Chineses reforçam investimentos em energia no Brasil

 

Os chineses apostam em investimentos no mercado de energia elétrica do Brasil. Não é de hoje que empresas estatais e privadas da China  operam no setor de eletricidade brasileiro. Essa atuação vai desde o fornecimento de bens e serviços ao controle de empresas de geração, transmissão e distribuição. 

A boa nova é que as empresas chinesas pretendem ampliar aportes em energia elétrica no Brasil, independente dos rumos da pandemia do novo coronavírus.

Um indicativo dessa guinada de investimentos é o megaleilão de transmissão marcado pelo governo federal para 17 de dezembro próximo. Serão contratados quase 2 mil quilômetros de novas linhas transmissoras em mais de 6,4 mil megavolt-ampères (MVA) em capacidade de transformação e R$ 7,4 bilhões em investimentos.

Esse leilão é um atrativo potencial também para empresas da China. Prova disso foi a atuante presença da CPFL Energia em participações no processo de audiência pública (saiba mais aqui) realizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Em resumo, a audiência integra as etapas do processo do leilão, na qual empresas e instituições participam com sugestões e avaliações do certame. Apenas a CPFL Energia marcou presença com mais de cinco sugestões.

A CPFL gera, transmite e distribui eletricidade no estado de São Paulo e é controlada pela estatal State Grind (ler mais aqui). E a presença dela na audiência indica seu interesse em participar do leilão de transmissão.

No caso da CPFL, ela é diretamente ligada a China. Mas entre os participantes da audiência estão muitas companhias listadas na bolsa, e, sendo assim, parte dos acionistas também pode ter origem chinesa.

Aliás, o segmento de transmissão é um nicho pra lá de atraente para investidores de qualquer nação. Um bom exemplo foi dado dias atrás pelo diretor-geral da Aneel, André Pepitone, que, em mensagem direcionada para investidores estrangeiros, informou ao Valor que o Brasil contratará por meio de leilões mais R$ 88 bilhões em investimentos nas áreas de geração de transmissão nos próximos dois anos. O montante  já integra os R$ 7,4 bilhões do leilão de dezembro próximo.

 

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Investimentos fortes em geração

O leilão de transmissão é um exemplo de atração de investimentos. Já a discutida privatização da Eletrobrás, principal empresa geradora de eletricidade do Brasil, entra no radar de qualquer investidor, independente de sua origem.

Ademais, existem os exemplos próprios de aportes em energia no País. É o caso da estatal chinesa China Three Gorges Corporation (CTG), uma das principais geradoras de eletricidade renovável no Brasil. Ela iniciou em julho último a troca de 21 transformadores da hidrelétrica Ilha Solteira, que controla no interior paulista. O investimento, segundo a Agência Reuters, faz parte de orçamento de R$ 704 milhões destinados para a segunda fase de modernização de Ilha Solteira e de outra hidrelétrica, a Jupiá.

Mais um exemplo de aporte no setor de geração de energia vem pela Spic Brasil, subsidiária da State Power Investment Corporation da China (Spic). Ela assinou contrato para adquirir 33% de projetos termelétricos em construção no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ).

Não é só. A Spic venceu em 2018 o leilão da Hidrelétrica de São Simão por R$ 7,2 bilhões. (mais sobre a São Simão aqui)

Apetite reforçado para investimentos

O apetite chinês pelo mercado de energia brasileiro foi reforçado em 2019 com a chegada da elétrica chinesa CGN. Na oportunidade, ela veio comprar empreendimentos renováveis do fundo britânico Actis e da italiana Enel.

Hoje a CGN Brasil Energia possui 1,1 gigawatt (GW) em instalações em território brasileiro e, em entrevista à Reuters, o presidente da empresa, Gabriel Luaces, destacou que a estratégia para 2024 é chegar até os 3 gigawatts.

Para tanto, a CGN pretende construir usinas eólicas e solares, além de adquirir projetos novos e em operação. Projeção de investimentos para alcançar a meta: R$ 11 bilhões.

Esse valor está sujeito às condições do mercado, mas a CGN só atesta o apetite das empresas chinesas pelo mercado de energia do Brasil.

 

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