninguém
Fora a água (energia hidráulica) vento (eólica) e solar (fotovoltaica), o país tem 1,2% do território cultivado com cana-de-açúcar que, além de etanol e açúcar, gera, também, energia elétrica (chamada bioeletricidade).
Para se ter ideia, em 2024 a previsão da entidade do setor UNICA era de que a biomassa em geral (da qual 80% vêm da cana) fosse responsável por 12% do acréscimo de capacidade instalada de energia no país.
Tem aí um detalhe: como se trata de fonte renovável, se houver mais biomassa por conta da variedade de cana mais produtiva, será possível produzir mais energia elétrica sem ampliar a área plantada.
Estudo atesta potencial do Brasil
Todo esse potencial de fontes renováveis de energia também é atestado por estudo conduzido pelo Net Zero Industrial Policy Lab (NZI-PL), laboratório da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos.
“O tamanho do Brasil e a sua riqueza de recursos naturais conferem ao país o potencial de se tornar uma potência líder em recursos”, destaca o estudo, referindo-se a energia solar e eólica, reservas de minerais críticos, recursos de biomassa e capacidade de produção de hidrogênio.
Fenabio: programação focada no setor de bioenergia
Em tempo: a bioeletricidade é um dos temas que estará presente na programação do Fenabio, novo espaço de conferências do setor de bioenergia, que oferecerá 4 dias de exposição de mais 2 dias de conteúdo com speakers renomados com foco em inovação, tendências e experiências para grandes executivos da cadeia global de energia no Brasil e mundo.
A 1ª edição do Fenabio integra a Fenasucro & Agrocana, a ser realizada entre os dias 12 a 15 de agosto em Sertãozinho.
Quem integra o seleto grupo de players em potencial
O estudo do laboratório da Universidade Johns Hopkins destaca que, fora sua riqueza de recursos naturais, o Brasil tem também capacidades em manufatura avançada e agricultura mecanizada.
Com isso, o país, segundo o levantamento, pode ser uma potência de primeira ordem no novo sistema energético mundial ao lado da China, dos Estados Unidos e da Rússia.
Detalhe em favor do Brasil, segundo o estudo: o país “também possui reservas consideráveis de petróleo e gás, bem como expertise na área, o que pode contribuir para a transição sem que seja necessária uma expansão do setor.”
O blog Fenasucro lista a seguir destaques do estudo:
Forte potencial industrial
O Brasil tem um forte potencial industrial, e já produz e exporta bens industriais complexos. O país conta com uma matriz energética limpa e relativamente barata, o que fornece uma base sólida para indústrias intensivas em energia.
Investimento em P&D
Entretanto, o país precisa investir em pesquisa e inovação, já que está atrás de seus potenciais competidores em termos de gasto com P&D, educação e registro de patentes.
Quando comparado com outras economias emergentes, o Brasil apresenta resultados satisfatórios nesses indicadores.
Potencial de “powershoring”
Uma fonte importante da dianteira brasileira na indústria de transformação é a ampla disponibilidade de energia limpa e barata.
Este potencial de "powershoring", fenômeno no qual indústrias podem se realocar para aproveitar uma rede energética limpa e barata, pode posicionar o país em uma posição privilegiada para tornar-se um produtor importante nos setores industriais intensivos em energia - particularmente na produção de aço de baixo carbono, mas também potencialmente no processamento direto de lítio e na fabricação de maquinário para as cadeias de suprimento de energia eólica e baterias de lítio.
Financiamento e desindustrialização
O país também conta com vantagens adicionais, além de bancos de desenvolvimento, fundamentais para financiar projetos que promovam a diversificação econômica.
No entanto, discussões sobre o potencial industrial do Brasil devem levar em conta o impacto da desindustrialização do país.
A indústria de transformação representou 36% do PIB brasileiro em 1985, caindo para 13% em 2022.
Esse rápido declínio foi apontado como um caso de desindustrialização precoce: quando um país transiciona de uma economia baseada na indústria para uma economia baseada em serviços antes de atingir um alto nível de renda.
Elétricos e híbridos
Caso o Brasil consiga superar seus desafios e implementar um conjunto robusto de políticas para o setor de produção de baterias, poderá se tornar um importante participante do mercado mundial de veículos elétricos (VE) e híbridos.
Dado o tamanho de seu mercado doméstico, seu setor automotivo consolidado (em 2022 o país foi o oitavo maior produtor de veículos no mundo), e sua matriz energética limpa, o país está bem posicionado para construir um setor competitivo de produção de veículos elétricos.
Esse potencial é ainda mais fortalecido pela longa tradição brasileira na produção de biocombustíveis - especialmente etanol - e pelo crescimento do mercado de veículos elétricos ou híbridos, que podem ser movidos a etanol e bateria ou, ainda, híbridos flex-fuel.
Rota de crescimento
Enfim, conclui o estudo, há uma rota evidente de crescimento econômico para o Brasil.
A força do país na agricultura e nos setores de minerais críticos fornecem uma base para investimento produtivo em indústrias correlatas.
Uma política industrial bem pensada, fomentando os vínculos entre estes setores estratégicos, pode permitir que o país aproveite as sinergias entre os setores de recursos naturais, a indústria e um crescente setor de serviços, promovendo uma transformação estrutural ampla.