Etanol ganha tração como combustível de máquinas agrícolas
Etanol ganha tração como combustível de máquinas agrícolas
Fabricantes anunciam veículos focados no agro e que trocam o poluente diesel pelo sustentável biocombustível
Crédito da imagem: Piotr Zakrzewski from Pixabay
O uso do etanol como combustível de máquinas agrícolas ganha tração no Brasil.
De uma só vez, dois fabricantes apresentam modelos focados no agro em que o biocombustível é quem move os motores.
São eles: a americana John Deere e a brasileira Grunner.
O blog Fenasucro destaca a seguir sobre esses modelos agrícolas dos fabricantes que chegarão ao mercado nos próximos anos.
Antes, entretanto, vale detalhar as causas de o etanol, tão vital como combustível limpo, só agora chegar de vez às máquinas focadas no agro.
Iniciativas começaram nos anos 80 - A adição de etanol em motores a diesel foi aplicada por meio de conversões caseiras ainda na década de 1980, no auge do Programa Nacional do Álcool, o Proálcool.
Não deu certo apesar de que, do ponto de vista tecnológico, não há impedimentos à substituição do poluente diesel pelo sustentável etanol em motores de veículos pesados.
Motivo - A barreira era outra: caminhões exigiam consumo excessivo do biocombustível, na época (década de 80) havia queda global das cotações de petróleo e, internamente, o diesel era subsidiado pelo governo.
Outros motivos - “O óleo diesel adapta-se melhor à atual conjuntura, se considerada a infraestrutura para produção, armazenamento e distribuição de combustíveis no Brasil”, relatou, nos anos 80, o então instrutor comercial da Scania Latin America Moisés Teruel de Oliveira Pauferro.
Sua avaliação integra pesquisa de especialização no Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia, destacada em conteúdo divulgado pelo Grupo de Pesquisa em Mudanças Climáticas da Unicamp (leia aqui).
Tentativas - De lá para cá, foram idas e vindas. Grupos como a Fiat Powertrain apresentaram projeto, em 2011, no qual tratores da coligada Case IH rodam com dois tanques, um a diesel e outro a etanol.
Preços oscilantes - Depois houve a oscilação de preços do etanol no mercado consumidor, seja por redução de oferta em função das safras, seja por políticas de manutenção de preços da gasolina, o que penalizam o biocombustível.
Seja um ou outro motivo, o etanol seguiu firme como combustível para veículos flex ou para os 100% a álcool. Mas seu emprego em máquinas agrícolas seguia como tema de pesquisa.
Linha de frente - Gruner e John Deere estão na linha de frente de fabricantes que dia menos dia apresentarão máquinas agrícolas movidas por etanol ou pelo biometano, que também é processado a partir da biomassa da cana e roda em motores movidos a gás veicular por ter mesma característica.
Grunner 100% a etanol - Apresentado neste 2024 em feiras focadas no agronegócio, o motor para equipamentos pesados movidos a etanol da Grunner gera expectativas positivas.
No caso, a novidade integra desenvolvimento realizado em parceria com a DSA e deve chegar oficialmente ao mercado em 2025.
“Estamos muito confiantes e sabemos o quanto o combustível significa em termos de custo na produção [do agro] e o quanto [podemos] conseguir diminuir isso [custos]”, disse Dênis Arroyo, CEO da empresa, para a revista Carga Pesada.
Conceito da John Deere - Por sua vez, a John Deere apresenta o conceito de motor a etanol desenvolvido prioritariamente para a agricultura tropical.
No caso, o conceito de motor a etanol denominado de 9 L “é um projeto global, desenvolvido com apoio de engenheiros brasileiros”, relata a empresa.
O etanol, por ser combustível de alta octanagem, é opção viável para motores de combustão interna de alto desempenho.
Conforme a John Deere, o anúncio do motor a etanol de 9 L foi feito oficialmente em novembro de 2023 durante a Agritechnica, principal feira mundial de máquinas agrícolas realizada em Hanover, na Alemanha (leia mais a respeito aqui).