Safra de cana nem terminou e já é recorde com mais de 678 milhões de toneladas processadas
Por Delcy Mac Cruz
Não é só: até o fim do ciclo o volume crescerá e as projeções apontam para mais 42 milhões de toneladas
A safra de cana-de-açúcar 2023/24 é histórica em termos de moagem da matéria-prima do etanol, do açúcar e da bioeletricidade.
As usinas do país somaram 678 milhões de toneladas processadas, alta de 10,9% ante as 611 milhões de toneladas do ciclo anterior (22/23), conforme o boletim mais recente da Conab, do Ministério da Agricultura, com dados até o fim de novembro.
Tem aí um detalhe: a moagem de cana deve subir a partir do boletim de novembro da Conab, chegando, no Centro-Sul, a 650 milhões de toneladas e, no Norte-Nordeste, a 70 milhões de toneladas.
Se as projeções se confirmarem, o setor atingirá 720 milhões de toneladas até o fim do ciclo.
Mas como são as condições climáticas que ditam as regras no campo, é melhor conter a celebração.
Vale lembrar que oficialmente a safra vai até 30 de março próximo na região Centro-Sul e até fim de fevereiro na região Norte-Nordeste e o fim das operações nas unidades ocorre de forma gradativa.
Avanço da safra 23/24, segundo a Conab
(dados acumulados até fim de novembro)
Ritmo inédito de processamento
Para se ter ideia do vigor da safra, em dezembro, mês tradicionalmente seco para a operacionalização da colheita, “as unidades produtoras do Centro-Sul foram capazes de manter um ritmo de processamento inédito para essa etapa da safra”, relata a Unica, entidade do setor, em indicador com dados acumulados entre 1º de abril a até 1º de janeiro.
No relato, a entidade destaca: “desde 2015 o setor não ultrapassava a marca de 20 milhões de toneladas processadas no último mês do ano civil.”
Nesse desempenho, emenda, a moagem no Centro-Sul atingiu um patamar recorde.
O que explica a moagem recorde?
Há duas respostas. A primeira diz respeito à oferta maior de matéria-prima em si.
Conforme a Conab, a área canavieira do país cresceu 0,7%: 8,352 milhões de hectares na safra vigente, ante 8,293 milhões no ciclo anterior.
Já, em segundo lugar, vem a melhor qualidade da planta, que é medida pela sigla ATR, de Açúcares Redutores Totais, indicador que representa a qualidade total de açúcares da cana (leia mais aqui).
Sendo assim, quanto mais ATR, melhor em termos de produção.
E põe melhor nisso.
Até 1º de janeiro, o indicador confirmava alta de 17,42% na safra vigente ante a anterior. Em números: 90 milhões de toneladas contra 77 milhões de toneladas do ciclo 22/23.
Diante um ATR robusto, a produção só poderia também ser robusta.
Em açúcar, por exemplo, a produção no Centro-Sul registrava alta de 25,43% sobre a safra anterior, enquanto que no etanol a fabricação estava 14,39% acima.
Outro detalhe: a melhor qualidade do ATR permitiu que a produção de açúcar por tonelada de cana subisse 5,61% na safra atual ante a anterior.
Confira os dados da Unica entre começo de abril e 1º de abril no Centro-Sul, que responde mais de 80% da produção nacional de cana: