Estudo reforça estratégia do etanol como matéria-prima do combustível sustentável de aviação
Documento é da IATA, entidade que representa 320 companhias aéreas
Delcy Mac Cruz
O etanol ganha novo impulso como matéria-prima do combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês).
É que levantamento recém-divulgado pela Associação do Transporte Aéreo Internacional (IATA) destaca que o SAF sozinho pode eliminar em 53% a emissão líquida de dióxido de carbono (CO2).
Zerar a emissão de CO2 é um compromisso assumido até 2050 pela entidade, que representa 320 companhias aéreas, que compõem 83% do tráfego aéreo global.
O blog Fenasucro destaca a seguir 7 destaques sobre etanol e SAF.
1 - O que é SAF
Ele engloba qualquer fonte que seja sustentável, caso do etanol e do biodiesel.
Pode ser adicionado aos motores aéreos, que são abastecidos com o querosene de aviação (QAV), derivado de petróleo.
No entanto, o combustível verde reduz as emissões em até 80% em comparação com o concorrente fóssil.
2 - Mercado faz fila
Se o Brasil já produzisse SAF, não faltaria consumidor.
“Os clientes fazem fila pelo SAF brasileiro”, disse a este blog Amanda Gondim, coordenadora do projeto de gestão da Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Sustentáveis de Aviação (RBQAV).
Leia aqui a entrevista com a especialista.
3 - Previsões para produção no Brasil
As projeções indicam que até 2030 o país já deva produzir SAF.
Os empreendimentos estão a cargo, por exemplo, do grupo Energis 8 Brasil, que pretende usar etanol de segunda geração - o ESG - como matéria-prima para produzir o renovável para aviação. A planta produtora deve ficar em Paulínia (SP), conforme detalhou o grupo para a CNN.
4 - Certificações fortalecem o etanol
Além dos projetos de produção local de SAF, as plantas de etanol também podem enviar o biocombustível para fábricas externas do combustível renovável de aviação.
Entre as companhias sucroenergéticas com etanol devidamente certificado para SAF estão, por exemplo, a São Martinho, Raízen e a Granbio.
No caso da Raízen, ela recebeu em agosto de 2023 a certificação ISCC CORSIA Plus (Carbon offsetting and Reduction Scheme for International Aviation), que comprova que o etanol produzido na usina do grupo Costa Pinto, em Piracicaba (SP), cumpre os requisitos internacionais para a produção de SAF (leia mais a respeito aqui).
5 - Peso do relatório da IATA para o etanol
Divulgado em 17 de abril, o relatório “Análise Comparativa das Formas de Transição para Zero Emissão Líquida de Carbono da Aviação” atesta que o SAF está entre os 14 roteiros para essa transição.
Em linha com isso, os combustíveis sustentáveis serão responsáveis pela maior redução de CO2 até 2050.
No caso, o papel do SAF varia entre 24% e 70%, com valor médio de 53%.
Seja um e outro percentual, o renovável para aviação destaca o etanol como fonte.
6 - É preciso investir
O documento atesta que a diferença de percentual do SAF reflete as incertezas relacionadas à oferta do combustível verde.
Entre essas incertezas estão “possíveis ações de apoio de governos, níveis de investimentos, custos de produção, potencial de lucro e acesso às matérias-primas.”
A saber: a IATA produziu o relatório em parceria com o Air Transportation Systems Laboratory da University College London (UCL), o Air Transport Action Group (ATAG), o International Council on Clean Transportation (ICCT) e a Mission Possible Partnership (MPP).
7 - Peso do SAF
Em que pese o impacto de cada um dos 14 roteiros de zerar a emissão de CO2 no transporte aéreo, “todos eles preveem que a maior descarbonização em 2050 será decorrente do SAF”, relata Maria Owens Thomsen, vice-presidente sênior de sustentabilidade e economista-chefe da IATA.
O relatório, emenda, “é particularmente importante para o SAF, que exige um apoio forte e urgente de políticas públicas para aumentar a produção.”