Usinas podem ampliar em sete vezes a geração atual de eletricidade, afirma executivo da UNICA
Usinas podem ampliar em sete vezes a geração atual de eletricidade, afirma executivo da UNICA
Potencial previsto leva em conta a capacidade instalada atual das termelétricas de biomassa de cana-de-açúcar
Imagem: UNICA / Delcy Mac Cruz
As termelétricas, plantas geradoras de energia elétrica a partir da biomassa da cana-de-açúcar, têm condições de produzir sete vezes mais ante a geração atual.
Hoje, essas plantas, geralmente anexas às usinas, têm capacidade instalada autorizada (outorgada) de 18.142 megawatts (MW).
Em termos comparativos, esse montante equivale a 8,5% da capacidade instalada centralizada no país, ou seja, representa a 4ª fonte mais importante na matriz elétrica brasileira, atrás apenas das fontes centralizadas hídrica, eólica e fóssil (óleo).
Para saber mais a respeito, o blog Fenasucro entrevista Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da Unica, entidade do setor sucroenergético.
Leia a entrevista:
Quanto a biomassa da cana representa do total de eletricidade produzida por biomassa (que inclui madeira, palha de arroz, casca de laranja entre outras)?
Zilmar de Souza - A biomassa da cana representa 70% da capacidade instalada pela biomassa em geral, com 12.718 MW. Essa capacidade instalada centralizada supera as usinas Belo Monte e Sobradinho somadas, segundo a UNICA.
Em quanto é possível ampliar a produção da geração de bioeletricidade?
Zilmar de Souza - Em termos de potencial técnico de geração de bioeletricidade para a rede, atualmente estamos aproveitando apenas 15% do potencial de geração de bioeletricidade sucroenergética para a rede.
Ou seja, podemos gerar para a rede quase sete vezes mais do que produzimos, mostrando o potencial que temos para avançar na matriz elétrica brasileira nos próximos anos.
Entramos em período de seca, com reservatórios de água já em declínio. A bioeletricidade é estratégica para garantir a segurança do mercado. O que falta para que ela amplie sua presença no Sistema Interligado Nacional (SIN)?
Zilmar de Souza - A bioeletricidade em geral ofertada para a rede entre janeiro e junho deste ano foi de quase 11 mil gigawatts-hora (GWh), equivalente a atender 12% do consumo residencial do país no mesmo período ou a aproximadamente 10% do consumo anual de energia elétrica de um país como a Argentina.
Para aproveitarmos o potencial técnico da bioeletricidade para a rede é importante estabelecermos uma política setorial estimulante e de longo prazo para a bioeletricidade e o biogás para estimular o investimento e aproveitamento desse potencial da bioenergia.
O que essa política setorial deve ter?
Zilmar de Souza - Tal política setorial deve primar por diretrizes básicas envolvendo o esforço conjunto de agentes públicos e privados, dentre elas avançar com a modernização no setor elétrico brasileiro, estabelecendo mecanismos que valorizem os atributos ambientais, locacionais, elétricos, confiabilidade, econômicos e sociais advindos do uso da bioeletricidade e do biogás, contribuindo para diminuir o custo global de operação do Sistema Nacional (SIN).
Um outro ponto é estabelecer nos instrumentos de planejamento setorial soluções estruturadas para a conexão das usinas às redes elétricas e uma visão estruturante e integrada da bioeletricidade com os demais produtos da cana-de-açúcar na matriz de energia do país (etanol, biogás, biometano e hidrogênio).
O mercado livre de energia é estratégico para a bioeletricidade?
Zilmar de Souza - Nos próximos anos, o país vai continuar fortalecendo o mercado livre e, nesta linha, é relevante continuarmos estimulando mecanismos para viabilizar projetos de bioeletricidade para garantir uma oferta de geração renovável e não intermitente para o mercado livre.
Isso inclui aspectos de financiamento, de regras de comercialização e de regulamentação em geral que caminhem para reconhecer os atributos da bioeletricidade no ambiente institucional e no mercado livre de energia brasileiro.
Fique à vontade para comentar mais a respeito
Zilmar de Souza - A bioeletricidade é uma fonte não intermitente e fortemente complementar às hidrelétricas, ajudando na continuidade da expansão das coirmãs intermitentes eólicas e fotovoltaica e na manutenção dos reservatórios das hidrelétricas capacidade de a bioeletricidade ajudar as fontes eólica e solar.
Sendo assim, reforço a importância de reconhecermos os atributos da bioeletricidade no ambiente institucional do setor elétrico brasileiro.