10 destaques que explicam a estratégia da Fenasucro
Por Delcy Mac Cruz
Maior interesse mundial pelo etanol e produtos mais recentes, como o biometano, estão na lista preparada por Paulo Montabone, diretor da feira.
Principal feira do setor sucroenergético, a Fenasucro & Agrocana ganha relevância mundial com o avanço global do etanol como combustível limpo e sustentável.
Até por isso, a edição deste ano da feira, a ser realizada entre os dias 15 a 18 de agosto em Sertãozinho, tende no mínimo a repetir o êxito da versão de 2022, que atraiu 125 mil visitantes e gerou, segundo a organização, R$ 15 bilhões em negócios.
Mas há outros motivos que ampliam as expectativas positivas para a Fenasucro & Agrocana 2023. Entre eles estão os ‘filhotes’ do setor, caso da bioquerosene e do biometano, que entram em campo no Brasil mas já estão no radar também de indústrias de fora.
Para saber quais os motivos que tornam a feira tão estratégica, entrevistamos Paulo Montabone, diretor da Fenasucro & Agrocana, executivo que respira o setor de bioenergia nas 24 horas do dia.
Confira os 10 motivos listados e comentados por Montabone:
1 - Número de expositores passa de 300
Mais de 300 expositores estarão presentes na edição 2023 da Fenasucro & Agrocana.
Já em número de produtos expostos, eles passam de 1 mil.
“Essa quantidade de expositores e de produtos faz com que a feira se torne um palco, uma vitrine para que as inovações tecnológicas a serem empregadas na próxima safra possam ser comercializadas e difundidas”, relata Montabone.
Em tempo: a feira também disponibiliza informações e informações relacionadas ao setor.
“Abordamos temas que são tendências no setor, caso, por exemplo, do hoje implantado biogás, que já era tema discutido na feira de oito anos atrás.”
Este é exemplo do papel fundamental da Fenasucro na atualização tecnológica de toda a cadeia dos setores sucroenergético, de bebidas e de papel e celulose, entre outros.
“Desta forma, a feira se torna uma referência, um epicentro de grandes empresas fornecedoras de equipamentos e serviços para toda essa cadeia.”
2 - Palco de novas tendências
“Como a Fenasucro & Agrocana é uma feira de tendências, conseguimos reunir, tanto na parte de visitação, quanto em exposição, produtos e serviços que serão realidade nos próximos dois a três anos”, destaca o diretor.
Quando se fala, por exemplo, em etanol de segunda geração (E2G), etanol de milho e de biogás, a feira já disponibiliza expositores para atender a demanda desses produtos.
“Mas quando se fala de hidrogênio verde, tem-se empresas que se aprofundam em pesquisas dentro das usinas, e que trazem para a feira novos produtos saídos das próprias usinas”.
“Esse é um diferencial do nosso evento, que é um palco de novas tendências, o que transforma novamente a Fenasucro e o Brasil como protagonistas do mercado”.
É o caso da captura de carbono: ela hoje inexiste, mas é uma possibilidade viável, onde nossas usinas poderão sequestrar carbono e, com “poços de armazenagem”, guardar o gás emitido no meio ambiente.
Está aí, portanto, mais uma megatendência, a captura de carbono, a ser contemplada pelo setor por meio da compressão e armazenagem.
3 - Linhas de crédito com juros atraentes
A maioria dos equipamentos de bens de consumo do setor sucroenergético já vem ofertada por grandes linhas de crédito, seja nas áreas agrícola e industrial.
“Há subsídios do próprio governo, que incentivam a compra de equipamentos, como nos retrofits, com linhas mais atraentes que as convencionais, oferecidas pelos bancos”, diz.
Como exemplos, estão linhas do BNDES e de cooperativas de crédito.
4 - Inovações que reforçam a bioeconomia
Todos os incentivos que o setor tem via RenovaBio são explorados na Fenasucro. Exemplo: quando se fala em eficiência energética, automaticamente se trata ou de retrofit ou de novos investimentos gerando novos produtos.
Quando se fala de carbono ou de hidrogênio verde, vinhaça ou de biogás (via biometano) de mover frota dentro da usina, fala-se de melhorar o Renovacalc de cada usina. Ou seja, cada usina cadastrada no RenovaBio tem uma calculadora na qual entram informações e quanto mais eficiente for, mais créditos de carbono ela poderá emitir.
“Então qualquer inovação que faça com que essa calculadora multiplique para cima, é muito bem-vinda dentro das usinas e das indústrias e da Fenasucro”, comenta Montabone.
“Acredito em uma indústria 100% renovável, e o ciclo fechado do setor é o que estamos buscando. Assim, a partir do momento que zerar o carbono e começar a fazer ‘carbono negativo’, com demanda maior para comercializá-lo, melhor o setor estará desempenhando seu papel de sustentabilidade.
Hoje se sabe que as usinas são exemplos sustentáveis e que poderão, cada vez mais serem precursoras de novas indústrias, novos setores e que tenham na sua vocação agroindustrial a sustentabilidade como patamar número um diante outros setores.”
Quando se fala que hoje apenas as distribuidoras de combustíveis têm metas (de compra de créditos de carbono) no RenovaBio, isso será alterado. “Consumir energia renovável e agregar valor ao produto será, logo logo, meta até de fábricas de coxinhas”, exemplifica.
“Quanto mais sustentáveis as indústrias forem, melhor, porque nossos filhos, nossos netos, não irão comprar produtos que venham do petróleo.”
“Assim, a bioeconomia, o bio ecossistema do setor, farão com que o setor se destaque cada vez mais, e que isso seja valorizado e monetizado de uma forma diferente.”
5 - Eventos de conteúdo independentes
“Os programas de conteúdo são totalmente independentes”, destaca Montabone.
“Temos associações parceiras, que conduzem esses eventos, caso da Datagro, que realiza a abertura da feira - e que, neste ano, terá por tema principal as megatendências do setor.”
Há também, entre os parceiros, a Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros (STAB), focada nas áreas industrial e agrícola, e o pessoal do Gemec, grupo de motomecanização, e do Gerhai, de RH.
“Assim para cada segmento do nosso setor, temos curadores independentes que trazem para a Fenasucro eventos de relevância e totalmente autônomos”, diz. “Na Fenasucro não temos conteúdo tipo ‘pagou, falou’”.
“Por isso, a feira se torna palco de discussões independentes e autônomas para que realmente seja discutido o futuro do nosso setor.”
Exemplo nessa linha é que há vários eventos de conteúdo, seja em eletrificação, agrícola ou irrigação, todos independentes, que, pela relevância, são pra lá de disputados.
Há também o índice de formadores de opinião. "Quando eles falam nos eventos, é hora de sentar e de ouvir, mesmo no caso de representantes do governo, porque serão apresentados os pleitos do setor, inovações, propostas, e isso, junto com o CEISE Br e com a STAB, forma-se uma curadoria muito forte onde se consegue produtos de conteúdo específicos para cada segmento do setor.”
6 - Networking da feira é eficaz
O networking na Fenasucro tem índice muito elevado. O relacionamento, olho no olho, aperto de mão, apresentação dos produtos in loco, cheirar e colocar a mão no produto, tudo isso faz parte do que se chama de networking e de relacionamento.
E as oportunidades, nessa intimidade, junto ao visitante e expositor, são de trocar ideias, de promover atualizações nos equipamentos, de discutir e difundir todas essas questões. E, nisso, o networking na Fenasucro faz muito bem.
“É uma feira que tem no seu DNA a troca de aperto de mão, porque é onde o setor se encontra. Seria como se falássemos da Festa do Peão de Barretos da cana-de-açúcar, ou da corrida de Interlagos da cana”, relata.
7 - Lançamentos que integram as áreas agrícola e industrial
A Agrocana é um grande palco de lançamentos de produtos. A integração da parte agrícola com a industrial é fundamental para a interação com tragam soluções ao setor.
Por isso, a parte externa da feira integra os expositores da Agrocana, com lançamentos que atendem as usinas.
“Até porque sabemos que o diretor agrícola e o diretor industrial trabalham juntos e são eles que queremos na feira para trocarem ideias em busca de melhor eficiência”, relata Montabone.
8 - Visitação estrangeira cresce com o avanço do etanol
A presença internacional no setor é basicamente de visitação. Quando se tem o protagonismo do Brasil em bioenergias, o pessoal vem de fora para entender como os brasileiros conseguem ter eficiência tão exemplar.
Segundo o diretor da Fenasucro, um exemplo é o que irá acontecer na América Latina e no Caribe, onde a produção de etanol, que não é tão forte, vai se somar às usinas que já fazem açúcar, e farão com que os preços se equilibrem e ganhem expressão melhor ante a de hoje.
“A visitação vem muito em busca do que temos em solução no Brasil e que serve de exemplo em qualquer lugar do planeta, porque onde há um pé de cana tem o nome de Sertãozinho, tem o nome da Fenasucro”, diz Montabone.
Hoje, emenda, a feira recebe visitantes de 37 países.
As empresas e indústrias vêm até a Fenasucro atrás de tecnologias, seja por meio de rodada de negócios, que temos por meio da Apex/Apla, seja por meio de visitas guiadas pela STAB.
“O foco principal do nosso evento é disseminar o etanol a nível global como parte da solução da mobilidade e da sustentabilidade no abastecimento de veículos”, diz.
9 - ABC para quem irá visitar a feira
A Fenasucro atrai tipos variados de visitantes, seguno o diretor da feira. Há o ‘pescador’: que ‘pesca’ na feira e leva inovações embora.
Há também o visitante cativo, que depende do setor, e vem em busca de temas e de assuntos para gerar eficiência. E tem o visitante que está procurando oportunidade dentro do setor de bioenergia para interagir, seja vendendo ou utilizando algum produto.
“Assim, temos um universo das usinas de cana, das fábricas de papel e celulose, das biorrefinarias, das produtoras de biogás, e de todos os produtos e elos da cadeia produtiva buscando interação junto ao evento”, relata.
Por meio digital, a feira oferece uma visita guiada e, assim, se ele procura equipamentos para destilaria, a visitação seguirá junto aos expositores alinhados com esses produtos.
Aliás, a disponibilidade de produtos e serviços expostos exige tempo de visitação. “Mas com dois dias de feira, o visitante pode ter noção geral das inovações a serem empregadas nas safras a partir de 2024”, lembra.
10 - Aproveite para contatar as entidades parceiras
Por fim, Montabone lembra que tanto o visitante quanto o expositor devem aproveitar (ao máximo) os contatos com as entidades parceiras da Fenasucro. Elas estão presentes no dia-a-dia do evento.
É o caso, por exemplo, do CEISE Br, que representa a indústria de bens de capitais do setor, e realizadora da feira. Ou da Unica, entidade representativa das usinas.
Há, também, o Gerhai (de RH) e o Gemec, de motomenização.
“Seja visitante ou expositor, é prioritário contatar essas entidades e instituições”, indica.