O que falta para o hidrogênio verde ganhar tração no Brasil
O que falta para o hidrogênio verde ganhar tração no Brasil
País tem potencial gigantesco de produção, mas há obstáculos no meio do caminho
Imagem: FGV Ibre / Delcy Mac Cruz
O hidrogênio verde ganha cada vez mais espaço e motivos não faltam: renovável e baixo emissor de gases de efeito estufa (GEEs), ante o ‘concorrente’ feito de gás e fontes fósseis, ele tem várias finalidades, como gerar energia elétrica e ser empregado em veículos elétricos movidos a célula a combustível. Também pode produzir amônia limpa para fabricação de fertilizantes.
Conhecido pela sigla H2V, o hidrogênio verde é feito a partir da eletrólise (reação química provocada pela passagem de uma corrente elétrica) da água, sem emissão de gás carbônico.
Ele ganha o status de renovável por conta de usar fonte limpa (eólica ou solar) na promoção dessa corrente elétrica.
Leia aqui mais sobre o H2V.
No Brasil, conforme a Eletrobrás, a primeira usina de hidrogênio verde foi implantada em 2021 em Itumbiara (GO), com capacidade diária de produzir 100 quilos.
Estimativas dão conta de que pelo menos 20 fábricas de H2V operam ou estão em processo de implantação.
Uma delas deve ficar no Ceará. No fim de 2024, segundo a Agência Brasil, a Fortescue, uma das maiores mineradoras do mundo, com sede na Austrália, anunciou aporte de US$ 5 bilhões em um projeto voltado para a produção de H2V no Complexo Industrial e Portuária do Pecém.
O projeto tem potencial para fabricar 837 toneladas por dia com o uso de 2,1 mil megawatts (MW) de energia renovável.
Enfim, estudos apontam que o Brasil possui potencial significativo para a produção de hidrogênio verde, com capacidade para gerar 1,8 bilhão de toneladas por ano.
Mas o que falta para o H2V emplacar de vez?
Existem questões que formam obstáculos para o setor ganhar tração no Brasil.
Entre elas estão:
● Consumo de energia: a produção do hidrogênio em geral e do verde em particular requer mais energia que outros combustíveis.
● Transmissão de energia: como projetos de produção ficam em áreas longes de linhas de transmissão, eles precisam da chegada de energia e as linhas, para serem implantadas, dependem de leilões públicos em fase de formatação.
● Custo de produção: quando comparado com a produção de hidrogênios feitos de gás ou carvão, o H2V chega a custar mais do que o dobro. A busca pela redução de preços é o emprego de energia solar e eólica mais em conta.
● Transporte: os custos de transporte do H2V são outro empecilho. Uma alternativa é a construção de gasodutos, opção atraente no longo prazo.
● Armazenagem: há diversas tecnologias já existentes, caso do armazenamento do renovável em terminais e em postos de reabastecimento.
● Segurança: o hidrogênio é um elemento muito volátil e inflamável, exigindo requisitos de segurança elevados para evitar fugas e explosões. Esse, no entanto, é um tema que integra os projetos das unidades.
● Marco regulatório: ele foi sancionado pelo governo em agosto de 2024 (leia aqui), mas até a conclusão deste texto aguardava pela devida regulamentação.