Híbridos a etanol lideram vendas entre elétricos e ganham novos fabricantes no país
Por Delcy Mac Cruz
Depois da Toyota e da Caoa Chery, pelo menos mais duas montadoras entram na produção dos modelos.
Crédito da imagem: Inpasa
Os veículos híbridos flex são bem conhecidos do brasileiro. Dotados de motores elétricos e a combustão, eles chegam principalmente por meio de importação.
E têm crescido participação no mercado nacional de elétricos, cuja oferta, em 2022, contou com 128 modelos disponíveis.
Vale destacar que no jargão do setor os elétricos são denominados veículos eletrificados.
Ou seja, podem ser 100% elétricos (os Battery Electric Vehicles - BEV), modelos com tração elétrica sem recarga externa (os Hybrid Electric Vehicles - HEV) e os híbridos elétricos com recarga externa (os Plug-In Hybrid Electric Vehicles - PHEV).
No caso, os híbridos (HEV e PHEV) lideram as vendas. Exemplo: em abril último, foram 2.925 emplacamentos desses modelos, 44% acima dos 2.028 de igual mês do ano passado, segundo relata a ABVE, entidade representativa do setor.
Mais: dos 2.925 híbridos vendidos em abril, 2.229 são HEV flex a etanol e 696 são HEV a gasolina, conforme a ABVE.
Fábricas entram de vez no país
Por aí se vê que os híbridos flex a etanol são destaque no mercado de eletrificados, cuja frota, segundo a ABVE, soma 168 mil veículos leves desde 2012.
Mas tem novidades nesse mercado.
É que até 2022 o país contava com dois fabricantes de eletrificados: a Toyota e a Caoa Chery.
Desde 2019 a Toyota produz aqui modelos com tecnologia que combina eficiência e baixo nível de emissão do motor elétrico com a capacidade de reabsorção de gás carbônico (CO2) através do etanol.
Sim, o biocombustível faz a diferença ambiental ante a gasolina.
Veja o caso do Corolla que, se rodar apenas com etanol, tem emissão de 29 gramas de CO2 por quilômetro, considerando o ciclo de vida, relata a Unica.
Em termos comparativos, emenda, o montante corresponde a 20% do valor médio de CO2 emitido por quilômetro rodado pelos veículos a gasolina.
Novo carro
Já a Caoa Chery produz, em sua fábrica em Anápolis (GO), híbridos flex como o Arrizo 6 e modelos Tiggo.
Não é só. Com 16 anos de vida, a fábrica goiana, conforme a empresa, se prepara para desenvolver um novo carro 100% brasileiro, cujos detalhes deverão ser divulgados proximamente.
Com investimentos iniciais de R$ 1,2 bilhão, a planta já produziu 400 mil veículos, relata a empresa, que possui 43 anos de história e fábrica também em Jacareí, no interior paulista.
A novidade, agora, é que mais montadoras entram na fabricação de híbridos flex.
É o caso da chinesa Great Wall Motor Company (GWM), que irá lançar no país uma pickup híbrida de combustível flexível movida a etanol.
A produção é anunciada para 2024 em unidade fabril em Iracemápolis, no interior paulista, onde funcionou a fábrica da Mercedes-Benz (leia mais aqui).
Além do emprego do biocombustível, está nos planos da empresa produzir também modelos movidos a célula de hidrogênio, que estão em estágio de pesquisa e desenvolvimento.
Para tanto, a GWM anunciou investimentos de R$ 10 bilhões na montadora em Iracemápolis, sendo R$ 4 bilhões até 2025 e os demais R$ 6 bilhões de 2026 a 2032.
Já a Stellantis, dona das marcas Fiat, Jeep, Citroën, Peugeot e Chrysler, caminha a passos bem largos para lançar no Brasil seu híbrido movido a etanol. As expectativas são de que a novidade chegue ao mercado a partir de 2026.
Em linha, a montadora relata que “trabalha a opção estratégica de desenvolver no Brasil soluções, tecnologias e componentes para veículos híbridos que combinem etanol e eletrificação.”
Para tanto, lançou em março deste ano a plataforma Bio-Electro, apoiada em três pilares: Academy (abrange informação, formação e recrutamento), Lab (incubação de ideias e desenvolvimento de ecossistema) e Tech (a materialização de soluções, da inovação e da localização da produção). Leia mais a respeito aqui.
Aqui e lá fora
Por aí se vê que a fabricação de veículos híbridos flex ganha tração no Brasil.
Detalhe: esses modelos ganham também o mercado externo.
Em junho de 2022, por exemplo, a Toyota apresentou para a Índia o modelo Corolla Altis Hybrid flex.
O país asiático já produz etanol, ampliou neste ano para 20% a adição do biocombustível à gasolina e, assim, também entra no radar das montadoras de híbridos flex. Leia mais a respeito aqui.