Biocombustíveis fazem o Brasil ser destaque mundial em redução de emissões
Os combustíveis renováveis são estratégicos para o Brasil e já nos coloca como exemplo mundial de redução de emissões de gases poluentes no setor de combustíveis.
Existem várias explicações para isso. Entre elas está o fato de o etanol de cana-de-açúcar gerar 89% menos gases causadores do efeito estufa em relação a gasolina.
A informação é do químico industrial especialista em petróleo, gás e energia Marcelo Gauto. Segundo ele, enquanto um litro de gasolina gera 2,2 quilos de gás carbônico (CO2) lançados na atmosfera, o biocombustível emite 0,24 gramas.
Como o Brasil produziu 31 bilhões de litros de etanol anuais em média entre 2015 e 2019, significa, conforme Gauto, que o uso do biocombustível faz o Brasil deixar de emitir 42,5 bilhões de quilos de CO2 na atmosfera. Esse montante equivale, também, ao plantio de 260,5 milhões de árvores, relata o especialista.
Ótimo, não?
Mas além da redução de emissões, os ganhos ambientais dos biocombustíveis oferecem outros ganhos. Eles também são estratégicos para o Brasil entrar de vez na bioeconomia, termo que explica os produtos resultantes de inovações aplicadas aos recursos biológicos. Clique aqui para saber mais a respeito disso.
RenovaBio e redução de emissões
Para reforçar ainda mais o papel dos biocombustíveis, desde janeiro último eles integram o programa de estado RenovaBio.
Mas o que é esse programa?
Ele ajuda o Brasil a cumprir suas comprometidas metas de descarbonização no Acordo de Paris, assinado no fim de 2015 e pelo qual o país se compromete a reduzir as emissões nos transportes de gases causadores do efeito estufa.
Clique aqui para saber mais sobre o Acordo.
Por sua vez, o RenovaBio criou os créditos de descarbonização, os CBIOs, que equivalem cada um a uma tonelada de CO2.
Esses créditos são emitidos por produtores de etanol, biodiesel, biogás e demais biocombustíveis desde que certificados no programa.
De seu lado, trata-se de um processo longo no qual é preciso atestar o ciclo de vida produtivo desde o plantio da matéria-prima até a fabricação. Esses dados têm por trás uma ‘firma inspetora’ e eles são avalizados pela ANP. Mas há custos: um processo não sai por menos de R$ 70 mil.
No entanto, os produtores fazem sua lição de casa. Até o fim de agosto, o número de produtores certificados na ANP chegou a 220.
Desse total, 200 são empresas de etanol, 21 de biodiesel (misturado ao diesel) e uma dedicada a biometano (substituto renovável do diesel).
No caso do etanol, esse número indica que cerca de 80% da capacidade de produção do renovável está apta a gerar créditos de descarbonização de acordo com a legislação vigente, destaca a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).
Gerar créditos? Como assim?
Em resumo, um produtor certificado no RenovaBio pode gerar os créditos de descarbonização conforme o ciclo de vida produtivo do biocombustível.
Funciona assim: quanto menos diesel e outros combustíveis fósseis (e poluentes) esse produtor gastar na produção de seu biocombustível, menos litros fabricados ele precisará para emitir um crédito. Na média, uma usina de etanol lança um CBIO a cada 900 litros.
De um lado, o mercado de CBIO já nasce com compradores garantidos. Esses são os distribuidores de combustíveis: o que eles emitiram de CO2 com a venda de gasolina e diesel no ano, precisam ‘pagar’ com a compra dos créditos, que capturam o CO2.
Mas, de outro lado, qualquer pessoa física também pode comprar o crédito na B3, a bolsa de São Paulo.
Leia também: Biogás de cana chega de vez ao mercado
Créditos de reduções de emissões: R$ 10 milhões
Conforme Miguel Ivan Lacerda, diretor de biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), o mercado de CBIOs avança.
“Estamos perto dos R$ 10 milhões comercializados”, relatou ele no último dia 03 de setembro.
E vai além: “mas isso é só uma gota na onda do oceano que será o mercado de captura de carbono por biocombustíveis.”
“O CBIO é um ativo ambiental criado pelo RenovaBio”, destaca Lacerda, ‘pai’ do programa, cujo objetivo é criar instrumentos financeiros para atrair investimentos com foco na expansão da produção de biocombustíveis.
E o que vem agora?
Segundo Lacerda, o trabalho agora é de esclarecimento.
Para exemplificar, ele cita o manual “Guia de Operacionalização do CBIO”, recém-lançado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a Anbima.
Quer saber mais a respeito? Clique aqui.
Assim como a Anbima faz com o manual, o portal Energia Que Fala Com Você divulga conteúdos sobre a importância dos biocombustíveis e das energias renováveis para o Brasil.
Agora é empregar de vez essas oportunidades para deixar o país no protagonismo mundial em redução sustentável de emissões de poluentes.
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