Como fica o mercado global e açúcar com o início da safra na Índia, segundo maior país produtor do adoçante

Como fica o mercado global e açúcar com o início da safra na Índia, segundo maior país produtor do adoçante

Previsão é de que a oferta mundial tenha excedente com as produções brasileira e indiana

Imagem: Sociedade Nacional de Agricultura  /  Delcy Mac Cruz

O mês de outubro marca o começo do período de produção (ou safra, no jargão do setor) da Índia.

O início da safra indiana é um registro estratégico para avaliar como fica o mercado global de açúcar.

Isso porque a Índia só perde para o Brasil na produção mundial do adoçante.

Enquanto na média as usinas brasileiras têm capacidade para fabricar 45 milhões de toneladas por safra, as indianas possuem estrutura para ofertar 30 milhões de toneladas.

Para se ter ideia, as 75 milhões de toneladas do Brasil e da Índia representam 40% da produção mundial de açúcar, que somou 180 milhões de toneladas na safra anterior (2024/25).

 

O que acontece agora com o mercado de açúcar?

 

A exemplo de outros produtos - sejam eles do agro ou de outros setores da economia -, o açúcar depende da oferta e da procura.

Referências do termômetro desse mercado são os relatórios semestrais de acompanhamento do mercado internacional do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

A projeção é de uma produção global de 189,3 milhões de toneladas na temporada 2025/26. Já a demanda mundial é de 177,9 milhões de toneladas.

Ou seja, se a estimativa for confirmada, o mercado terá de lidar com um excedente de 11,4 milhões de toneladas, o dobro do registrado na temporada anterior.

Geralmente a oferta excedente faz os preços recuarem na ponta (varejo) e, também, entre as usinas.

 

Tendências na Índia

 

Entretanto, a situação está na fase das projeções. Isso porque as estimativas da safra entrante na Índia estão robustas, graças, em boa parte, às abundantes chuvas registradas nos canaviais.

Sendo assim, se a produção indiana alcançar 30 milhões de toneladas, atenderá com folga o mercado interno, cujos números variam conforme a fonte.

Se isso ocorrer, o excedente geralmente é exportado - e essa saída alivia o caixa do setor produtivo, mas, também, amplia a oferta global do adoçante, o que reduz os valores.

A situação gera confusão. E há um ingrediente extra que amplia esse quadro, já que a Índia injeta 20% de etanol na gasolina, o dobro da mistura empregada desde 2022.

Sendo assim, para fazer mais etanol o setor indiano terá de direcionar mais cana-de-açúcar para fabricar o biocombustível. Essa é apontada como saída para reduzir a produção de açúcar, mas as definições virão nas próximas projeções.

 

E a produção brasileira, como está?

 

Seja entre as usinas dos estados da região Centro-Sul, seja entre as da região Norte-Nordeste, as previsões dão conta de que a produção da safra em vigor chegará a 40 milhões de toneladas.

O volume, se cumprido, praticamente repetirá a produção da safra anterior.

Independente da oferta a ser cumprida, ela se refletirá no mercado global.

E nem apenas para atender a demanda, mas serve como termômetro dos preços, uma vez que eles dependem da atuação dos agentes desse mercado - entram aí fundos, traders e os demais personagens de um ecossistema que faz subir ou descer os preços fixados (‘vendidos’ na Bolsa).