EXCLUSIVO: Peso de impostos sobre usinas avança 38% e vai a US$ 15 bilhões por ano

Por ano, setor sucroenegético recolhe para os cofres públicos 3% de todo o PIB do agronegócio

Delcy Mac Cruz

 

Nos últimos nove anos, o setor sucroenergético ampliou em 38% o recolhimento anual de impostos para os caixas dos governos municipal, estadual e federal.

Para se ter ideia, na safra de cana-de-açúcar 2013/14 a cadeia do setor respondia por US$ 10,9 bilhões em impostos por ano.

Hoje, esse montante subiu para valores que chegam a US$ 15 bilhões, em alta de 38%.

Em termos comparativos, os US$ 15 bilhões equivalem a metade do Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia sucroenergética, estimado em US$ 30 bilhões segundo estudo de 2017 da UNICA, entidade representativa do setor.

Em outra comparação, os US$ 15 bi de impostos pagos pelo setor representam 3% do PIB do agronegócio em 2021, avaliado em US$ 470 bilhões conforme levantamento do Cepea e em valor convertido pelo dólar de 15 de agosto deste ano.

 

 

Dimensão do setor

 

 

As projeções atualizadas sobre a carga de impostos incidente no setor foram feitas para esta plataforma da Fenasucro pelo economista e professor da FEA/USP Marcos Fava Neves.

Neves coordenou, ao lado de Vinicius Trombin, a equipe da empresa de consultoria Markestrat responsável pelo estudo “A Dimensão do Setor Sucroenergético - Mapeamento e Quantificação da Safra 2013/14”

Naquela oportunidade, o setor recolheu US$ 10,9 bilhões referente à safra de cana 13/14.

No caso, US$ 2,4 bilhões respondem por impostos nos elos iniciais (vendas de insumos agrícolas e nas vendas de equipamentos e insumos industriais). Já os demais US$ 8,5 bilhões são de impostos agregados à cadeia do setor.

Quanto de impostos o setor pagou na safra 13/4:

Motivo da alta

 

Mas qual o motivo da alta de 38% nos impostos?

“De um lado, temos novos produtos, temos um setor com pelo menos a mesma dimensão [ante 2013] e temos as tributações sobre serviços, que puxaram o número para cima”, explica Marcos Fava Neves.

“De outro lado, tivemos desonerações de ICMS sobre o etanol em alguns estados e tínhamos um real mais valorizado à época e, por isso, este número na cadeia toda estaria entre US$ 12 a US$ 15 bilhões.”

 

 

Importância em empregos

 

Além do peso na arrecadação de impostos, o setor sucroenergético, conforme o economista, mantém-se estratégico também como empregador.

No estudo de 2013, por exemplo, a Markestrat destacou que o setor empregava 990 mil colaboradores.

Hoje, são 2,1 milhões de vagas diretas e indiretas, segundo a UNICA. 

“A cadeia sucroenergética se ampliou em diversas direções”, atesta Fava Neves.

“Mesmo hoje tendo um número menor de usinas em operação [na comparação com 2013], houve crescimento em empresas de serviços dirigidos ao setor e novos produtos, caso do biogás e do biometano.”

Em sua avaliação, “o setor continua com importância econômica fundamental e destacado cada vez mais por sua importância ambiental.”

 

Leia também: