Porque o etanol cresce - e deve seguir crescendo - como combustível de aviões agrícolas

Porque o etanol cresce - e deve seguir crescendo - como combustível de aviões agrícolas

Biocombustível é usado hoje em 35% da frota de aeronaves do segmento no Brasil

Foto: Embraer / Delcy Mac Cruz

O etanol avança como combustível dos aviões agrícolas. Das 2,7 mil aeronaves do segmento em operação no Brasil, 945 são movidas pelo biocombustível.

Esse número representa 35% da frota, segundo levantamento do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag).

O cálculo tem por base as vendas de aviões agrícolas ao setor aeroagrícola brasileiro feitas pela Embraer e pelas duas fábricas americanas do segmento (Air Tractor e Thrush Aircraft) em 2022 e 2023. 

Detalhe: essa frota cresceu 11% ante as vendas de 2021, quando o número de aeronaves era de 2.432. 

 

Avanço crescente - Em linha com esse crescimento, também avançou o etanol, uma vez que ele já abastecia e segue abastecendo 35% da frota. 

Sendo assim, se em 2021 o combustível renovável fazia rodar 851 aeronaves, hoje esse número foi para 945. 

 

Leia aqui mais sobre o levantamento do Sindag. 



Estimativa de alta - As previsões são de que as vendas de aeronaves agrícolas movidas a etanol sigam em alta. 

Motivos não faltam. 

Um deles, em especial, é o ganho ambiental proporcionado pelo biocombustível. 

Um bom exemplo está na emissão de gases de efeito estufa (GEEs), que ajudam a gerar o aquecimento global. 

Na comparação com a gasolina, um veículo movido a etanol diminui em 90% as emissões de CO2 (leia mais a respeito aqui).

 

Etanol x AVGAS - Tá, mas e como fica a comparação do combustível feito de cana-de-açúcar ou de milho diante a gasolina de aviação, a AVGAS?

Vale destacar que os aviões agrícolas podem usar esse combustível, derivado do petróleo e de alta octanagem, enquanto os motores turboélice e a jato utilizam como combustível o querosene, ou QAV/JET.

De volta ao comparativo: ante a AVGAS, o etanol também supera em termos de menores emissões, mas o montante depende das especificidades das aeronaves. 

 

Alerta - Entretanto, em artigo na Revista Brasileira de Aviação Civil, Valdir Adileu de Souza e Jairo Afonso Henkes atestam: “além de não compensar a emissão de CO2, a AVGAS possui em sua formulação o chumbo tetraetila, que, além de ser tóxico, é cancerígeno.”

 

Tendências - As expectativas são de que o etanol siga crescendo como combustível dos aviões agrícolas. 

O primeiro dos motivos é justamente o ambiental, uma vez que o setor aeroagrícola conta com a cartilha Compromissos da Aviação Agrícola com a Agenda 2030 do Pacto Global da ONU, disponibilizada pelo Sindag. 

Esse documento aponta cada uma das ações propostas e as já em andamento pelo setor no âmbito do Pacto Global. Uma delas é ajudar o Brasil a colocar o mundo em um caminho mais sustentável e resiliente até 2030. 

 

Fundo Clima - Outro motivo que deve manter em alta as vendas de aeronaves agrícolas a etanol é o programa Fundo Clima

Em linhas gerais, trata-se de linha de financiamento administrada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que apoia a aquisição de máquinas e equipamentos com menos emissões de GEEs. 

Tem mais: o Fundo oferece taxas mais atrativas se comparadas a outras linhas de financiamento disponíveis no mercado, de em torno de 10%. 

Entre os modelos contemplados pelo Fundo está o Ipanema 203, aeronave da Embraer. 

E no começo de agosto último, a companhia anunciou a venda do primeiro Ipanema 203 por meio do Fundo Clima. 

Vale lembrar que, nascido nos anos 1970, o Ipanema representa hoje mais de 50% da frota brasileira, relata o Sindag. 

O modelo está hoje em sua sétima geração (o 203) e desde 2004 (com o 202 A) sai de fábrica com motor movido a etanol. 

Enfim, daqui para frente a expectativa é de que o Fundo alavanque ainda mais a frota aeroagrícola brasileira rumo ao uso do biocombustível.