Por que o biogás e o biometano de cana são estratégicos para produzir hidrogênio verde
Por que o biogás e o biometano de cana são estratégicos para produzir hidrogênio verde
Um exemplo está na disponibilidade da matéria-prima, espalhada pelo país
Crédito da imagem: Unica / Delcy Mac Cruz
Falta pouco para que a produção de hidrogênio verde (H2V) comece a ser implementada no Brasil .
Clientela - Há clientes de sobra, caso das indústrias, uma vez que o insumo, limpo e renovável, pode substituir o hidrogênio cinza, feito a partir de gás natural e que libera resíduos de carbono.
Investimentos - Há, também, uma fila de projetos de empreendimentos de produção de H2V. Nos próximos seis anos, o país pode ter investimentos de R$ 70 bilhões, relata a Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV) a partir de estudo da LCA.
No entanto, esses empreendimentos só entrarão em cena desde que haja regulamentação do renovável.
Isso porque só assim o investidor se sentirá seguro, mesmo que a clientela já esteja batendo à porta.
Regulamentação - Vale destacar que tramita na Câmara Federal, depois de passar pelo Senado, o projeto de lei que cria o marco legal para a produção de hidrogênio de baixo carbono (leia aqui).
Data - A Câmara, contudo, não tem data para a votação do projeto.
Preço - Tem, também, a questão do preço de produção do H2V. A estimativa da Associação do Hidrogênio Verde é de que hoje o quilo fique em US$ 4 no Brasil. É um valor de mercado considerado alto.
Diante disso, a entidade indica que o governo brasileiro precisa entrar com incentivos, a exemplo dos EUA, “que dão subsídio de até US$ 3 pelo quilo do hidrogênio”, destaca a entidade.
Definidas as pendências acima citadas e o H2V só tem a deslanchar no Brasil.
Mas já há empreendimentos em implantação, como é o caso dos portos do Ceará, Pernambuco e do Rio de Janeiro.
Aqui, grandes grupos internacionais já negociam a exportação de hidrogênio verde produzido a partir da separação de moléculas da água no processo de eletrólise, que emprega energia renovável como solar e eólica.
A estratégia da cana
É aí que entram subprodutos da cana-de-açúcar como bagaço e torta de filtro.
Eles também são matérias-primas para a produção de biogás.
Como é produzido - Antes de seguir adiante, vale um breve resumo: o biogás é obtido a partir da biodigestão anaeróbia de resíduos orgânicos sucroenergéticos (palha, bagaço, vinhaça e torta de filtro) e da cadeia de proteína animal (dejetos de animais, por exemplo), da agricultura (casca de soja, milho, indústria de mandioca) e do saneamento (resíduos sólidos urbanos e estações de tratamento de efluentes).
Uma vez produzido, o biogás pode ser utilizado para diferentes finalidades: geração de calor; geração de eletricidade, operando de forma equivalente a uma termelétrica a gás natural, 100% renovável, de forma contínua, sem intermitência (paradas ou interrupções).
Vez do biometano
Tem mais: com a sua purificação, o biogás é transformado em biometano, biocombustível gasoso composto basicamente de metano, equivalente ao gás natural fóssil (clique aqui para saber mais em conteúdo da Associação Brasileira do Biogás, a ABiogás).
Fontes para H2V - Tanto o biogás quanto sua ‘versão purificada’ (biometano) são fontes para o hidrogênio verde.
No caso do biometano, ele, segundo a Associação do Hidrogênio Verde, “ é submetido à reforma a vapor, formando o gás de síntese e, a partir daí, começa o processo de purificação do hidrogênio verde.”
Gás síntese - Já no caso do biogás, relata a entidade, “por meio de processos de reforma catalítica, ele é transformado em gás síntese (um gás composto essencialmente por monóxido de carbono e hidrogênio) e, subsequentemente, na sua purificação em hidrogênio verde.”
Oferta de cana descentralizada
Seja de uma forma ou de outra, os subprodutos da cana-de-açúcar estão aí como fontes.
Mais: 17 dos 26 estados brasileiros produzem cana em escala e, assim, há matéria prima descentralizada pelo território nacional para possíveis plantas de biodiesel e de biometano focadas em H2V.