Bioarmazenamento: conheça a nova frente para o setor sucroenergético avançar em geração de eletricidade

Trata-se do armazenamento de energia em baterias, que pode entrar em leilões públicos

Crédito da imagem: Couleur - Pixabay

O setor sucroenergético tem credenciais para participar do próximo Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP), que o governo programa para agosto próximo.

Uma dessas credenciais é a bioeletricidade, energia elétrica a partir da biomassa da cana-de-açúcar produzida em termelétricas, geralmente anexas às usinas de cana.

A outra credencial do setor sucroenergético é a possibilidade de as usinas gerarem energia para bioarmazenamentos. 

 

Bioarmazenamento?

Trata-se do armazenamento de bioeletricidade em baterias e essa estrutura também poderá estar no leilão de agosto.

Para saber mais sobre essa nova frente de incentivo à produção de bioeletricidade, entrevistamos Zilmar José de Souza, gerente de bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA).

 

O armazenamento de energia, que ainda é novo no Brasil, pode participar de leilões de contratações?

 

Zimar José de Souza - A valia-se a possibilidade de se estimular a participação de sistemas de armazenamento de energia, em grande escala, na forma de potência, no próximo Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP).

Esse leilão está previsto para agosto deste ano, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME).

 

Como essa participação poderá ocorrer? 

Zimar José de Souza - Será necessário prover uma regulamentação das tecnologias de armazenamento capazes de imprimir segurança aos investidores nesse tipo de solução energética, ainda não consolidada no setor elétrico brasileiro.

 

As usinas de cana estão aptas para participarem dos bioarmazenamentos?

Zimar José de Souza - A UNICA reforça a importância de se considerar a biomassa sólida e o biogás/biometano, com seus atributos e arranjos de governança nessa discussão sobre armazenamento.

 

O que é preciso ser feito para estimular o setor? 

Zimar José de Souza - Encorajar sistemas de armazenamento em grande escala envolvendo a biomassa será um grande avanço para o sucesso desses leilões de reserva, pois proverá maior competição ao certame, ao mesmo tempo em que envolverá a participação de fontes que evitam a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs)

 

Como a biomassa e o biogás podem entrar nessa estrutura? 

Zimar José de Souza - A biomassa sólida e o biogás podem ser armazenados para prover potência e energia, na safra ou até na entressafra, desde que tenha havido o planejamento e condições regulatórias/econômicas desenhadas para isto, fornecendo soluções de baixo e/ou zero carbono ou de carbono negativa para a matriz elétrica brasileira.

 

É preciso desenvolver sistemas? 

Zimar José de Souza - O setor sucroenergético pode ser estimulado a desenvolver sistemas de armazenamento de energia elétrica, podendo ser chamados de bioarmazenamentos, com baterias ou não, associados a outras fontes como gás natural, hidrogênio ou independentes.

Há vários arranjos de governança e modelos de negócios que podem ser desenvolvidos envolvendo sistemas de bioarmazenamento de bioenergia.

 

É a nova frente que se abre para a bioeletricidade? 

Zimar José de Souza - Além dos modelos citados anteriormente, existe a perspectiva de novas térmicas renováveis que podem ser animadas a saírem do papel por conta dos LRCAPs.

Só para esclarecer, há 51% dos contratos de bioeletricidade sucroenergética firmados nos leilões regulados de energia que vencerão entre 2024 e 2027.

Por outro lado, desde 2022, não há leilões regulados de energia nova no país.

 

Recontratar essas usinas pode entrar no radar? 

Zimar José de Souza - Estimular a recontratação dessas usinas nos LRCAPs seria interessante, na forma de potência ou energia de reserva, em sistemas de armazenamento ou criando-se um produto de contratação de térmicas renováveis.

 

Agora é trabalhar na regulamentação?

Zimar José de Souza - Trabalhar na regulamentação adequada nos LRCAPs contribuirá para fomentar não somente a permanência, mas o avanço da bioeletricidade na matriz 

 

RETRANCA

Tire suas dúvidas sobre o leilão de agosto 

 

O que é  Leilão de Reserva de Capacidade?

Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP 2024) surge da necessidade de contratação de capacidade de potência para atender aos critérios gerais de garantias de suprimento estabelecidos pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A iniciativa visa trazer segurança no suprimento energético. 

 

Que tipo de fonte energética pode participar do leilão?

Permite a contratação de usinas termelétricas e a partir da ampliação de usinas hidrelétricas. 

 

Como os vencedores devem entregar os produtos?

São considerados três: um produto com entrega para 1º de julho de 2027, com 7 anos de contrato; e dois produtos com entrega para 1º de janeiro de 2028, com 15 anos de contrato. 

 

Em qual etapa está o leilão?

Está na fase da Consulta Pública, de número 160 (acesse aqui), que disponibiliza para debate a minuta preliminar da portaria de diretrizes para a realização do LRCAP 2024.

O prazo de contribuição para a Consulta segue aberto até o próximo dia 28 deste mês de março.