Com mais da metade da frota movida a etanol, aeronaves agrícolas reduzem a emissão de poluentes
Com mais da metade da frota movida a etanol, aeronaves agrícolas reduzem a emissão de poluentes
Modelos fabricados no Brasil representam 51,65% do total, com destaque para o Ipanema
Imagem: Embraer / Delcy Mac Cruz
O Brasil entrou 2025 com 2.722 aeronaves agrícolas em operação, das quais 2.088 aviões (77% da frota) e 634 helicópteros (23%).
Os dados integram levantamento do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), para quem a frota registra crescimento de 7,21% em relação ao ano anterior.
Em linha com esse avanço, também cresceu a presença de aeronaves importadas.
No caso, a frota importada avançou 10,31%, o que indica forte tendência de modernização.
Ao mesmo tempo, a frota nacional também registrou aumento de 4,46%, após períodos de crescimento modesto e até retração em anos anteriores.
Mais da metade da frota é nacional
Tem aí um detalhe: as aeronaves agrícolas de fabricação nacional representam 51,65% do total.
E esse percentual diz respeito ao modelo Ipanema, da Embraer.
Projeto dos anos 1970, que está em sua sétima geração.
Detalhe: desde 2004 ele sai de fábrica movido a etanol.
Segundo a fabricante, “etanol fornece 7% a mais de potência ao motor, tornando seu uso muito mais vantajoso ao operador”.
Vale destacar que modelos do Ipanema como EMB-202A e EMB-203 devem ser operados apenas com o biocombustível - já a gasolina de aviação é usada apenas nas partidas com o tempo/motor frio.
Marcas participantes da frota de aeronaves agrícolas:
Renovável oferece ganhos ambientais
O etanol oferece também ganhos ambientais.
Como se sabe o etanol reduz as emissões de dióxido de carbono (CO2), geradora de gases de efeito estufa e do aquecimento global.
Na comparação com a gasolina, um veículo movido a biocombustível diminui em 80% as emissões de CO2.
Ante a gasolina de aviação, a AVGAs, o etanol também supera em termos de menores emissões, mas o montante depende das especificidades das aeronaves.
Entretanto, em artigo na Revista Brasileira de Aviação Civil,
Valdir Adileu de Souza e Jairo Afonso Henkes atestam: “além de não compensar a emissão de CO2, a AVGAS possui em sua formulação o chumbo tetraetila, que, além de ser tóxico, é cancerígeno.”
Políticas públicas e incentivos
Em seu levantamento, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) faz algumas observações diante o crescimento da frota e a modernização tecnológica:
Há a necessidade de políticas públicas e incentivos específicos para o setor.
Investimentos em capacitação,
infraestrutura e
regulamentação adequada são fundamentais para garantir que a aviação agrícola continue crescendo de forma sustentável e segura.
Além disso, a adaptação às novas tecnologias, como o uso de drones, deve ser acompanhada de regulamentações claras que permitam sua integração harmoniosa ao setor.
Em suma, a análise da frota aeroagrícola em 2024 aponta para um cenário de expansão e modernização, apesar dos desafios enfrentados nos últimos anos.
“A aviação agrícola brasileira segue como uma das mais importantes do mundo, desempenhando um papel crucial para a eficiência do agronegócio e o desenvolvimento sustentável da produção agrícola nacional”, finaliza o Sindicato no levantamento.