Por que o Brasil seguirá como referência global em matriz energética limpa
Por Delcy Mac Cruz
Eletricidade de biomassa de cana e de fontes solar, eólica e hidráulica avança em capacidade instalada
A eletricidade feita a partir de biomassa deverá representar 7,7% da capacidade instalada de geração em 2024, segundo previsão do Operador Nacional do Sistema (ONS), responsável pela operação das instalações de geração e distribuição de energia no país.
Traduzido em números, os 7,7% equivalem a 15,5 gigawatts (GW), enquanto a previsão de capacidade total neste ano deve chegar a 216,1 GW.
Já em termos comparativos, os 15,5 GW de biomassa superam em 1 GW a potência instalada de Itaipu, conforme destaca a maior usina hidrelétrica do planeta.
O que dá para atender?
Ao serem transformados em eletricidade, os 15 GW são suficientes para atender a 8% da demanda do Brasil.
Reforço em matriz limpa
Seja a eletricidade de biomassa ou de Itaipu, ambas ajudam a consolidar globalmente o Brasil como polo gerador de energia elétrica limpa e renovável.
Fontes são água e cana-de-açúcar
Em tempo: a hidrelétrica gera a partir da fonte hidráulica, que aproveita a água de rios, enquanto as térmicas a biomassa, em sua maioria, são movidas a subprodutos de cana-de-açúcar, caso do bagaço, torta de filtro e vinhaça.
Além da cana, também integram a fonte biomassa lenha, resíduos agrícolas, algas e esterco.
Previsões também para 2028
Em sua previsão de capacidade instalada, o ONS avalia projeções para este ano e para 2028.
Em ambos, as fontes renováveis predominam.
Sendo assim, essas fontes contribuem para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, que geram eletricidade por meio de térmicas a óleo combustível ou diesel e gás, e reduzem as emissões de carbono (CO2), um dos principais geradores de gases de efeito estufa (GEEs) que geram o aquecimento global.
Avanço da biomassa
No caso da biomassa, que deve representar 7,7% de toda a potência instalada neste ano, sua participação é projetada em 6,6% em 2028.
No entanto, a redução percentual não significa problema, afinal a estimativa é de que dos 15,5 GW em 2024, a potência de biomassa saltará para 17 GW em 2028.
A diferença percentual para baixo reflete uma boa notícia, já que a matriz energética brasileira crescerá e esse crescimento projetado é em sua maioria de fontes renováveis.
Projeções da ONS para biomassa:
Projeções para hidrelétricas
Assim como previsto para a fonte biomassa, a da hidráulica tende a representar menos diante a potência instalada total.
Ou seja: de 108,4 GW em 2024, que representam 50,2% da potência total do país, as hidrelétricas somarão 109,1 GW em 2028, ou 42,9% do todo.
Previsões para a fonte hidráulica:
Como devem ficar as eólicas
Já a geração de eletricidade da fonte eólica, segundo o ONS, deverá chegar a 28,6 GW neste ano (13,3% da potência total da matriz) e em 34,8 GW em 2028 (13,7% do total).
Projeções do ONS:
Como ficará a geração solar
No caso da geração fotovoltaica solar, o ONS estima que essa fonte deve chegar a 11,3 GW, ou 5,2% de toda a potência instalada neste ano, e 20,3 GW em 2028, quando irá para 8% do todo.
Estimativas de geração:
Micro e minigeração distribuída
As fontes solar e eólica também respondem pela maioria das pequenas centrais de geração de energia elétrica. Um bom exemplo delas está nos telhados de residências e de empresas.
Oficialmente denominadas micro e minigeração distribuída, por ficarem próximas do consumidor, elas também entram nas projeções da ONS.
Sendo assim, para este ano as MMGD devem alcançar 27 GW, ou 12,2% de toda a potência instalada no país. Mas em 2028 elas tendem a saltar para 42,4 GW, ou 16,7% do total.
O avanço da geração distribuída:
E a geração de fontes fósseis?
Em seguida, o ONS projeta como devem ficar a geração a partir de fontes fósseis.
É o caso das termelétricas movidas a gás natural ou gás natural liquefeito (GNL): neste ano elas devem ter capacidade de 17,2 GW (8% do total) e, em 2028, 21,7 GW (8,5% do todo).
Projeções de gás e GNL:
Óleo e diesel devem cair
Por sua vez, o ONS estima queda na produção de termelétricas movidas a óleo combustível e a óleo diesel.
No caso, elas deverão chegar a 3,5 GW em 2024 (1,6% do total) e a 3,8 GW em 2028 (1,5% do todo).
Como devem ficar:
Carvão também deve sofrer queda
Assim como previsto para as termelétricas movidas a derivados de petróleo, as movidas a carvão - e igualmente grandes emissoras de CO2 - deverão cair em geração de energia.
Conforme o ONS, em 2024 as térmicas a carvão deverão chegar a 3 GW (1,4% do total) e manterão os mesmos 3 GW em 2028 (1,2% do todo).
Projeções do ONS:
E como fica a fonte nuclear?
Enfim, o ONS projeta a geração de eletricidade a partir da fonte nuclear.
Essa fonte, que não é renovável, também não emite CO2 quando gera, mas emite carbono durante o processo de enriquecimento de urânio, que é sua matéria-prima (leia mais aqui).
Conforme as projeções do ONS, a geração de eletricidade pela fonte nuclear chegará a 2 GW neste ano (0,9% do total) e repetirá o montante em 2028, quando representará 0,8% do total.
Previsões para a fonte nuclear: