Número de plantas produtoras de biometano deve chegar a 17 nos próximos anos.

País hoje conta com 6 geradoras do biocombustível, enquanto 11 outras estão em implantação ou aguardam aprovação pela ANP.

Crédito da imagem: Cocal/Divulgação

Fonte de energia limpa, o biometano avança no Brasil em número de plantas produtoras implantadas e em fase de aprovação. 

Antes de seguir adiante, vale destacar que esse biocombustível é gerado a partir da purificação do biogás produzido no processamento de resíduos orgânicos, como esgoto, decomposição de lixo, ou de biomassa, caso da cana-de-açúcar. 

Mais: o biometano pode substituir o gás natural em qualquer de suas aplicações, como alimentação de caldeiras, turbinas e também ocupar o lugar do gás natural veicular (GNV) em carros e caminhões com motores a gás. 

Tem aí um detalhe: ao contrário do gás natural, que é fóssil e com produção finita, o biometano é renovável, com produção perene. 

Já em termos de emissões de carbono, enquanto o GNV emite mais de 80 gramas de CO2 equivalente por megajoule (gCO2eq/MJ), o biometano tem emissão negativa em torno de menos 20 gCO2eq/MJ, segundo avaliação da entidade Abiogás a partir da pegada de carbono do ciclo de vida dos energéticos (leia mais aqui).


6 plantas de biometano em operação 

Diante tantos dados positivos em favor do biometano, como está hoje sua produção no Brasil?

O país tem hoje 6 plantas produtivas em atividade e a produção é crescente.

Nos dez primeiros meses de 2023, por exemplo, elas geraram 62 milhões de metros cúbicos (m3), conforme a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). 

O volume produzido supera em 4 milhões de m3 a produção de todo 2022, que soma 58 milhões de m3 (acesse aqui para saber mais dados de produção).


Produção de biometano nos 10 primeiros meses de 2023

(oferta é maior nas unidades da região Sudeste)

Fonte: ANP


No entanto, esse montante está bem abaixo do potencial nacional de produção. 

Para se ter ideia, estudo da Abiogás revela que o país pode produzir 121 milhões de m3 por dia. Sendo assim, apenas 0,2% desse potencial (360 mil m3) é aproveitado por dia, lembrando que a produção das plantas em operação não ocorre durante todo o ano. 

Como assim? 

É que as plantas precisam de matéria-prima.

Tome o caso das que funcionam em anexo a usinas de cana-de-açúcar, e têm como matérias-primas bagaço e palha: elas seguem o ciclo produtivo da chamada safra (que vai de abril de um ano a fim de março do ano seguinte). 


Quem são as platas em operação

Confira a seguir quem são as 6 plantas produtoras de biometano em operação, segundo dados da ANP: 


 

Cocal Energia S. A.

Sucroenergética com duas unidades no interior paulista que produzem açúcar, etanol e energia elétrica.

Desde 2021, produz biogás na unidade Narandiba. Mas já implanta unidade produtora do renovável também na unidade Paraguaçu Paulista. 

 

Grupo Multilixo

Por meio da controlada Engep Ambiental, o Grupo produz biometano a partir de resíduos sólidos de aterro sanitário.  A planta está localizada em Jambeiro (SP). 

 

 

Gás Verde
Empresa da holding Grupo Urca, produtora de biometano proveniente do biogás de aterros sanitários. 

Hoje, produz 130 mil m3 diários na planta de Seropédica (RJ), e até 2026 produzirá em 10 outras plantas, com a previsão de chegar a 580 mil m3 por dia.


Dois Arcos

Controlada pelo Grupo Osafi, a empresa produz biometano a partir de resíduos sólidos. 

A unidade produtora fica em São Pedro da Aldeia (RJ) e tem, conforme a companhia, capacidade de gerar 5,5 milhões de m3 por ano do renovável.


GNR Fortaleza

Parceria entre a Marquise Ambiental e a Ecometano, produz biometano a partir de resíduos sólidos em Caucaia (CE). 

Segundo a empresa, a unidade já atingiu a capacidade de produção de 100 mil m3 diários de biometano. 


Metagás

Autorizada a produzir 30 mil m3 diários de biometano a partir da decomposição de resíduos de lixo. 

A planta fica na capital paulista.


Novas Plantas de biometano 

Segundo a Abiogás, 11 novas estão em implantação ou esperam aval da ANP. 

Estão localizados em São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Goiás. 

Entre as 11 estão: 

- Raízen Geo Biogás

Matéria-prima: resíduos de cana-de-açúcar, leia mais a respeito aqui

Localização: Piracicaba (SP)

- Uisa Geo Biogás

Matéria-prima: resíduos de cana-de-açúcar, Leia aqui mais sobre a planta.

Localização: Nova Olímpia (MT)

- Geo Tamboara

Matérias-primas: torta de filtro, vinhaça e palha de cana

Localização: Tamboara (PR)

- H2A Essencis

Matéria-prima: resíduos sólidos

Localização: Minas Gerais

- Biometano Sul 

Matéria-prima: biogás proveniente de aterro sanitário

Localização: Minas do Leão (RS)

- CriGeo Biogás

Matéria-prima: biodigestão de resíduos industriais

Localização: Elias Fausto (SP)

 

As demais futuras plantas, conforme a Abiogás: Valorgas,- Tropical Biogás, SCBio Energias Renováveis


QUATRO PLANTAS ESTÃO NO RENOVABIO 

Quatro das atuais plantas produtoras de biometano estão devidamente certificadas na Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), relata Fernando Moura, diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). 

“Temos hoje 321 produtores de biocombustíveis, sendo 280 de etanol, 37 de biodiesel e quatro de biometano, certificados no RenovaBio e aptos a emitir [créditos de descarbonização] CBIOs, o que representa cerca de 76% do total de produtores autorizados pela ANP”, descreve ele.

“Outro dado importante é que 112 milhões de CBIOs foram emitidos até o momento [21/11/23], o que corresponde a 112 milhões toneladas de CO2 equivalente que deixaram de ser emitidas. Esses números trazem a magnitude e a importância dessa política, da sua regulação e das ações infralegais tomadas pela ANP na geração dessas normas”, afirma (leia mais aqui).