Etanol de milho avança e chegará a 30 plantas industriais
Por Delcy Mac Cruz
Elas estão autorizadas pela ANP como a Cooperativa Pindorama, primeira do Nordeste a produzir a partir do cereal e da cana
Créditos das imagens: Etanol: UNEM
A produção brasileira de etanol de milho deve alcançar 6 bilhões de litros na safra 2023/2024 (abril/23 a março/24), alta de 36,7% em relação ao ciclo atual. Os dados são da União Nacional do Etanol do Milho (Unem), e que, se confirmados, levarão o combustível do cereal a representar cerca de 19% de todo o etanol consumido no Brasil. Para confirmar a produção, que é recorde, três novas indústrias irão estrear até o próximo ano.
A rapidez no avanço da produção de etanol de milho chama a atenção. Na safra 20/21, foram ofertados 3,43 bilhões de litros, volume que saltou para 4,5 bilhões de litros no ciclo 21/22.
Para a safra 30/31, a expectativa é de chegar a 10 bilhões de litros, montante que equivale a um terço do etanol feito de cana-de-açúcar.
Para se ter ideia, o setor de etanol de milho soma hoje 30 unidades autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Elas estão em produção ou em fase de implantação (clique aqui para acessar mais a respeito).
Onde elas ficam?
Por tradição, as unidades de etanol de cereal estão localizadas nos estados do Mato Grosso e Goiás, também expressivos produtores de milho. Não é à toa que das 30 unidades autorizadas pela ANP, 19 delas ficam no Mato Grosso e 6 em Goiás. Logisticamente, quanto mais perto da matéria-prima, melhor para a planta industrial.
Além disso, ela também pode produzir WDG (grãos úmidos de destilaria) e DDG (grãos secos). Ambos são feitos a partir do processo de fermentação do grão de milho depois da extração do combustível - e são uma excelente fonte protéica para gado, suínos e aves.
Mas o etanol de milho não é exclusividade goiana ou matogrossense. São Paulo, por exemplo, tem duas unidades, enquanto Mato Grosso do Sul e Paraná possuem uma cada. Mas não para por aí: o etanol de milho também chega à região Nordeste do país.
Pindorama produz com cana e milho
A estreia do Nordeste se dá pela unidade industrial da Cooperativa Pindorama, localizada entre os municípios de Penedo, Coruripe e Feliz Deserto, em Alagoas.
Veja só: a usina entrou em 2023 produzindo etanol com duas matérias-primas: cana-de-açúcar e milho. É a chamada usina flex, quando processa as duas fontes. No caso da cana, a produção integra o ciclo produtivo (safra) 2022/23, que na região Norte/Nordeste do país tradicionalmente vai de agosto a fevereiro. Contudo, devido às chuvas sequenciais neste ano, a colheita e processamento ficaram comprometidos e, assim, a unidade da Pindorama deverá encerrar o ciclo neste mês de abril.
Em tempo: a moagem de cana na unidade, relata a Cooperativa, deverá alcançar 1,2 milhão de toneladas, alta de 14% sobre a moagem da safra anterior (1,052 milhão de toneladas). Já no caso do milho, a estimativa é de produzir 130 mil litros diários de etanol, o que irá complementar a produção diária de 500 mil litros a partir da cana.
Investimentos no projeto: R$ 40 milhões.
Crédito da imagem: Planta industrial Pindorama
Mas onde está o milho?
Parte dos 1,5 mil cooperados da Pindorama já produz milho, mas a matéria-prima também será adquirida de produtores dos estados da Bahia e de Sergipe. Para armazenar o grão, a Pindorama investiu na implantação de quatro silos com capacidade de 50 mil sacas cada, além de um elevador para transporte do cereal até a indústria.
Em relato, o presidente da Pindorama, Klécio Santos, destaca: “aleḿ da unidade de etanol de milho, estamos finalizando a instalação das fábricas de flocão de milho e de doces e atomatados e, assim, trata-se da maior revolução industrial dos últimos 30 anos em nossa região.”
Ele também faz questão de enfatizar a importância da Usina Pindorama em Alagoas, mesmo depois do fechamento de várias unidades sucroenergéticas no estado. “Antes tínhamos em Alagoas 25 usinas e, hoje, apenas 15 seguem em operação e, como temos participação muito forte na agroindústria alagoana, passamos a ser uma das maiores do estado.”