Como a projetada maior oferta global de açúcar interfere nas previsões produtivas das usinas brasileiras
Como a projetada maior oferta global de açúcar interfere nas previsões produtivas das usinas brasileiras
Mas ao contrário de fabricantes de outros países, a maioria das localizadas no Brasil pode ‘escolher’ qual produto será mais produzido, se o adoçante ou o etanol
Por terem característica de biorrefinaria, as unidades de bioenergia no Brasil têm vantagem produtiva ante as instaladas, por exemplo, nos Estados Unidos.
Enquanto as dos EUA fazem do país o maior produtor global de etanol, ao mesmo tempo elas, em sua grande maioria, ficam limitadas à fabricação do combustível.
Não é o caso do Brasil, em que as mais de 200 usinas em operação podem produzir etanol ou açúcar.
Sendo assim, elas definem o ciclo produtivo conforme as demandas.
Nos últimos anos, a opção produtiva (mix, no jargão do setor) priorizou o açúcar. Ou seja, mais da metade da moagem de cana foi direcionada para fazer o adoçante.
Mix focado no açúcar
O mix açucareiro segue também na safra 2025/26 na região Centro-Sul, cuja moagem da cana entra na reta final.
Prova disso é o levantamento da entidade do setor UNICA, com dados acumulados entre abril - quando a safra oficialmente teve início - e 1º de outubro.
Conforme o balanço, 52,68% da cana foi direcionada para fabricar açúcar, enquanto o etanol ficou com 47,32%.
Índia entra em cena
No entanto, o foco açucareiro ganhou sinal de alerta no setor por conta do início da safra de cana na Índia, em outubro. O país é o segundo maior país produtor do adoçante depois do Brasil, que no ciclo atual deve fechar com 44 milhões de toneladas.
O sinal de alerta se dá porque as projeções apontam para uma produção indiana de 34,9 milhões de toneladas, alta de quase 5 milhões de toneladas ante a safra anterior.
Essa projeção se dá ao mesmo tempo em que o Brasil fabricou e entregou açúcar mais rápido por conta da estiagem, que favorece os processos.
O resultado foi a queda do valor do produto no mercado.
Recuo
Grande parte do açúcar feito pelas usinas é vendido por antecipação (ou fixado, no jargão do setor) em bolsas como as de Nova York e de Londres.
Para se ter ideia, em 27 de outubro os contratos futuros recuaram influenciados pelos projetos de aumento da produção mundial e pela melhora nas condições de oferta.
Não se pode atestar que essa queda seguirá pelos próximos meses e afetará a próxima safra, a 2026/27 que, na região Centro-Sul, começa oficialmente em 1º de abril.
Isso porque os dados relacionados à Índia dependem muito das fontes divulgadoras. E nem todos são confirmados na prática.
Outra questão é a oferta para atender a demanda global. Fala-se em falta de produto, o que, se comprovado, ampliará os valores do adoçante.
Enfim, seja qual for a situação, as usinas no Brasil, ao contrário das de outros países, têm a chave (mix) para alterar a produção para açúcar ou etanol.
Imagem: Elena Leya na Unsplash
