Transporte marítimo da UE avalia empregar o etanol para reduzir as emissões de poluentes

Transporte marítimo da UE avalia empregar o etanol para reduzir as emissões de poluentes

Setor é responsável por até 4% das emissões de CO2 de toda União Europeia

Imagem de Daphne no Pixabay / Delcy Mac Cruz

 

O etanol está entre as estratégias para a União Europeia (UE) reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEEs) do transporte marítimo. 

Além do biocombustível, as empresas do setor avaliam, também, o uso do e-metanol, biocombustível feito a partir de hidrogênio verde e carbono reciclado, uma alternativa ao metanol produzido a partir de recursos fósseis. 

Seja um ou outro, o setor - que abriga transporte de cargas, contêineres, pesca comercial, navios-tanque e navios de cruzeiro - tem pressa em adotar solução porque é responsável por entre 3% a 4% das emissões totais de dióxido de carbono (CO2) da UE.

 

Qual o motivo da pressa em adotar biocombustíveis?

 

Em primeiro lugar, porque recente relatório da Agência Europeia de Segurança Marítima (EMSA, na sigla em inglês) destaca que “a redução das emissões continua sendo um desafio” para o setor. 

Em segundo lugar, porque desde o começo de 2025 está em vigor o Regulamento Marítmo FuelEU, que prevê combustíveis de baixo carbono e soluções de energia com limites de intensidade de GEE na energia usada a bordo por navios. 

Mais: o modelo marítimo FuelEU fornece a base para o padrão de combustível de GEE (GFS) proposto para redução de emissões em nível internacional pela Organização Marítima Internacional (IMO).

 

É aí que entra o etanol. 

 

O biocombustível é estratégico para o transporte marítimo da UE reduzir - e muito - suas emissões de GEEs. Na verdade, o etanol tem emissão zero ou quase zero na comparação com o óleo diesel marítimo, destaca relatório da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia (MME). 

No caso do setor marítimo da UE, o etanol entraria como aditivo na proporção.

 

Desafios para a adoção do etanol 

 

Apesar do derivado da cana-de-açúcar e do milho entrar no radar do transporte marítimo europeu, há desafios pela frente. 

Um deles é o custo de compra e de logística para o transporte do biocombustível. 

É que a produção de etanol pela Europa chega a 8,5 bilhões de litros por ano, 25% do que o Brasil produz. Sendo assim, o setor marítimo da UE teria de importar etanol do Brasil ou dos EUA, os dois principais países produtores. 

Outro desafio é a maturidade tecnológica que, conforme a EPE, precisa ser aprimorada - afinal, o etanol entraria como aditivo ao óleo fóssil. 

 

Recursos financeiros disponíveis

 

No tocante à disponibilidade de recursos financeiros, ela não parece ser problema para o transporte marítimo da UE. 

Isso porque, conforme o relatório da EMSA, a União Europeia adotou medidas legislativas e oportunidades de financiamento e investimento para promover a descarbonização do setor. 

“A UE se tornou a primeira jurisdição a definir um preço de carbono para emissões de gases de efeito estufa de navios com a extensão do Sistema de Comércio de Emissões da UE (EU ETS) para o transporte marítimo em 2024”, relata a entidade. 

Com isso, as receitas do ETS financiam o Fundo de Inovação, um dos maiores programas do mundo para tecnologias inovadoras de baixo carbono, com mais de 300 projetos relacionados ao transporte marítimo já apoiados.