Biocombustível do cereal deve ter produção de 10 bilhões de litros neste ano em que a moagem de cana tende a ser menor

Imagem: Inpasa / Delcy Mac Cruz

O etanol feito de milho reforça a oferta de biocombustível no país ao lado do produzido a partir da cana-de-açúcar. 

Essa integração ganha destaque neste 2025, em que as previsões apontam para moagem pouco abaixo de 600 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na região Centro-Sul, que concentra 80% da produção nacional. 

As 600 milhões de toneladas representam montante expressivo, mas, se confirmadas, ficarão 21,8 milhões de toneladas abaixo da moagem da safra 2024/25, encerrada oficialmente no Centro-Sul no fim de março. 

Ou seja, se a safra 25/26 tiver menos cana, também poderá gerar menos açúcar ou menos etanol, já que é possível alternar a ‘chave’ de produção para um ou outro produto. 

Mas em que pese a previsão de baixa, a oferta de etanol estará garantida por conta do biocombustível feito de milho. 

Oferta deve chegar a 10 bilhões de litros

Essa garantia se dá porque as usinas produtoras a partir do cereal poderão ofertar 10 bilhões de litros neste ano, estima a  União Nacional do Etanol de Milho (Unem), entidade representativa do setor. 

Se confirmado, esse volume será 2 bilhões de litros acima do ofertado em 2024. 

Para se ter ideia, os 2 bilhões equivalem a 9,4% dos 21,4 bilhões de litros de etanol de cana que, segundo a Unica, foram produzidos pelas usinas do Centro-Sul na safra 24/25. 

Sendo assim - e em uma projeção do blog da Fenasucro - caso as usinas de cana produzam 9% menos etanol, e caso a demanda seja mantida e não haja estoque, o biocombustível extra de milho suprirá a demanda em 100%.  

E há milho para fazer tanto etanol?

A resposta é sim, se depender da previsão mais recente do Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (IMEA). 

A projeção destaca que o Mato Grosso, principal estado produtor do cereal, terá área cultivada de milho para 7,02 milhões de hectares, 3,20% superior à do ciclo passado (safra 23/24). 

No mais, relata o Instituto, a produtividade deve ser manter em 111,72 sacas de milho por hectare, média das últimas três safras. 

Por fim, com o aumento na área e a manutenção da produtividade, a produção estimada do ciclo 24/25 ficou em 47,05 milhões de toneladas, incremento de 0,23% em relação à última divulgação, mas 0,27% inferior à temporada 23/24. 

2025 deverá ter mais milho

Em linha com a projeção do IMEA para o Mato Grosso, a oferta de milho na safra vigente (2024/25) também deverá crescer. 

É o que projeta a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Ministério da Agricultura. 

Segundo projeção da Companhia divulgada no começo de abril, a produção do cereal deverá crescer 7,8% no país, indo a 124,7 milhões de toneladas. 

As projeções da Conab:

Quanto de milho é preciso para fazer etanol?

Em média, cada tonelada produz entre 370 e 460 litros de etanol, segundo informativo da Universidade Federal de Viçosa (MG). 

A estimativa é superada por plantas produtoras dotadas de tecnologia avançada. 

Mas levando-se em conta 460 litros por tonelada de milho, para se chegar aos 8 bilhões de litros produzidos em 2024, foram empregadas 2 milhões de toneladas do cereal.