Arrendamento de terra: saiba por que o valor para grãos caiu, enquanto o da cana subiu
Por Delcy Mac Cruz
Alta para hectares canavieiros vai na contramão da média brasileira
Crédito da imagem: Unica
O mercado de arrendamento de terras agrícolas no Brasil também foi afetado pela quebra na produção da safra 2023/24, principalmente no caso da soja.
Prova disso é que o preço médio de arrendamento de terras alcançou R$ 1,9 mil por hectare em dezembro de 2023.
Para se ter ideia, esse valor representa queda de 13,3% ante os R$ 2,2 mil por hectare registrados em igual período de 2022.
A redução consta de relatório da S&P Global Commodity Insights.
Além da quebra na produção da safra, outro motivo que explica a queda no valor de hectares para arrendamento é a redução dos preços dos grãos.
Último ano de avanços
Em artigo para a revista Agroanalysis, Felipe Fabbri e Ana Paula Oliveira, os analistas de mercado da Scot Consultoria, destacam o cenário para o mercado de arrendamento de terras agrícolas.
“Acreditamos que 2023 tenha sido o último ano de avanços expressivos nos preços de terras no Brasil, após a alta dos preços das commodities a partir de 2019/20”, escrevem
E explicam: “as margens apertadas aos produtores dos principais mercados agrícolas no Brasil (soja + milho e pecuária) entre 2022/23 e 2023/24 tirou o ímpeto comprador, principalmente referente à expansão de áreas – vide que, a expansão de áreas para a produção agrícola no país, no ano safra 2023/24, teve uma das menores variações das últimas safras” (leia aqui o artigo completo dos analistas).
Valor de arrendamento sobe para cana
Apesar da queda média do valor do arrendamento, o levantamento da S&P Global destaca quatro segmentos que se mantêm valorizados.
Na comparação com os valores de hectare em dezembro de 2023 com igual período do ano anterior, o estudo atesta que as terras destinadas para cana-de-açúcar registraram alta de 0,9%.
Outras que também tiveram alta: arroz (28,2%), fruticultura (12,5%) e pastagens (7,5%).
Qual o motivo da alta para a terra canavieira?
Em resumo, o mercado de terras para arrendamento canavieiro avança porque o setor sucroenergético precisa de mais cana para produzir.
E esse mercado só tende a se manter aquecido.
João Rosa (Botão), analista do Pecege Projetos, confirma essa tendência em texto na Revista RPA News.
Segundo ele, a área de arrendamento para cana deve superar o da soja neste ano.
Em sua análise, o cultivo de cana passa a ser mais rentável que o do grão se o preço do indicador que representa a quantidade total de açúcares da cana, o ATR (Açúcares Redutores Totais), ficar a partir de R$ 1,10.
“Isso mesmo que o grão chegue a bater R$ 140 a saca”, relata no artigo.
Mercado gera oportunidades
Enquanto o mercado de arrendamento se ajusta, a desvalorização também abre oportunidades.
“Para quem tem caixa disponível, pode ser um momento interessante e de oportunidades”, relatam os analistas da Scot Consultoria.