Com mercado firme para veículos flex, Brasil ganha fábrica de motores a combustão

Com mercado firme para veículos flex, Brasil ganha fábrica de motores a combustão

Apesar do crescimento das vendas de modelos elétricos e híbridos, mercado segue atraente para os modelos a gasolina ou a etanol

Foto: aopsan no Freepik / Delcy Mac Cruz

As vendas no mercado brasileiro de veículos eletrificados (elétricos e híbridos, ou seja, movidos a eletricidade e a outro combustível, caso do etanol) são vigorosas. 

Exemplos não faltam. 

A eletromobilidade no país terminou com novo recorde de 177.358 veículos eletrificados leves emplacados de janeiro a dezembro, ou 89% acima do número de 2023, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE)

Em linha com isso, estudo divulgado em fevereiro projeta que os híbridos e elétricos deverão representar 50% das vendas de veículos até 2030. 

O estudo é da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) em parceria com o Boston Consulting Group (BCG). 

 

Espaço para motores a combustão 

 

Mas, apesar dos ventos favoráveis para os eletrificados, o mercado reserva espaço para os motores a combustão, caso dos modelos flex (movidos a gasolina ou a etanol). 

É o que atesta o estudo da Anfavea e do BCG.

A maioria dos participantes da pesquisa (65%) responde que escolherá motor flex caso decida adquirir um veículo novo em 2025. 

Por sua vez, os motores híbridos ficam com 8% da predileção, contra 2% dos elétricos. 

 

Preferência de compra de veículos novos em 2025, segundo 

o estudo da Anfavea e do BCG:

 

Motor a combustão: mercado garantido?

 

Estudos como o patrocinado pela Anfavea projetam a longevidade dos motores a combustão no Brasil. 

Montadoras também trilham a linha de que os flex têm vida longa. 

Tome o caso da Renault, que decidiu lançar em 2026 uma sexta linhagem do modelo Clio com motor a combustão. 

A aposta reside no desempenho comercial: entre janeiro a outubro de 2024, o modelo vendeu na Europa 178,9 mil unidades, 90% acima de igual período de 2023. 

“Um equivalente elétrico certamente não alcançaria o mesmo desempenho em vendas, especialmente [diante a atual] desaceleração de vendas”, destaca o Motor 1.Com. 

 

Nova fábrica de motor a combustão

 

No caso do Brasil, as apostas no motor a combustão não são apenas dos consumidores. 

A francesa Renault e a chinesa Geely decidiram juntar forças para lançar uma fábrica de motores a combustão, a Horse Powertrain, em funcionamento desde maio de 2024 em São José dos Pinhais, na ‘Grande’ Curitiba (PR).

Motivo da planta: atender o mercado de veículos a combustão, principalmente no Hemisfério Sul, que, conforme as empresas, deverá responder por 50% das vendas de veículos nos próximos 20 anos.

E há pressa pela nova fábrica.  

Após investimentos de R$ 100 milhões, a Horse Powertrain iniciou em janeiro último a produção do motor HR 13, 1.3 turbo flex de 4 cilindros. 

A versão bicombustível do propulsor foi projetada especificamente para o mercado sul-americano e pode operar com gasolina ou etanol em qualquer proporção. 

Enfim, o modelo está em conformidade com os padrões de emissões L8. 

Esse padrão integra o Proconve L8, que entrará em vigor até 2031 e, até lá, os fabricantes terão de reduzir progressivamente o teto de emissão poluentes dos motores.