Etanol de milho avança e já representa 19% da produção nacional do biocombustível 

Entrada de novas unidades produtoras e ampliação de atuais explica crescimento do cereal no setor tradicionalmente dominado pela cana-de-açúcar.

 

Crédito da imagem: FS Agrisolutions

 

A produção de  etanol de milho segue em alta no Brasil. Seja anidro (para mistura à gasolina) ou hidratado (para veículos flex), o biocombustível feito do cereal deverá somar 6,1 bilhões de litros fabricados no período da safra de cana-de-açúcar 2023-24.

Esse período vai de 1º de abril de 2023 até o fim de março de 2024 na região Centro-Sul do país, que concentra 90% da produção nacional.

Tem mais: a esperada produção de etanol de milho é 72% superior a da safra anterior, que totalizou 4,40 bilhões de litros.

Contudo, esse crescimento já era aguardado por conta da entrada em operação de novas unidades produtivas. 

A saber: 21 delas operam em 2023, caso da unidade da FS em Sorriso (MT), cuja foto ilustra esta reportagem. 

 

PESO DO MILHO NA PRODUÇÃO NACIONAL

Entretanto, chama a atenção o peso do milho na produção total de etanol. 

Os esperados 6,1 bilhões de litros feitos do cereal representarão 19% dos 32,3 bilhões de litros a serem fabricados na safra 23/24, dos quais 26,2 bilhões de litros têm a cana-de-açúcar como matéria-prima, 

Para efeitos comparativos, na safra anterior (22/23), o etanol de milho representou 15,2% dos 29 bilhões de litros do biocombustível produzidos. 

As estimativas estão baseadas em dados da consultoria Datagro e da União Nacional do Etanol de Milho (Unem) (leia aqui).

COMO FICA A PRODUÇÃO DE ETANOL DE MILHO NOS PRÓXIMOS ANOS?

A oferta de etanol do cereal só tende a crescer e, segundo projeções, chegará a uma produção de 10 bilhões de litros em 2030. 

Para tanto, serão necessários investimentos de R$ 15 bilhões em novas plantas e na ampliação de unidades em operação. 

Pois os aportes estão aí. 

 

Seguem dois exemplos de novos empreendimentos de unidades de etanol de milho já oficializados e que estão em linha com as estimativas: 

1 - Coamo: R$ 1,67 bilhão

Coamo Agroindustrial, maior cooperativa agrícola do país, oficializou o investimento de R$ 1,67 bilhão para construir unidade industrial de etanol de milho em Campo Mourão (PR). 

A futura unidade processará 1,7 mil toneladas por dia do cereal e, por ano, chegará a 250 milhões de litros de etanol.

Detalhe: essa produção consumirá 20% de todo milho recebido pela cooperativa. 

2 -  R$ 1,1 bi no Tocantins

Por meio de união entre a multinacional Czarnikow, a Agrojem e a ACP foi criada a Tocantins Bioenergia. 

Trata-se da primeira usina de etanol de milho do Tocantins, prevista para entrar em operação em 2026 com investimento de R$ 1,1 bilhão. 

Por ano, a futura unidade deverá processar 500 mil toneladas de milho e ofertar 220 milhões de litros. 

3 FATORES QUE FAVORECEM O MILHO 

O emprego do milho como matéria-prima do biocombustível tem pelo menos 3 fatores que favorecem o cereal. Confira os 3 listados a partir de informações da Unem:

1 - Ao contrário da cana-de-açúcar, o milho pode ser armazenado e, assim, as unidades podem produzir ao longo de todo o ano. No caso das usinas de cana, a produção é concentrada entre abril e dezembro. 

2 - Parada técnica: as unidades de etanol de milho precisam apenas de 10 a 15 dias para estarem aptas a retornar à produção, já as unidades de cana precisam em média de três meses de ajustes. 

3 - Como pode ser ofertado de forma linear, o etanol de milho reduz a sazonalidade da produção do biocombustível de cana, garantindo o abastecimento e diminuindo as grandes oscilações de preços.