Como o setor de bioenergia tem condições de atender a demanda mesmo com a safra de cana em baixa
Como o setor de bioenergia tem condições de atender a demanda mesmo com a safra de cana em baixa
Usinas da região Centro-Sul enfrentam queda de moagem, mas oferta de etanol e de açúcar tende a ser garantida
Imagem: Raízen / Delcy Mac Cruz
A safra de cana-de-açúcar 2025/26 na região Centro-Sul, responsável por 80% da produção nacional de açúcar e etanol, segue em baixa.
Para se ter ideia, a moagem de cana entre 1º de abril e 1º de julho, estava 14,06% inferior ante igual período da safra anterior, a 2024/25.
A queda, segundo levantamento da entidade do setor UNICA, representa 239,95 milhões de toneladas de cana.
O que pode acontecer?
Primeiro vale lembrar que esse montante não processado poderá ser moído nos próximos meses, até porque oficialmente a safra segue até dezembro próximo.
Em segundo lugar, essa cana extra simplesmente pode não existir. E por um só motivo: a safra vigente tem menor oferta de matéria-prima.
Avaliações indicam queda
As 257 usinas de cana que, segundo a UNICA, estavam operando em 1º de julho nos estados do Centro-Sul, poderão registrar moagem total menor.
Na contramão, na safra 24/25, o Centro-Sul moeu 622 milhões de toneladas e, conforme a entidade, foi a segunda maior da história na região (leia mais aqui).
Com esse resultado, as usinas de cana produziram 35 bilhões de litros de etanol (anidro - para mistura na gasolina - e hidratado - para motores flex) e 40,17 milhões de toneladas de açúcar.
Entretanto, estimativas de especialistas e consultorias apontam que dificilmente a safra 25/26 irá superar a moagem de 600 milhões de toneladas de cana.
Diante dessas projeções, a oferta de etanol e de açúcar também deverão ser menores ante o ciclo anterior.
As indicações apontam para menos 40 milhões de toneladas de açúcar e para uma produção de etanol pouco acima de 30 bilhões de litros.
Como fica a situação?
Em primeiro lugar, a partir de agosto - mês da Fenasucro & Agrocana - haverá mais quatro meses até o fim oficial da safra no Centro-Sul.
Sendo assim, a cana, que até então registrava queda de produtividade agrícola, poderá melhorar a qualidade e, assim, proporcionar melhor desempenho produtivo na indústria.
Mas levando em conta que haja mesmo pelo menos 20 milhões de toneladas de cana processadas ante a safra anterior, o setor de bioenergia tem plenas condições de atender a demanda de etanol e de açúcar.
Como?
No caso do etanol, a resposta para o atendimento da demanda está no biocombustível feito de milho.
Na safra anterior, segundo a UNICA, foram produzidos 8,19 bilhões de litros feitos a partir do cereal.
Já para este 2025, a produção de etanol de milho deverá superar a casa de 10 bilhões de litros, destaca a Unem, entidade do setor, em nota para a imprensa.
E no caso do açúcar, como fica?
A demanda global de açúcar depende, em muito, dos estoques. Em estimativa de maio, a consultoria Datagro previu superávit de 1,5 milhão de toneladas extra na armazenagem global do adoçante.
Esse volume pode cair ou aumentar, até porque a safra na Índia - segundo maior país produtor de açúcar depois do Brasil - começa em 1º de outubro.
Ocorre que vem da índia outra notícia alentadora para a maior disponibilidade de açúcar.
É que a produção do adoçante pelas usinas indianas deverá alcançar 35 milhões de toneladas, 26% mais que a safra anterior, conforme previsto pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
Se confirmada, essa previsão atesta que o mercado global estará suprido de açúcar, bem como o mercado brasileiro de etanol estará atendido.