Como funcionará parceria firmada entre Volkswagen, Shell e Raízen para a descarbonização do setor
Iniciativas devem ser empreendidas a partir deste primeiro trimestre de 2022
Volkswagen, Shell e Raízen são players em três elos do universo automotivo: fabricação e montagem, distribuição de combustíveis e produção de biocombustíveis, respectivamente.
Pois no fim de 2021 o trio de players firmou um protocolo de intenções com uma série de iniciativas que visam principalmente o uso de etanol e seus resíduos para reduzir as emissões de CO2.
Em outras palavras, a parceria reforça o impacto do uso de energia renovável para descarbonização do setor automotivo.
No caso, as companhias parceiras pretendem descarbonizar em todo o ciclo, que vai da fabricação do veículo e do biocombustível, bem como do seu abastecimento.
Vale destacar que a medida vem em boa hora porque a frota circulante (veículos que se espera estarem circulando) do Brasil somava 61 milhões de automóveis, caminhões e caminhonetes em 2020, segundo divulgação do IBGE.
Desse montante, a Anfavea destaca que perto de 41 milhões são veículos flex, ou seja, rodam a gasolina ou a etanol.
Em que pese a contribuição dos flex com a redução de emissões, já que mesmo a gasolina roda com 27% de etanol misturado, a iniciativa do trio de players é bem-vinda. E por um simples motivo: outros 20 milhões da frota circulante rodam apenas com gasolina ou diesel, velhos conhecidos em emissão de CO2.
Recarga e energia renovável
Ok, ok. E a parceria, como será colocada em prática?
O Energia Que Fala Com Você entrou em contato com as assessorias de imprensa dos três players.
Assim como a da Raízen, a da Volkswagen relata que os empreendimentos de cada parceiro entram em vigor neste 2022. A assessoria da Shell pediu que a reportagem entrasse em contato com a Raízen, que é joint-venture da Shell e da Cosan. E quais são as iniciativas listadas no protocolo de intenções?
Trata-se de uma lista. Segue:
- Desenvolvimento de potenciais novas fórmulas de etanol pela Raízen, Shell e P&D, com apoio da Volks, em pesquisa e aplicação nos carros, visando melhorar ainda mais a eficiência do biocombustível.
- A colaboração também contempla trabalhar na expansão do uso de etanol em mercados internacionais.
- O incentivo ao uso do etanol como combustível com baixa emissões de gases de efeito estufa considera a metodologia do poço à roda – na qual é o considerado o CO2 não renovável emitido pelo escapamento do veículo somado à emissão de CO2 no processo de produção e transporte do combustível.
- O acordo considera a intenção de fornecimento de gás natural renovável (biometano) dos parques de bioenergia da Raízen para substituir o uso do gás natural nas fábricas da Volkswagen no Brasil. No caso, o gás natural renovável, feito com resíduos da produção de açúcar e de etanol, reduz em mais de 80% as emissões de CO2 na comparação com o gás convencional.
- A parceria prevê também o fornecimento de eletricidade para a rede de concessionárias Volkswagen por meio de geração distribuída de energia renovável das usinas da Raízen.
- Licenciada da marca Shell, a Raízen ainda pretende implementar rede de eletropostos de recarga rápidos – os Shell Recharge – inicialmente no Estado de São Paulo.
- Mais: a Raízen dará suporte ao programa de testes dos carros elétricos ID.3 e ID.4 nas fábricas da Volkswagen no Brasil e no ID Test Drive, primeiro evento com os carros elétricos da montadora previsto para este 2022.
O que dizem os executivos das empresas
“É um prazer poder contar com uma das maiores companhias automotivas do mundo como uma aliada no nosso propósito de redefinir o futuro da energia. Este movimento reforça o nosso papel como uma empresa que apresenta soluções sustentáveis tanto para o presente quanto para o futuro, tendo em vista o desafio de descarbonização global.”, afirma Ricardo Mussa, CEO da Raízen.
“Para a Volkswagen é uma honra estabelecer essa parceria com duas das maiores empresas de energia do Brasil. É um privilégio ter o etanol no Brasil, ele melhora o meio ambiente devido a sua baixa emissão de CO2, gera muitos empregos e contribui para o crescimento da economia do País. Além disso, essa parceria nos ajudará muito no desenvolvimento de tecnologias complementares a partir do etanol e outros biocombustíveis em nosso Centro de P&D no Brasil”, afirma Pablo Di Si, chairman executivo da Volkswagen na Região América Latina.
“A parceria com a Volkswagen, junto com Raízen, é fundamental para promover a expansão do uso de bioenergia no setor automotivo. A Shell faz investimentos em várias alternativas relacionadas com a transição energética a uma economia de baixo carbono – como o EV e o hidrogênio. Visto que todas as opções são importantes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e que os biocombustíveis são uma solução já disponível, é um prazer fazer parte desta iniciativa no Brasil”, afirma Lauran Wetemans, Vice-presidente de negócios de Downstream da Shell para a América Latina.
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