Por que as projeções de processamento de cana variam tanto 

Por que as projeções de processamento de cana variam tanto 

Estimativas são realizadas por pelo menos 5 empresas, a maioria delas consultorias especializadas

Imagem: UNICA  /  Delcy Mac Cruz

O processamento de cana-de-açúcar nos estados produtores de etanol e de açúcar depende - e muito - de quem faz a projeção.

Veja o caso do ciclo operacional (safra, no jargão do setor) em andamento nos estados da região Centro-Sul do país, responsáveis por 90% da produção nacional de produtos feitos da cana.

Aqui, há pelo menos cinco projeções de processamento de cana diferentes. Elas vão de 575 milhões de toneladas a 610 milhões de toneladas. Ou seja, chega-se até a uma variação de 35 milhões de toneladas.

Essas 35 milhões representam volume robusto e equivalem, por exemplo, ao processamento de 10 usinas de porte médio por safra.

A saber: há entre 235 e 240 usinas de cana-de-açúcar em operação no Centro-Sul.

 

Quem realiza as projeções?

 

Geralmente quem divulga estimativas de processamento de cana e de produção de safra são consultorias especializadas em bioenergia.

Estão nessa lista a Datagro, Pecege, Archer e Canaplan, para ficar em quatro delas.

Há também a estimativa oficial, a cargo da Conab, empresa vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), principal entidade do setor, não realiza projeções, embora acompanhe quinzenalmente o andamento da safra, com resultados divulgados por meio de boletins.

 

Saiba projeções para a safra em andamento

 

A Canaplan, especializada na área agrícola, previu, em abril, primeiro mês oficial da safra, que a moagem ficaria entre 562 e 577 milhões de toneladas .

Já a Conab estimou em agosto número bem acima: 609,7 milhões de toneladas nas usinas do Centro-Sul.

Outras consultorias, caso da Archer, previam, em julho, que a moagem na região não passaria de 581 milhões de toneladas.

Por sua vez, a Datagro projetou, em março, moagem de 610 milhões de toneladas. Esse número, no entanto, é atualizado ao longo da safra.

 

Mas qual é o motivo de tanta diferença de projeção?

 

As explicações são bem variadas. Em abril, a Canaplan destacou que sua projeção - a menor entre as demais - levava em conta a queda da oferta de cana-de-açúcar em estados tradicionais produtores como Paraná e Mato Grosso do Sul.

No caso da Datagro, a previsão de março de 610 milhões de toneladas refletia queda de 1,4% ante a da safra anterior.

A explicação está nos incêndios que afetaram 450 mil hectares com cana em 2024. Houve atraso no desenvolvimento fisiológico das lavouras para a safra em vigor, embora essas plantas ainda possam ser processadas. É que geralmente as usinas do Centro-Sul seguem em operação até fins de novembro.

Enfim, a consultoria Pecege previu em maio moagem de 593,3 milhões de toneladas na região, 28 milhões de toneladas abaixo da safra anterior.

Entre os motivos da queda, a empresa explica que o volume de toneladas de cana por hectare (TCH) deve cair em 25,2 milhões de toneladas e que a área cultivada ficará pelo menos 3,4 milhões de toneladas inferior ao ciclo 2024/25.