Vem aí a solução que integra as produções de cana e de energia solar

Vem aí a solução que integra as produções de cana e de energia solar

Tecnologia já tem sinal verde da Academia e começa a chegar a empreendimentos do setor

Foto: Ufal / Delcy Mac Cruz

Agrofotovoltaica: este nome ainda é pra lá de desconhecido da maioria dos mortais.

Logo, logo, no entanto, deixará os laboratórios acadêmicos, onde é tema de estudos, e ganhará a área agrícola do setor sucroenergético. 

 

O que é agrofotovoltaica: de forma bem resumida, é a solução que integra agricultura com captação solar. Ou seja, implantar placas de geração de energia solar sobre cultivos agrícolas. 

 

Conhecida global: no exterior, essa tecnologia é velha conhecida. 

 

É empregada em várias culturas com o objetivo de melhorar a qualidade dos alimentos cultivados sob os equipamentos. 

 

Por que é importante para o setor: em linhas gerais, as placas sobre os canaviais promovem sombra, o que amplia a produtividade da matéria-prima do etanol. 

 

Além disso, as placas geram eletricidade ‘limpa.’

 

Ganho duplo: o canavial, enquanto cresce, sequestra carbono (CO2), o que reduz as emissões de gases de efeito estufa (GEEs). 

Isso não é novidade.

Novidade é que dá para reduzir as emissões e, ao mesmo tempo, gerar eletricidade que também tem baixas emissões de CO2. 

 

Solução é tema de pesquisa

Os sistemas agrofotovoltaicos são tema de pesquisa liderada pelo grupo do professor Ricardo Araújo, do Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) (leia mais a respeito aqui). 

 

Além de constatar ganho de produtividade agrícola, já que a sombra gerada pelas placas solares favorecem o crescimento do canavial, há um potencial para outro ganho. 

 

Qual outro ganho? É que as usinas de cana geralmente já produzem eletricidade (cogeração, no jargão do setor) a partir da queima do subproduto bagaço. 

 

Com as placas solares gerando eletricidade, as usinas podem direcionar o subproduto para gerar energia e vender. 

 

Tem mais: o bagaço também se tornar matéria-prima de biometano - substituto limpo do gás natural - e de hidrogênio verde - utilizado para armazenar energia renovável em períodos de alta produção e baixa oferta de eletricidade. 



Pedras no caminho

 

A solução agrofotovoltaica ainda precisa de respostas. 

Segundo o professor da Ufal, a cana contém particularidades que merecem atenção redobrada. 

“Com a altura atingida pelas plantas de cana e a colheita mecanizada, os paineis precisam ficar muito elevados”, destaca ele no texto da Universidade. 

Com isso, há riscos de acidentes com as grandes máquinas agrícolas. 

 

Propostas - mas há busca de saídas para manter a solução. Uma delas é inserir as placas em áreas com piores solos, ou mesmo em matos, que geralmente integram a área verde exigida para as usinas. 

Assim, a eletricidade solar é gerada o ano todo perto da usina, que pode tocar o processamento da cana e liberar o bagaço para usos mais lucrativos. 

 

Futura usina prevê implantar a solução 

 

A solução também pode ser empreendida sobre plantações de milho. 

Em linha com isso, a Planalto Bioenergia, que anunciou em setembro investimento de R$ 1,8 bilhão em duas usinas de etanol de milho em Goiás, tem a solução no radar. 

No caso, a empresa divulga que se trata de tecnologia que usa torre central cercada de espelhos, a CSP (Concentrated Solar Power)

Conforme divulgado, essa tecnologia já é usada em projetos nos EUA e na China e, assim como a agrotofovoltaica, gera economia no uso da biomassa de milho para gerar energia. O resultado é diminuir a pegada de carbono da operação.