Porque o etanol e as montadoras torcem para que os motores a combustão sigam em produção
Porque o etanol e as montadoras torcem para que os motores a combustão sigam em produção
Crédito da imagem: Unica
Delcy Mac Cruz
Em que pese o avanço dos motores elétricos e eletrificados (híbridos movidos a eletricidade e a outro combustível), o Brasil pode manter em ritmo acelerado a produção de veículos com motores a combustão.
Caso essa manutenção ocorra, tudo indica que será boa notícia para o parque industrial já instalado e também para o setor sucroenergético.
Como assim?
Ganho do etanol - No caso do setor sucroenergético, a manutenção dos motores a combustão consolida o etanol hidratado que hoje abastece pelo menos 30% dos 47 milhões de veículos flex que, segundo o Sindipeças, circulam no país. Os demais 70% são abastecidos em média por gasolina.
Exportação - O biocombustível, que emite bem menos dióxido de carbono (CO2) ante a gasolina, também tende a ganhar com a manutenção do motor a combustão, até porque a indústria quer seguir oferecendo os flex.
Preços atrativos - Em resumo, a manutenção dos motores a combustão tem atrativos como menor emissão de CO2, caso sejam movidos a etanol, e têm valores menores que os elétricos e eletrificados, o que os mantêm atraentes para o bolso do consumidor.
Mas se é assim tão bom, o que falta para os flex seguirem firmes e fortes?
Mover - Em síntese, falta apoio público. Melhor: esse apoio existe e atende pelo nome de Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover).
Incentivos - Entre outras, o Mover promove incentivos ao permitir a importação de linhas de montagem com impostos reduzidos.
Em desativação - Ao jornal Valor Econômico, Claudio Sahad, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes (Sindipeças), relata que o benefício oferece a oportunidade de o Brasil trazer da Europa e Estados Unidos linhas que começam a ser desativadas para dar lugar às que produzem carros elétricos (leia mais aqui).
10% do total - Conforme o executivo do Sindipeças, o mundo produz por ano 80 milhões de veículos, dos quais 30 milhões são modelos a combustão, ainda fabricados nos EUA e Europa. “Se o Brasil pegar 10% disso estamos bem”, destaca Sahad ao Valor.
Novamente: se o cenário é positivo, o que falta?
Depende do Congresso - Em resumo, falta o Mover entrar de vez em vigor. É que o programa, sancionado em 30 de dezembro de 2023, entrou em prática como Medida Provisória (MP).
Mas ela precisa se tornar lei para vigorar de vez. E é aí que entra o Congresso Nacional.
Enfim, no dia 07 de maio, a Câmara dos Deputados aprovou o regime de urgência para o Projeto de Lei 914,24, do Executivo, que cria o Mover.
Conforme a Agência Câmara de Notícias, os projetos com urgência podem ser votados diretamente no Plenário, sem passar antes pelas comissões da Câmara.