Tecnologia e câmeras: como as usinas de cana se protegem contra incêndios  

Tecnologia e câmeras: como as usinas de cana se protegem contra incêndios

 

Diante previsão de oferta enxuta de cana na safra, companhias investem para ‘blindar’ os canaviais 

Imagem: Usina Caeté/Divulgação / Delcy Mac Cruz

As usinas de cana-de-açúcar da região Centro-Sul, responsáveis por 80% da produção nacional, entram apreensivas na safra 2025/26.

Motivo da preocupação: das estimativas de oferta de cana disponibilizadas até na primeira semana de abril, todas projetam oferta de cana de no máximo 600 milhões de toneladas. 

Dotada de canaviais com pelo menos 660 milhões de toneladas, a região Centro-Sul já sabe que, salvo erro de projeções, a oferta da matéria-prima do etanol, do açúcar e da bioeletricidade será enxuta. 

Diante da situação, nenhum pé de cana poderá ser desperdiçado.

 

O risco de novos incêndios

Não bastasse as projeções baixistas, tem, também, outra pedra no caminho: os riscos de incêndios. 

Eles arderam canaviais, entre agosto e setembro de 2024, causando prejuízo geral nos canaviais, em vegetação e florestas, bem como gerou riscos também para a vida humana.

Em balanço divulgado no fim de setembro, a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) estimou que os focos de incêndio tinham atingido 263 mil hectares de cana apenas no estado de São Paulo, além de 61 mil hectares em Minas Gerais. 

“Isso representa um volume de aproximadamente 3 milhões de toneladas de cana em pé e de rebrota de cana em Minas”, destacou, em nota, José Guilherme Nogueira, CEO da entidade. 

 

Como o setor se prepara contra incêndios?

Há iniciativas institucionais diante da situação. Uma delas é a realização de encontros técnicos promovidos pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente do governo paulista. 

No caso, o objetivo é orientar e alinhar ações de prevenção, mitigação e combate a focos de incêndio em áreas agrícolas e florestais, com ênfase na Operação SP Sem Fogo

E há as iniciativas das próprias companhias do setor sucroenergético. Elas investem em câmeras e satélites, como os exemplos apresentados a seguir. 

 

Tereos emprega satélites

A Tereos, que controla sete usinas no interior paulista, usa em 100% de suas áreas de cana, e também na de parceiros, um sistema com 13 satélites. 

Eles enviam alertas automaticamente e, segundo disse ao Globo Rural Felipe Mendes, diretor de Sustentabilidade da Companhia, “os alertas visuais e sonoros trazem informações sobre a área atingida pelo fogo, ajudando a direcionar as equipes de combate.”

O sistema empregado pela Tereos permite ainda visualizações climáticas, como velocidade e direção do vento e antecipação de períodos de estiagem e chuvas e históricos de focos. 

 

Usina Caeté: câmeras

Por sua vez, a Unidade Pauliceia da Usina Caeté, localizada em Pauliceia (SP), conta com oito câmeras de monitoramento contra incêndios. 

Os equipamentos estão instalados na área industrial e em locais estratégicos do campo. 

O raio de abrangência é de até 10 quilômetros e a central de monitoramento fica sob coordenação do setor de Tráfego da usina. 

Em nota, a Companhia destaca que outro ganho é a integração  do sistema com a Polícia Militar, o que garante apoio necessário nas investigações no caso de incêndios criminosos, crime previsto por lei federal.