Biodiesel: como o setor produtivo se prepara para a crescente demanda 

Biocombustível ajuda o Brasil a importar menos diesel e a reduzir as emissões de gases de efeito estufa 

Crédito da imagem: Udop

A crescente demanda pelo biodiesel aquece e desafia o mercado produtor no Brasil.

Empregado como aditivo ao óleo diesel, o biocombustível ajuda o país a reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEEs), já que o derivado de petróleo é um forte emissor dos formadores dos poluentes.

Em termos comparativos, o biodiesel emite 70% menos GEEs que o diesel (leia mais aqui).

Além disso, ao injetar biodiesel no diesel o país reduz as importações do óleo.

Para se ter ideia, entre janeiro e outubro de 2023 foram importados 11,7 bilhões de litros do derivado de petróleo para suprir a demanda nacional (leia aqui).

Em tempo: a importação se faz necessária porque o país produz diesel suficiente, mas não tem condições de refinar 100% da demanda.

Enfim, o biodiesel ajuda a balança comercial brasileira, uma vez que reduz os investimentos em importações. 

 

Por que a demanda de biodiesel cresce? 

Cresce porque a mistura do biocombustível ao diesel está hoje em 14%, contra 12% até 2023.

Por conta disso, o consumo mensal de biodiesel está na ordem de 700 mil litros.

Diante disso, o mercado nacional deverá absorver 8,4 bilhões de litros nos 12 meses de 2024 com os 14%. 

Em todo 2023, a ANP destaca que o país consumiu 65,5 bilhões de litros de diesel, ou 7,8 bilhões de litros de biodiesel, levando-se em conta a mistura de 12%.

 

Os produtores suprem a demanda? 

Sim, a capacidade produtiva tem dado conta da demanda atual.

Segundo levantamento da ANP, as 60 usinas produtoras são capazes de entregar 700 mil litros por dia.

Um ano antes, as usinas tinham capacidade de fazer 450 mil litros diários.

Conforme a ANP, 47,5% da produção atual está concentrada em estados do Centro-Oeste, onde está concentrada a produção nacional de soja, principal matéria-prima do biocombustível.

 

Raio-x da produção de biodiesel em fevereiro de 2024 (dados da ANP)

A demanda deverá crescer mais? 

Sim, a demanda nacional de biodiesel deverá crescer mais. Isso porque depois de ser aprovado pela Câmara Federal, corre agora no Senado o projeto de lei Combustível do Futuro.

A propositura estimula a produção e o uso de biocombustíveis e, no caso do biodiesel, prevê que sua adição ao diesel possa chegar a 20% em março de 2030.

Ampliar a mistura é atribuição do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão de assessoramento da Presidência da República.

E ele pode reduzir ou aumentar o percentual de mistura a partir de constatação de viabilidade técnica. 

 

Como o setor se prepara para este salto na demanda? 

Prepara-se com mais instalações de plantas produtoras.

Mesmo sem a entrada em vigor da lei do Combustível do Futuro, o setor produtivo já corria atrás de autorizações junto a ANP.

Assim, a Agência relata 8 autorizações de novas plantas produtoras de biodiesel e 10 outras estão em fase de ampliação (confira aqui a lista de autorizações).

Somadas, essas 18 plantas, quando prontas, deverão ofertar 8 milhões de litros por dia.

 

Setor amplia também a economia regional

Por fim, não bastasse o peso do biodiesel como redutor de emissões de gases de efeito estufa e de importações de diesel, ele também favorece a economia de municípios com plantas produtoras.

“Cada R$ 1 adicional na produção de biodiesel inclui outros R$ 4,40 na economia”, afirma o deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio).