6 expectativas positivas para a safra 2023/24 no Centro-Sul  

Umas delas é o ganho de produtividade da cana, por conta do maior volume de chuvas 

Crédito da imagem: UNICA

Oficialmente, a safra de cana-de-açúcar 2023/24 começa em 1º de abril nas usinas da região Centro-Sul. 

Vale lembrar que os estados dessa região respondem por 90% da moagem da matéria-prima. Ou seja, elas totalizaram 542 milhões de toneladas até a primeira quinzena de janeiro, segundo a Unica, entidade representativa do setor. 

Avalie como ficou a safra 22/23, segundo a Unica:

 

 

Já as unidades dos estados do Norte e Nordeste processam os demais 10% da moagem. Na safra a ser encerrada em abril, elas deverão processar 59 milhões de toneladas, relata a entidade NovaBio. 

E quais as expectativas para a nova safra? Reunimos aqui 6 projeções otimistas para o novo ciclo. 

Confira: 

1 - Mais cana

Sim, a 23/24 terá mais matéria-prima disponível no Centro-Sul, segundo consultorias especializadas. 

O responsável pela expectativa é o clima chuvoso entre dezembro e janeiro, que favoreceu a qualidade dos canaviais. Sendo assim, haverá mais cana e com maior produtividade. 

Para a Datagro, a moagem crescerá 6,9%, chegando a 590 milhões de toneladas. Nos dias 08 e 09 de março, em Ribeirão Preto, a consultoria realiza o evento Abertura de Safra, onde atualizará suas projeções. 

Já a Stone X previu em 31/01 que o novo ciclo chegará a 588,2 milhões de toneladas, ou 5,5% de crescimento ante a temporada atual. 

Por sua vez, o Sistema Tempocampo, da Esalq/USP, avalia que o ciclo 23/24 no Centro-Sul poderá ficar em 568 milhões de toneladas de cana processadas ou chegar a 583 milhões de toneladas. 

 

2 - Avanço na produção

Com mais cana e produtividade, as usinas do Centro-Sul terão mais produção. No caso, a tendência é de maior fabricação de açúcar e menor de etanol.

Em sua última projeção, a Datagro estima alta de 6% para o etanol ante a 22/23 (31,1 bilhões de litros) e de 13% para o adoçante (38 milhões de toneladas).

Stone X: 3,9% de alta no etanol (para 31,5 bilhões de litros) e mais 4,9% de açúcar (36 milhões de toneladas).

 

3 - Mais etanol de milho

Além da maior qualidade e oferta de cana, temos o etanol de milho. 

Aqui vale destacar que, ao contrário das usinas canavieiras, cuja moagem dura em média 210 dias - que é o tempo da safra -, as unidades de milho podem funcionar nos 365 dias do ano. 

Diante disso, elas devem produzir 4,39 bilhões de litros na temporada da safra de cana. 

Trata-se de um aumento de produção de 450% de litros nas últimas cinco safras, segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem). 

Do total produzido,o etanol anidro (adicionado à gasolina na proporção de 27%) soma 1,72 bilhão de litros, enquanto o hidratado (veículos flex) totaliza 2,67 bilhões de litros. 

Já em número de plantas produtoras, 18 delas estão em operação, segundo a ANP. 

Em operação: quem são as usinas de etanol 100% de milho ou que usam o cereal e cana: 

 

Fonte: ANP


4 - Novas unidades entram em operação

2023 também será marcado pela entrada em operação de cinco unidades produtoras de etanol e de açúcar.

São elas: 

  • A Unidade Aporé, da Nardini Agroindustrial, localizada no município de mesmo nome em Goiás, produtora de etanol. 

  • A primeira de 5 novas plantas de etanol de segunda geração (E2G) da Raízen. Fica em Piracicaba (SP), onde a joint venture entre Cosan e Shell já tem unidades em operação. Leia aqui comunicado ao mercado sobre o assunto. 

  • Linha de produção de açúcar na unidade da Usina Coruripe localizada em Limeira do Oeste (MG). Até então 100% produtora de etanol, a planta fará açúcar VHP (tipo de açúcar bruto, menos úmido). 

  • Unidade de etanol de milho da Neomille, subsidiária da Cerradinho Bio, em Maracaju (MS), prevista para entrar em operação em agosto. Meta: produção de 537 milhões de litros por ano, além da fonte protéica animal DDG (1.086 toneladas por dia) e óleo de milho (58 mil litros diários. 

  • Deve começar a operar em março a unidade de etanol de milho da São Martinho em Quirinópolis (GO), onde a companhia opera a Usina Boa Vista. A nova planta deverá produzir 220 milhões de litros ao ano. 

Tem mais: outras 14 instalações, conforme a ANP, estão em fase de implantação ou de ampliação. Delas, 13 usam 100% milho e 1 é flex (emprega o cereal e cana para produzir). Leia aqui mais a respeito.


5 - Oportunidades no exterior

Se as projeções da Stone X se confirmarem, a safra global 2022/23 de açúcar (que vai de outubro de 2022 a setembro de 2023) terá superávit menor. Ou seja, dos 5,18 milhões de superávit previstos em novembro, agora o volume deve ficar em 5 milhões de toneladas. Isso abre caminho para o açúcar brasileiro. 

 

6 - Fim de isenção para etanol importado

O biocombustível produzido no Brasil ganha reforço no mercado com o fim da taxação do imposto de importação. Essa desoneração vigorava desde 2022 e prejudicava a indústria nacional. 

No entanto, desde 01 de fevereiro o etanol importado passa a ter tarifa de 16% e, a partir de janeiro próximo, a alíquota irá a 18%. 

Com a medida, o mercado passa a ser suprido pelas usinas brasileiras. Leia aqui mais sobre o tema.