Por que o etanol é a aposta para a aviação internacional cumprir sua meta de neutralidade de carbono

Por que o etanol é a aposta para a aviação internacional cumprir sua meta de neutralidade de carbono

Companhias focam no SAF para zerar as emissões e o biocombustível tem condições de atender a demanda 

Crédito da imagem: Freepik  /  Delcy Mac Cruz

O etanol é considerado a garantia para que a aviação internacional cumpra sua meta de neutralidade de carbono até 2050.

É que esse cumprimento passa pelo uso de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês).

Motivo: na comparação ao combustível fóssil de aviação, o SAF é capaz de reduzir em até 80% o volume total de emissões de gases de efeito estufa (GEEs), caso do dióxido de carbono.

Ocorre que, hoje, a rota mais conhecida para produzir SAF é a que fabrica o HVO - óleo vegetal hidrotratado.

Também conhecida como HEFA, por utilizar óleos, principalmente de soja, ou gordura animal não comestível, essa rota será incapaz de fazer a aviação internacional cumprir seu compromisso de zerar as emissões de carbono.

Isso porque, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), são produzidos globalmente só 100 milhões de litros de SAF ao ano.

Mas para que o setor atinja as metas até 2050, serão necessários 450 bilhões de litros.

Conforme projeção, a entidade estima que a estratégia de zerar as emissões até 2050 só será cumprida caso o combustível fóssil seja substituído em 65% pelo SAF.

Os demais 35% integram hidrogênio verde e demais tecnologias ainda em desenvolvimento, relata a Iata, que  representa 320 companhias aéreas responsáveis por 83% do tráfego aéreo global.

 

Estratégico

 

É aí que entra o etanol.

Produzido em escala no Brasil e Estados Unidos, que juntos ofertam quase 100 bilhões de litros por ano, o biocombustível também pode ser amplamente processado globalmente.

Isso porque, conforme publicação da Fapesp, 100 nações cultivam e exploram a cana-de-açúcar, principal matéria-prima no Brasil para fazer etanol.

Desta maneira, é possível turbinar a produção sem que a fonte de SAF fique restrita a poucos países.

 

Não faltará? - Mesmo assim, fica a pergunta: não faltaria etanol para suprir as frotas de veículos carburantes caso parte da produção seja direcionada para fazer SAF?

Resposta: Existe tendência de que os motores elétricos e eletrificados ampliem presença em substituição aos motores que hoje usam etanol 100% ou como aditivo à gasolina.

Sendo assim, o biocombustível excedente pode ser transferido como fonte de SAF.

 

Tecnologia de ponta - Mas além da produção em si, o etanol também é protagonista de tecnologias que ampliam sua participação em fontes para o combustível renovável de aviação, sem que sejam necessários bilhões de litros a mais.

 

Compatível - É o caso da tecnologia empreendida pela americana Honeywell, que, conforme relata a empresa, “converte etanol (de cana, milho, sorgo ou outras culturas) em combustível de jato renovável adicional que é denso em energia, estável e compatível com a infraestrutura de abastecimento existente em aeroportos.”

 

Fábrica em construção - Outra tecnologia é a AtJ (etanol para jatos, em tradução literal), que também emprega o etanol para fazer SAF.

No caso da AtJ, ela inclusive será matéria-prima de fábrica de SAF que a americana Avina empreende com previsão de começar a funcionar em 2027 na região centro-oeste dos EUA.

Conforme a companhia, a produção anual está prevista em 444 bilhões de litros de SAF por ano (leia mais aqui).

 

Demanda - Enfim, o etanol é a garantia para a produção necessária de SAF para a aviação internacional cumprir sua meta.

No mais, tem o etanol de segunda geração (E2G), produzido sem ampliar canaviais, e do qual companhias como a Raízen já são produtoras e até exportam para fabricação de SAF (saiba mais aqui).