Energia renovável do agro responde por 30% de toda a matriz energética do país

Energia renovável do agro responde por 30% de toda a matriz energética do país

Etanol de cana e biodiesel de soja integram essas renováveis agropecuárias, destaca estudo da FGV

Imagem: Raízen  /  Delcy Mac Cruz

A energia renovável do agronegócio registra salto de crescimento na matriz energética do Brasil. Etanol de cana, biodiesel da soja e biogás de resíduos agropecuários, por exemplo, fazem o agro responder por 29% de toda a energia usada no país. 

Tem mais: dentro do grupo das fontes renováveis, que inclui a eólica (vento), hidráulica (água) e fotovoltaica (sol), as fontes do agro participam com 60% de toda a geração. 

As informações integram o estudo inédito “Dinâmicas de Demanda e Oferta de Energia pelo Agronegócio”, do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV). 

 

Peso das fontes do agro, segundo a FGV:

 

Relevância estratégica

“O agronegócio brasileiro sempre foi sinônimo de produtividade, exportações recordes e segurança alimentar, e o estudo evidencia que uma nova dimensão se impõe desse setor: sua relevância estratégica na transição energética do Brasil”, destaca, em nota, o coordenador do núcleo de bioenergia do Observatório da FGV, Luciano Rodrigues. 

 

Segundo ele, o avanço da oferta energética de fontes do agro registrou avanço expansivo. 

 

No início dos anos 1970, a contribuição agropecuária à oferta energética apresentava elevada participação da lenha e carvão vegetal, que respondiam por mais de 40% da bioenergia do setor.

Essa configuração começou a se alterar a partir dos anos 1980, quando a produção de derivados da biomassa da cana-de-açúcar se intensificou, impulsionada pela implementação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). 

Entre 1988 e 2003, a participação da bioenergia do agronegócio na matriz nacional permaneceu relativamente estagnada, oscilando em torno de 20%. 

 

Inversão

A partir de 2003, essa tendência foi amplamente revertida. As duas décadas seguintes foram marcadas por forte expansão e diversificação da agroenergia. 

A oferta de energia proveniente da cana quase triplicou, impulsionada pela popularização dos veículos flex-fuel e pela expansão da bioeletricidade gerada com bagaço de cana-de-açúcar.

A produção de lenha e carvão vegetal também duplicou no período, refletindo o fortalecimento da silvicultura energética como atividade comercial. A lixívia, por sua vez, teve crescimento próximo a 300%, acompanhando a expansão da indústria de papel e celulose. 

Enfim, a trajetória da bioenergia agropecuária foi um dos pilares da transição energética brasileira. 

“Esse protagonismo também se reflete nos destinos da utilização dessa energia limpa”, comenta o pesquisador.

É que setores como alimentos e bebidas, papel e celulose, cerâmica e ferroligas já usam majoritariamente energia derivada da biomassa agropecuária. Em alguns casos, ela supera 70% da matriz energética industrial.