Por que há tantas projeções diferentes sobre a oferta de cana - e como isso afeta a produção
Por que há tantas projeções diferentes sobre a oferta de cana - e como isso afeta a produção
Menos ou mais matéria-prima afeta os preços e o planejamento das unidades produtoras
Imagem: Jalles/Divulgação / Delcy Mac Cruz
Quanta cana-de-açúcar as usinas da região Centro-Sul terão à disposição na safra 2025/26, iniciada oficialmente no começo de abril último?
Saber o volume da matéria-prima é prioritário para que seja estimada a produção de açúcar, etanol, bioeletricidade e de outros produtos como biogás e biometano.
Vale destacar que não é apenas o volume de cana que garante maior oferta de produtos, até porque há a produtividade, medida em quantidade de cana colhida por hectares - e quanto mais, melhor.
Há, ainda, variedades de cana mais produtivas, que contêm mais açúcar ou fibra e, assim, o rendimento também ruma à excelência.
Em linhas gerais, no entanto, quanto mais cana melhor para as usinas.
E é aí que entra um detalhe: há projeções bem diferentes sobre o montante de cana disponível.
Impacto das projeções diferentes
Mas qual é o impacto das estimativas diferenciadas?
Em resumo, elas desarranjam o mercado, que é bem sensível a projeções e, assim, se há previsão de mais cana, significa que também haverá mais açúcar ou etanol - e os preços tendem a se estabilizar, e até a cair.
Por sua vez, as projeções alinham e desalinham os planejamentos das usinas.
Melhor dizendo: se houver 30% mais cana que a safra anterior, dá para planejar de forma mais longa o corte e processamento dentro da safra. Se a oferta de matéria-prima for 30% menor, o jeito é correr no corte e processamento.
Confira projeções para a safra 25/26 no Centro-Sul
O blog da Fenasucro lista a seguir projeções de consultorias e instituições sobre a oferta de cana-de-açúcar para as unidades da região Centro-Sul.
Datagro: em março último, a consultoria projetou em 612 milhões de toneladas o volume de matéria-prima, redução de 1,4% ante a temporada anterior, a 2024/25.
Canaplan: já em abril, a consultoria estimou que a oferta de cana na 25/26 pode chegar a 577 milhões de toneladas de cana.
Conab: a empresa do Ministério da Agricultura tem estimativa mais positiva, para quem as unidades produtoras dos estados do Centro-Sul terão 618,5 milhões de toneladas de cana à disposição.
Usda: o Departamento de Agricultura dos EUA estimou em abril que a oferta de cana pode chegar a até 618 milhões de toneladas no Centro-Sul, o que praticamente empata com a projeção da Conab.
Métodos diferentes, projeções diferentes
Em síntese, a disparidade das projeções reflete a metodologia empregada pelos autores.
No caso da Canaplan, que oferece projeção mais conservadora, os números levam em conta o avanço de cana em estados como Minas Gerais e, também, a queda de canaviais em estados como Paraná e Mato Grosso do Sul.
Seja qual for motivo, as projeções balizam o comportamento da safra de cana no Centro-Sul.