Por que os biocombustíveis são tão estratégicos para o mundo chegar ao net zero
Por que os biocombustíveis são tão estratégicos para o mundo chegar ao net zero
Um exemplo é o etanol, que reduz em até 90% as emissões de GEEs se comparado à gasolina
Foto: Janoon028 no Freepik / Delcy Mac Cruz
O mundo já possui as ‘ferramentas’ para chegar ao net zero, expressão em inglês que significa zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa (GEEs), principalmente o carbono (CO2).
Governos e corporações se comprometem a obter o net zero até 2050 e, em muitos casos, essa meta é até antecipada.
Entretanto, para chegar lá as ‘ferramentas’ já estão disponíveis em termos globais.
E quais são elas?
Os biocombustíveis, caso do etanol e do biodiesel, estão na linha de frente dessas estratégias.
A saber: o biocombustível de cana-de-açúcar reduz em até 90% as emissões de GEEs se comparado à gasolina (leia aqui) e, assim, já cumpre sua parte na busca pelo net zero.
Só ele contribui para o Brasil reduzir em 43% as emissões dos gases formadores do aquecimento global.
Levantamento - O emprego dos biocombustíveis na meta global de chegar ao net zero íntegra levantamento da petroleira britânica BP Energy.
Anual, o estudo trata das projeções globais de energia e divide em dois cenários: a situação atual, em que é levada em conta as políticas em vigor, e o cenário que avalia emissões líquidas de carbono (CO2) próximas de zero, o net zero.
Vale lembrar que o net zero é baseado nas políticas climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU).
Além dos biocombustíveis
Na introdução do trabalho, Spencer Dale, economista-chefe da BP Energy, destaca como o mundo deve fazer nos próximos 25 anos e, então, chegar às emissões próximas de zero.
Entre outras, relata, é “indicada uma maior eletrificação alimentada por um crescimento mais rápido [da inserção] da energia eólica e solar.”
É preciso, também, “uma aceleração significativa das
melhorias na eficiência energética, juntamente com a utilização crescente de uma toda uma série de outras fontes de energia e tecnologias de outras fontes de energia, incluindo os biocombustíveis.”
Nessa lista também entra o hidrogênio com baixo teor de carbono e a captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS).
Vez da cana e do milho
Vale destacar que tanto a cana-de-açúcar quanto o milho, ambos fontes de produção de etanol, entram nas indicações do estudo da BP Energy.
No caso da maior eletrificação ‘limpa’, a bioeletricidade, gerada a partir de insumos canavieiros, pode entrar como personagem principal por conta das baixas emissões de CO2 da cana.
Já no hidrogênio com baixo teor de carbono, ou hidrogênio verde, a cana também protagoniza pesquisas em desenvolvimento como fonte de produção.
Enfim, a captura e armazenamento de carbono (CCUS) já é tema de empreendimento de duas companhias sucroenergéticas: a Uisa (Usinas Itamarati), de cana, e a FS, que produz etanol a partir de milho.
Riscos
Os remédios para o net zero estão indicados no estudo da BP Energy, que também apresenta alertas.
As emissões de carbono continuaram a aumentar, crescendo a uma taxa média de 0,8 % por ano nos últimos quatro anos (2019-23), relata.
“Se as emissões de CO2 fossem mantidas a níveis próximos dos recentes, o orçamento de carbono estimado pelo Painel Intergovernamental sobre sobre as Alterações Climáticas (IPCC) para ser consistente com uma elevada probabilidade
de limitar o aumento da temperatura média a 2°C estaria esgotado no início da década de 2040.”
Em outras palavras, há tempo para evitar essa previsão negativa. E os biocombustíveis estão mais do que prontos para ajudar.