Por que as práticas regenerativas chegaram para ficar no setor de bioenergia
Por que as práticas regenerativas chegaram para ficar no setor de bioenergia
Elas têm por objetivo recuperar a saúde do solo, aumentar a biodiversidade e fortalecer os ecossistemas agrícolas
A adoção de práticas regenerativas avança - e muito - no setor de bioenergia.
Vale destacar que essas práticas têm por objetivo recuperar a saúde do solo, aumentar a biodiversidade e fortalecer os ecossistemas agrícolas, garantindo, ao mesmo tempo, produtividade e sustentabilidade.
Por que elas são prioritárias:
● As mudanças no regime de chuvas, cada vez mais irregulares, comprometem o planejamento e a segurança produtiva.
● O aumento das temperaturas intensifica o surgimento de pragas e doenças, exigindo maior resiliência das culturas.
● Além disso, a degradação do solo e a pressão por uso responsável da terra reforçam a necessidade de novas estratégias de manejo.
1. Esses fatores exigem pesquisa, inovação tecnológica e políticas públicas alinhadas à realidade do campo.
Investimento
“Mas também dependem de uma mudança de mentalidade: adotar práticas regenerativas não é custo, é investimento no futuro”, destaca, em artigo, Almir Aparecido Torcato, gestor executivo da Canaoeste, cooperativa de produtores de cana-de-açúcar com sede em Sertãozinho (SP).
Exemplos de práticas regenerativas já consolidadas: a rotação de culturas, o uso de cobertura vegetal, o manejo integrado de pragas e a aplicação de biotecnologia.
Diante disso, a Canaoeste tem exemplos concretos, caso de sua biofábrica de biodefensivos, uma iniciativa que une ciência, sustentabilidade e resultados práticos.
Ela integra o programa CanaoesteBio que, destaca Torcato, já transformou mais de 70 mil hectares com o uso de biodefensivos, substituindo produtos químicos por microrganismos naturais de alta eficácia.
A biofábrica, pioneira na região, produz soluções como o CanaBoveBio (à base de Beauveria), o CanaMetaBio (à base de Metarhizium), que combatem pragas sem agredir o meio ambiente e a partir de outubro, um bionematecida (à base de Bacillus amyloliquefaciens e Bacillus subtili), que será posicionado para aplicações estratégicas, incluindo corte de soqueira; aplicação em drench [diretamente nas raízes] no período das águas; uso em suco de plantio, cobrindo a temporada já a partir da safra de 2026.
Produção e economia
No artigo, o gestor da Canaoeste lembra que, desde que foi inaugurada, em 2023, a produção total da biofábrica da Canaoeste, alcança expressivo número de área de 65.590 hectares tratados biologicamente.
Esse número representa uma economia de R$ 1,2 milhão para os associados da Canaoeste.
Além disso, a biofábrica integra-se ao programa SEMEIA, que já levou 20 associados à certificação Bonsucro, somando 1,3 milhão de toneladas de cana-de-açúcar produzidas de forma responsável.
Investimentos
Assim como a cooperativa Canaoeste, companhias do setor apostam em relevantes investimentos em práticas regenerativas.
Para ficar em um exemplo, o blog Fenasucro apresenta a seguir destaques de aportes realizados pela Tereos Açúcar & Energia, que controla sete usinas de cana-de-açúcar no interior paulista, sendo uma delas em parceria com o Grupo Humus.
Os destaques integram conteúdo de Eliane Silva publicado em outubro no jornal Valor e na revista Globo Rural.
● A aposta em práticas de agricultura regenerativa, como o uso massivo de produtos biológicos e aplicação por drones, resultou em ‘ganho’ de 3 milhões de toneladas de cana na safra 2025/26 pela Tereos.
● O ‘ganho’ resulta da comparação com a safra 2021/22, quando - a exemplo da 25/26 - também faltou chuva e os canaviais do grupo produziram apenas 15 milhões de toneladas.
● A produção de 2025 também sofreu com efeitos das queimadas de 2024, que atingiram 30 mil dos 170 mil hectares de cana própria da empresa.
● Mais de 30% das operações agrícolas da Teros integram práticas de agricultura regenerativa com o objetivo de manter o equilíbrio da vida no solo, controlar pragas, ter eficiência agrícola e equilibrar o meio ambiente.
● O emprego de biológicos e de outras práticas regenerativas já ajudou a aumentar a resiliência dos canaviais em anos de poucas chuvas, como tem sido 2025.
Imagem: Raízen Divulgação
