Maioria das usinas amplia eficiência para buscar nova certificação no RenovaBio

Por Delcy MAC Cruz

Com isso, reduzem o uso de poluentes no ciclo produtivo e podem emitir mais créditos de descarbonização, os CBios. 

Cresce o número de usinas de cana-de-açúcar em busca de nova certificação junto ao programa de Estado Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio.

Pelo menos 20% das usinas cadastradas buscam atualmente  nova certificação, avalia Felipe Bottini, sócio-fundador da Green Domus, uma das empresas (inspetoras) que realizam o processo junto à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).  

Conforme o levantamento mais atualizado da Agência, 273 usinas de etanol estão certificadas no programa. Sendo assim, 54 delas estão oficialmente em novo processo de certificação. 

Dessas, segundo Bottini, 90% buscam a recertificação por conta de terem realizado melhorias nos processos. 

As demais 10% o fazem porque pioraram sua Nota de Eficiência Energético-Ambiental (NEEA), que dá direito à emissão e comercialização dos créditos de descarbonização, os CBios. 

Para o executivo, de agora para frente deverá ter uma ‘corrida’ por recertificação porque ela é necessária uma vez que o certificado tem prazo de validade de três anos. 

As primeiras certificações datam do primeiro semestre de 2019 e, assim, estas precisam fazer a recertificação já neste ano. 

 

Menos emissões de GEEs

 

O fato de a maioria das usinas buscar a nova certificação via melhorias no processo reflete investimentos dessas empresas em ganhos de eficiência durante o chamado ciclo de vida do etanol. 

Esse ciclo compreende desde os fertilizantes empregados nos canaviais, o uso de diesel em implementos até a produção final do biocombustível. 

Quanto menor o uso de poluentes geradores de efeito estufa (GEEs) neste ciclo, melhor para a usina. 

Assim, ela amplia o ganho de eficiência medido em gramas de gás carbônico equivalente por megajoule (gCO2eq/MJ) de energia gerada e pode emitir mais créditos de descarbonização, os CBios, comercializados na B3. 

Assim como já mencionado, a recertificação também é obrigatória caso a Nota de Eficiência caia 10%. 

Vale dizer que essa queda até é possível, mas a maioria das usinas vai no sentido contrário: quer melhorar o NEEA para justamente gerar mais CBios com menos litros de etanol produzidos. 

 


Conheça usinas já recertificadas 

 

Energia Que Fala Com Você apresenta a seguir unidades produtoras de etanol já devidamente recertificadas no programa de Estado RenovaBio, que valoriza o uso de biocombustíveis e incentiva a redução de emissões de gases de efeito estufa, os GEEs. 



Amambai Agroenergia

 

Controlada pela Amerra Capital, a Usina Amambai Agroenergia (RAA), possui unidade produtora em Naviraí (MS). 

Ela obteve novo aval da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em 21 de setembro de 2021. A recertificação evidencia “seu compromisso sustentável com o meio ambiente e com o país”, destaca a RAA em nota



Bevap

 

Localizada em João Pinheiro (MG), a Bevap Bioenergia, controlada pela holding Bepav Participações S. A., obteve nova certificação no RenovaBio em abril de 2021, segundo divulgação da empresa. 

“O RenovaBio veio como uma resposta às demandas do setor por uma política setorial que estabeleça regras claras e diretas

referente ao papel do etanol na matriz energética do país”, relata em nota.



Coaf

 

Com nova certificação da ANP, a usina da Cooperativa do Agronegócio dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (Coaf), localizada em Timbaúba (PE), eleva a emissão de créditos de descarbonização, os CBios, em mais de 22%. 

A alta reflete a reclassificação socioambiental da produção de etanol hidratado a partir do cultivo ao transporte da cana dos cooperados. 

Para se ter ideia, na safra 2021/22, encerrada no primeiro trimestre deste ano, a unidade fabricou 40 milhões de litros de etanol e, assim, pode emitir 28 mil CBios. 

Tem aí um detalhe: 100% dos recursos financeiros apurados pela venda dos créditos seguem para os cooperados. Aliás, a Coaf é uma das poucas usinas a fazer tal distribuição, já que o RenovaBio ainda não regulamentou a questão”, destaca a Cooperativa em nota



Iracema

 

Controlada pela São Martinho e localizada em Iracemápolis (SP), a Usina Iracema obteve nova certificação em fevereiro de 2021. Com capacidade de moagem de 3 milhões de toneladas de cana por safra, a unidade, conforme divulgação na época, passou a emitir um CBio a cada 844 litros de hidratado e 801 litros de anidro. 

Tecnicamente, o ganho de eficiência permitiu que o anidro passasse de 58,57 gramas de gás carbônico equivalente por megajoule de energia gerada contra anteriores 66,7 gramas/MJ. Enquanto o hidratado passou para 58,22 ante 66,3 de antes. Ou seja: o ciclo de produção de biocombustível passou a gerar menos carbono.



Uisa

 

Em setembro de 2021, foi a vez da recertificação da Uisa (Usinas Itamarati S. A.), de Nova Olímpia (MT).

“A uisa melhorou a sua Nota de Eficiência Energético Ambiental tanto para o etanol anidro como para o etanol hidratado”, relata a empresa. 

“A uisa garante, assim, a sustentabilidade em seu processo produtivo, alicerçada pelos pilares das melhores práticas de ESG.”

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