Como o setor sucroenergético ajudou o agro brasileiro a bater recorde de exportações

No geral, os embarques para fora somaram US$ 166,5 bilhões, dos quais o açúcar e o etanol representam 10,43%  

Crédito da imagem: Copersucar

O setor sucroenergético ajudou o agronegócio a registrar recorde de exportações em valor em 2023.

Os embarques no ano passado chegaram a US$ 166,5 bilhões, valor recorde e 4,8% acima do apurado pelo agro em 2022, segundo o Ministério da Agricultura (leia aqui texto original da Pasta).

O vigoroso desempenho foi influenciado principalmente pela quantidade embarcada, uma vez que os preços de alguns produtos caíram ao longo do ano passado.

Para se ter ideia, apenas em grãos o país enviou para fora 193,02 milhões de toneladas, alta de 24,3% na comparação com 2022.

Enfim, o agro foi responsável por 49% da pauta exportadora total brasileira em 2023, contra 47,5% no ano anterior. 

 

Como o setor sucroenergético ajudou? 

Os produtores de açúcar no Brasil respondem por 10,4%, ou US$ 17,3 bilhões dos US$ 166,5 bilhões exportados pelo agro.

 

Confira o desempenho do agro em %

Mais volume embarcado

Esse resultado do setor sucroenergético se deve à expansão do volume embarcado para fora, que cresceu 15,1% no caso do açúcar. 

 

Mais valores em vendas

Não é só. O complexo sucroalcooleiro acrescentou mais US$ 4,6 bilhões às vendas externas do agro em 2023 na comparação com 2022.

Nesse caso, o setor só perde para o complexo soja, que avançou US$ 6,5 bi. 

 

E como fica em 2024?

Existe uma série de fatores que sinalizam apreensões quanto a projeções de exportações principalmente de açúcar neste ano.

Entre esses fatores estão:

-       Se a safra açucareira que começa em abril no Brasil for novamente grande produtora do adoçante, reduzirá o déficit global, o que pode reduzir os valores.

-       Segundo relatório da hEDGEpoint, países importadores do açúcar brasileiro, embora não tão relevantes em volumes, e localizados no nordeste da África e no Oriente Médio, podem enfrentar desafios adicionais devido ao conflito em andamento no Mar Vermelho até a conclusão deste texto.

-       Conforme análise de Marcos Fava Neves, especialista em agronegócio, “em dezembro passado a China (principal comprador do açúcar brasileiro em 2023) reduziu as compras do adoçante em menos 5%, ou 500 mil toneladas, devido à queda na demanda.

O exemplo recente da China não é indicativo de que a redução seguirá nos próximos meses. Assim como as oscilações para baixo dos preços do açúcar no mercado global podem ser revertidas daqui para frente. Essa reversão, aliás, é a aposta que se faz entre traders do setor. 

 

Setor chega a 88,5% do valor exportado em dezembro

Depois da soja, o segundo principal setor em valor de exportação em dezembro de 2023 foi o complexo sucroalcooleiro, segundo destaque do Ministério da Agricultura.

Ou seja, o setor gerou US$ 2,21 bilhões e participação de 16,4% do total exportado pelo agronegócio brasileiro no último mês do ano passado. 

 

O que significam esses US$ 2,21 bilhões?

Trata-se de expansão de 88,5% no valor exportado. Ela ocorreu em função da elevação de 67,0% no volume comercializado e da alta de 12,9% no preço médio dos produtos do setor. 

 

Que produto teve mais destaque? 

O produto que se destacou nas vendas em dezembro foi o açúcar, com a soma de US$ 2,04 bilhões (+113,7%).

Foram embarcadas 3,85 milhões de toneladas da mercadoria (+74,9%) ao preço médio de US$ 529 por tonelada (+22,2%). 

 

Quem mais importou açúcar?

Os principais mercados de destino do açúcar de cana em bruto brasileiro foram: China, com US$ 330,65 milhões, crescimento de 108,6% ante dezembro de 2022 e 19,1% de participação; Índia (US$ 262,90 milhões, +738,3% e 15,2% de participação).

Na sequência vêm Malásia (US$ 141,62 milhões e 8,2% de market share); Marrocos (US$ 102,19 milhões, +162,4% e 5,9%); Egito (US$ 101,61 milhões, -0,6% e 5,9%); Estados Unidos (US$ 98,69 milhões, +319,6% e 5,7%); e Canadá (US$ 90,66 milhões, +123,1% e 5,2%).

 

E as exportações de etanol?

As exportações do biocombustível totalizaram US$ 175,79 milhões, com queda de 20,4% em valor, resultado de redução em quantidade (-1,8%) e preço (-19,0%).