Brasil avança na produção de SAF para atender a demanda aérea

Brasil avança na produção de SAF para atender a demanda aérea

País dispõe de matérias-primas variadas para fabricar o combustível renovável de aviação 

Imagem: Mylene2401 na Pixabay  /  Delcy Mac Cruz

O combustível sustentável de aviação (SAF, da sigla em inglês Sustainable Aviation Fuel) integra o esforço global de redução da emissão dos gases de efeito estufa (GEE) pelas empresas aéreas.

Também chamado de biojet ou querosene verde (BioQAV), o SAF é feito a partir de fontes renováveis e pode reduzir a emissão de gás carbônico entre 70% e 90% na comparação com querosene de aviação (QAV).

Outro ponto a favor do renovável é que ele é combustível “drop in”, ou seja, pode substituir diretamente o jet fóssil e, assim, não precisa de modificações estruturais significativas para ser empregado.

 

Demanda e oferta: existe uma corrida global pela produção de SAF, muito embora a oferta esteja bem distante da demanda global das aéreas.

De forma geral, ele é produzido por meio de processos químicos que convertem fontes renováveis ou resíduos em um combustível equivalente em função ao querosene de aviação convencional.

Uma coisa é certa: os combustíveis devem ser desenvolvidos seguindo rígidos critérios de sustentabilidade.

 

Matérias-primas do SAF

 

Ele pode ser produzido a partir de diferentes matérias-primas, como biomassa, óleo de cozinha usado, resíduos urbanos, gases residuais e resíduos agrícolas.

Outras formas de produzi-lo são a partir de eletricidade livre de fósseis e do próprio CO2 capturado da atmosfera.

Entre as opções está a utilização de muitas matérias-primas disponíveis no Brasil: plantas que contêm açúcares, resíduos agrícolas e óleos são potenciais matérias-primas para uso na aviação.

É aí que entra a cana-de-açúcar, que, assim como a soja e eucalipto, forma uma cadeia produtiva já consolidada e rastreável.

 

SAF de biogás feito de resíduo de cana

 

No caso da cana, ela, por meio de resíduos, será empregada para produzir biogás. Por sua vez, essa será matéria-prima para a produção de SAF.

Trata-se do desenvolvimento da primeira planta no Brasil para produção de SAF a partir de biogás, fruto de parceria entre a Geo bio gas&carbon, empresa pioneira no desenvolvimento da cadeia de biogás e biometano no Brasil, e a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável.

 

Escala comercial: o objetivo é desenvolver em escala comercial um modelo de produção sustentável e que utiliza resíduos de biomassa como fonte de carbono biogênico.

O projeto envolve investimentos da ordem de 7,8 milhões de euros, dos quais 1,5 milhões de euros serão recursos do Ministério da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha (leia mais a respeito aqui).

 

Reprocessamento de óleo

 

Por sua vez, a Petrobras tornou-se a primeira empresa do Brasil certificada para produzir e comercializar SAF pela rota HEFA (Hydroprocessed Esters and Fat Acids) de coprocessamento — uma das tecnologias mais reconhecidas internacionalmente para a descarbonização do setor aéreo.

A saber: pela HEFA o SAF é produzido a partir do refino de  óleos vegetais, óleos residuais ou gorduras por meio de um processo que utiliza hidrogênio (hidrogenação).

 

Produção

 

No caso, a certificação da Petrobras é para a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro.

Em nota, a empresa destaca que a Reduc possui autorização da ANP para incorporar até 1,2% de matéria-prima renovável na produção de SAF por esta rota.

A previsão é que, a partir dos próximos meses, a refinaria inicie a produção para comercializar até 50 mil m³/mês (10 mil bpd) do combustível.

A utilização de matéria-prima de baixa intensidade de carbono e o teor de compostos renováveis obtido no combustível são compatíveis com a exigência de redução de 1% das emissões de gases de efeito estufa para a aviação doméstica em 2027.