Investimentos em biocombustíveis no Brasil chegam a R$ 42 bilhões  

Investimentos em biocombustíveis no Brasil chegam a R$ 42 bilhões

 

Aportes atestam compromisso do país de acelerar o emprego de renováveis na transição energética

Foto: Raizen / Delcy Mac Cruz

Os investimentos em biocombustíveis projetados no Brasil têm valores milionários e chegam a R$ 42 bilhões. 

O montante, divulgado em agosto pelo jornal Valor Econômico, reúne aportes estimados por diferentes agentes. 

Vale destacar que a projeção atesta o compromisso do Brasil de empregar os biocombustíveis na transição energética.

Entram nesse compromisso a iniciativa privada e agentes do governo, seja por meio de financiamentos via bancos públicos, seja por políticas de incentivo para a produção de combustíveis renováveis (e limpos).  

 

O que explica os investimentos

Os aportes estão lastreados na demanda interna e externa por biocombustíveis. 

Outro motivo que explica a tração do setor é a projeção de demanda crescente por conta da entrada de novos ‘atores’, caso da maior mistura de biodiesel ao óleo diesel e de mais etanol anidro na gasolina. 

Essa maior mistura depende de projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional, mas que ele será aprovado - e sancionado pela Presidência da República - disso ninguém duvida. 

 

Biodiesel projeta US$ 10 bi

Por conta do avanço da mistura de biodiesel no diesel, e da necessidade de mais desse biocombustível no mercado global, representantes da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) já previam, na reta final de 2023, a necessidade de investimentos de US$ 10 bilhões nos próximos anos. 

A projeção foi feita por um grupo de empresas em reunião no Palácio do Planalto (leia aqui).

Metade dessa estimativa, no entanto, está ou deve ser colocada em prática o quanto antes. No setor, fala-se em R$ 23 bilhões (US$ 5 bilhões) em aportes. 

 

 

Etanol de milho: R$ 15 bi 

O ranking de aportes em biocombustíveis também inclui a indústria de etanol de milho.

Concentrada nos estados do Centro-Oeste, caso de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, essa indústria amplia presença em outros estados e deve produzir neste ano 7 bilhões de litros de etanol. 

Para tanto, o setor investiu R$ 15 bilhões nos últimos seis anos seja nas usinas full (100% milho) e flex (milho e cana), além de ativos agregados em armazenagem, tancagem, logística rodoferroviária e termelétricas para cogeração de energia. 

Tem mais: para 2030 o setor prevê chegar a 10 bilhões de litros e, sendo assim, a União Nacional do Etanol de Milho (Unem) destaca a necessidade de investimentos da ordem de R$ 15 bilhões.



Seguem dois exemplos de novos empreendimentos de unidades de etanol de milho já oficializados e que estão em linha com as estimativas: 

 

1 - Coamo: R$ 1,67 bilhão

A Coamo Agroindustrial, maior cooperativa agrícola do país, oficializou o investimento de R$ 1,67 bilhão para construir unidade industrial de etanol de milho em Campo Mourão (PR). 

A futura unidade processará 1,7 mil toneladas por dia do cereal e, por ano, chegará a 250 milhões de litros de etanol.

Detalhe: essa produção consumirá 20% de todo milho recebido pela cooperativa. 

 

2 -  R$ 1,1 bi no Tocantins

Por meio de união entre a multinacional Czarnikow, a Agrojem e a ACP foi criada a Tocantins Bioenergia. 

Trata-se da primeira usina de etanol de milho do Tocantins, prevista para entrar em operação em 2026 com investimento de R$ 1,1 bilhão. 

Por ano, a futura unidade deverá processar 500 mil toneladas de milho e ofertar 220 milhões de litros. 

 

Etanol de segunda geração

Por fim, os R$ 42 bilhões projetados de investimentos incluem R$ 3 bilhões que, segundo o setor, deverão ser aportados em etanol de segunda geração (E2G) e em biogás, que, convertido em biometano, pode ser empregado para substituir gás em veículos e em consumo doméstico e industrial.