Como o país deve produzir 37 bilhões de litros de etanol mesmo com oferta menor de cana

Como o país deve produzir 37 bilhões de litros de etanol mesmo com oferta menor de cana

Uma das explicações é a crescente qualidade dos canaviais 

Crédito da imagem: Raízen  /  Delcy Mac Cruz

A produção de etanol em 2024 deve ficar entre 32 e 37 bilhões de litros, conforme projeções de consultorias especializadas.

Para a Datagro, por exemplo, as usinas chegarão a 30,4 bilhões de litros feitos a partir da cana-de-açúcar.

No entanto, a oferta de etanol deve chegar a até 37 bilhões, conforme a empresa, porque a produção do biocombustível feito do milho deverá alcançar 7,1 bilhões de litros.

Segundo a projeção, feita no começo de março, a queda da produção de etanol de cana é explicada pela menor oferta de matéria-prima na região Centro-Sul do país, responsável por 94% da produção e cuja diminuição é estimada em 9,8%.

 

Menos - Já a Argus, de inteligência de mercado, prevê 32 bilhões de litros do biocombustível na temporada em andamento, 1 bilhão a menos do apurado no ciclo anterior.

O levantamento, segundo a empresa, foi feito com distribuidoras, corretoras e consultorias e destaca que, do total, 24 bilhões são de etanol à base de cana, enquanto o milho responderá entre 7,7 bilhões a 8 bilhões de litros.

 

Suprimento - Seja 32 ou 37 bilhões, a oferta de etanol deverá suprir o mercado.

Ou seja, o setor sucroenergético terá plenas condições de produzir o suficiente de biocombustível.

Vale destacar que no período da safra 2023/24, entre abril do ano passado e março último, as vendas de etanol no mercado doméstico somaram 32,8 bilhões de litros, relata a Unica, entidade do setor.

 

Qualidade da cana segue crescente

Como o setor manterá a produção de biocombustível com oferta de cana 9% inferior na safra em andamento?

A principal explicação para essa pergunta é a qualidade crescente da cana-de-açúcar.

Um exemplo é o indicador ATR (de Açúcares Redutores Totais, que representa a quantidade total de açúcares na cana e a torna mais qualitativa quanto mais açúcares tiver).

 

 

Andamento - Conforme a Unica (leia aqui), a quantidade de ATR por tonelada de cana cresceu 18% na safra 23/24 ante a anterior.

Já nos primeiros três meses do ciclo em andamento, essa quantidade no estado segue empatada com a quantidade de ATR por tonelada de igual período da 23/24.

 

Fonte - Por sua vez, o avanço do milho como fonte de produção do etanol atesta a capacidade produtiva do setor.

Em sua primeira projeção da safra vigente, divulgada em abril, a Conab, do Ministério da Agricultura e Pecuária, projeta produção de 6,8 bilhões de litros do biocombustível de milho (acesse o levantamento aqui).

A estimativa praticamente coincide com as projeções das consultorias citadas neste texto. E indica, assim, que o setor garantirá a oferta para o mercado interno. 

Como ampliar os ganhos produtivos

Assim como cana e milho em quantidade e qualidade é condição para se produzir etanol, investir em eficiência técnica industrial é caminho sem volta no setor.

Mas não é só.

Segundo Leandro Kaster, gerente corporativo de processos e eficiência industrial na Raízen, “o foco em eficiência operacional gera impactos e modifica os modelos de produção, fato perceptível em outras transformações industriais da história.”

Em texto no portal da Raízen, ele destaca por que as companhias sucroenergéticas devem investir em eficiência operacional.

O blog Fenasucro apresenta a seguir destaques de Kaster:

 

Indústria 4.0

É preciso adeir a indústria 4.0 está revolucionando as linhas de produção, as tecnologias empregadas nos processos operacionais ganham cada vez mais força.

Estima-se que até 2025 as técnicas industriais 4.0 poderão reduzir custos de manutenção de equipamentos entre 10% e 40%, diminuir o consumo de energia entre 20% e 40%, e aumentar a eficiência do trabalho entre 10% e 25%, segundo dados da consultoria McKinsey.

 

Gestão do conhecimento

Atualmente, um dos grandes fatores que contribuem para a diferenciação das empresas no mundo dos negócios é a gestão do conhecimento.

Alguns exemplos são a capacitação de seus trabalhadores para essa nova fase dos processos produtivos, o volume crescente de dados em nuvem, rastreabilidade, realidade aumentada, IoT, big data, entre outras tecnologias.

 

Impactos positivos

“A tendência é que essas e outras soluções cresçam e sejam continuamente expandidas, já que geram impactos positivos nos processos e operações, assim como no modelo de trabalho industrial.

O foco principal do setor está em garantir eficiência operacional. Os dados evidenciam que essa revolução vai muito além da simples aplicação de novas tecnologias.

O foco em eficiência operacional gera impactos e modifica os modelos de produção, fato perceptível em outras transformações industriais da história.”

 

Capacitação

“Contudo, diante de uma nova realidade produtiva, são necessárias sérias adaptações e uma rápida capacitação por parte do trabalhador para se manter atualizado.”

 

Conexão

“As atividades de uma indústria estão cada vez mais conectadas – da produção aos custos, da prospecção ao fechamento de contratos, além da segurança dos colaboradores, que é essencial.”

 

Valor agregado

“O setor sucroenergético é um dos grandes segmentos com potencial para aumentar o valor agregado de suas operações. As boas práticas de manejo, planejamento, qualidade e operação nas lavouras resultaram num melhor TCH (toneladas de cana por hectare).

No entanto, é preciso aliar essas ações à padronização de processos e implementação de novas soluções na indústria, tão fundamentais para a resiliência do setor.

Atualmente, tecnologias alinhadas com o conceito 4.0 podem ajudar a reduzir desvios e falhas no cumprimento de metas, garantindo maior produtividade para empresas do segmento.” (leia o texto na íntegra aqui).