Safra 24/25: por que ela deve ter resultados favoráveis mesmo com menos cana

Safra 24/25: por que ela deve ter resultados favoráveis mesmo com menos cana

Segundo a Conab, a produção de açúcar segue em alta e a de etanol será reforçada pelo biocombustível feito de milho

A safra de cana-de-açúcar 2024/25 completa o primeiro mês na região Centro-Sul do país com 235 unidades produtoras em operação, segundo estimativa da Unica, entidade representativa do setor.

Em termos comparativos, o número de unidades em operação representa 84,5% das 278 instalações autorizadas pela ANP nos oito estados que compõem o Centro-Sul. 

Em tempo: o Centro-Sul responde por 90% da moagem da cana do país, sendo o restante processado pelas unidades da região Norte-Nordeste.

Enfim, a safra oficial vai de 1º de abril a 31 de março de 2025 no Centro-Sul e de agosto a meados de fevereiro do próximo ano no Norte-Nordeste.

 

Menos oferta de cana

Depois de uma safra (2023/24) recordista em moagem, com 713,2 milhões de toneladas no país, alta de 16,8% ante o ciclo anterior, a oferta da matéria-prima será menor ao longo da safra em andamento.

Em levantamento divulgado em 25 de abril, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Ministério da Agricultura, destaca que, sim, a oferta de cana no país deverá chegar a 685,86 milhões de toneladas, em redução de 3,8% em relação ao ciclo anterior.

 

Motivos da menor oferta de cana

Segundo a Conab, a redução da oferta da matéria-prima se deve principalmente aos baixos índices pluviométricos, aliados às altas temperaturas, registradas na Região Centro-Sul

Esses fatores, destaca, vêm causando perdas à produtividade, estimada em 79.079 kg/ha, em média 7,6% abaixo da obtida na safra anterior, que foi favorecida pelas boas condições climáticas.

 

Estimativas são positivas

Mas apesar dos pesares, a safra em andamento tende a apresentar resultados positivos.

O blog Fenasucro apresenta a seguir destaques do levantamento da Conab que atestam o otimismo.

 

Mais canaviais

Em que pesem a produção e a produtividade menores, a empresa do Ministério da Agricultura apurou que a área com cana avançou 4,1% na safra 24/25, como demonstra arte da Conab:

 

Qual o motivo desse avanço de área?

Segundo a Conab, são dois os motivos: aumento de áreas em expansão e renovação.

A saber: a renovação costuma ocorrer na substituição do canavial ‘velho’, que é utilizado em até 9 safras.

Já no tocante a áreas em expansão, tome o exemplo da região Centro-Oeste.

Nela, os canaviais devem crescer 2,1% nesta safra, chegando a 1,8 milhão de hectares. Motivo: novos arrendamentos próximos às unidades de produção.

 

Produtividade cai de forma diferente

Embora a média da queda de produtividade seja estimada em 7,6% ante a safra 23/24, ela terá performance diferente por regiões.

No Centro-Oeste, por exemplo, a Conab estima redução de 1,6% em quilos por hectare, bem abaixo, portanto, da média.

 

Produção de açúcar crescerá

Sim, a Conab estima 46,29 milhões de toneladas de açúcar produzidos pelas unidades do país, alta de 1,3% sobre a safra anterior - que era recordista até então.

Motivo da produção do adoçante: o mercado consumidor global segue favorável.

 

Redução no etanol deve chegar a 4%

A produção nacional de etanol deverá recuar em 4%. Ou seja, a produção a partir da cana e do milho é estimada em 34,18 bilhões de litros (19 bilhões de litros de hidratado - para veículos flex - e 15,18 bilhões de litros de anidro - para mistura à gasolina).

O recuo na oferta poderia ser maior, mas a produção de etanol de milho seguirá crescente.

 

Milho compensa a cana

Segundo o levantamento da Conab, o déficit de 8% projetado para a produção de etanol de cana será parcialmente compensado pelo aumento na fabricação de etanol de milho.

A expectativa é de que a produção do biocombustível de cereal alcance 6,86 bilhões de litros, alta de 16% ante 2023.

Vale lembrar que, ao contrário da cana - cuja produção se dá nos médios 210 dias da safra - a fabricação de etanol de milho pode ocorrer nos 365 dias do ano.

 

Posição de destaque

Enfim, a Conab relata que como o maior produtor mundial de açúcar, o Brasil “manterá a sua posição de destaque nesta safra, mesmo com o desafio de um clima não tão bom quanto o da última safra, além da constante oferta do biocombustível.”