Biometano de cana amplia leque de aplicações e já é usado para produzir fertilizante renovável
Biometano de cana amplia leque de aplicações e já é usado para produzir fertilizante renovável
Produto de fonte sucroenergética é utilizado desde dezembro para produção de amônia verde
Foto: Raízen / Delcy Mac Cruz
O biometano, gás renovável com menor pegada de carbono na comparação com o ‘concorrente’ gás de fonte fóssil, avança em suas aplicações.
Ele, que é compatível com o gás natural veicular (GNV), já abastece caminhões e mesmo residências em Presidente Prudente (SP) que são atendidas por gás natural.
No caso de Prudente, o biometano é fornecido pela sucroenergética Cocal, que já produz o gás renovável em uma de suas duas plantas, e prepara a segunda para produzir o renovável.
Caminhões da companhia também são abastecidos por biometano, assim como as sucroenergéticas Adecoagro e Tereos, que também seguem na mesma linha.
Biometano amplia leque de aplicações
Além de substituir gás de cozinha e servir como combustível de motores a GNV, o biometano já tem novas aplicações.
Em dezembro último, a norueguesa Yara passou a utilizar o biometano para produzir amônia renovável, principal matéria-prima para a produção de fertilizantes nitrogenados, como nitrato de amônio e ureia.
“A Yara é a primeira empresa no Brasil a produzir amônia renovável, um insumo com redução de 75% na pegada de carbono, em comparação ao mesmo produto de matriz energética fóssil”, relata, em nota, a companhia.
Segundo a empresa, o biometano - biogás purificado e originado com resíduos de cana-de-açúcar - “pode, sem esforço adicional, substituir o uso do gás natural, e dar origem a fertilizantes nitrogenados e soluções industriais com uma menor pegada de carbono.”
O Complexo Industrial da Yara em Cubatão (SP) é hoje o maior consumidor de gás natural do Estado de São Paulo e o principal produtor de amônia do país, e já está pronto para trabalhar com o biometano.
“Isso é resultado do conhecimento, inovação e tecnologia da Yara aplicados com foco na descarbonização, e representa um grande marco para a indústria nacional e, principalmente, para o polo de Cubatão, que além de símbolo mundial de recuperação ambiental, agora tem potencial para liderar a transição energética que o Brasil precisa”, afirma Daniel Hubner, vice-presidente de Soluções Industriais da Yara International.
Entenda mais sobre o uso de biometano pela empresa:
A partir da amônia renovável, a Yara descarboniza parte de sua operação e portfólio e, consequentemente, tem potencial para impactar toda a cadeia que faz uso dos fertilizantes nitrogenados de menor pegada de carbono, e de soluções industriais, assim que tiver ganho de escala.
“Este é um avanço significativo na construção de cadeias de valor baseadas em energias renováveis. O nitrogênio é utilizado em inúmeras indústrias, incluindo a de alimentos e mineração, assim como no setor de transporte. Para o agronegócio, o impacto é enorme”, comenta, em nota, Marcelo Altieri, presidente da Yara Brasil.
“Ao combinar esta nova geração de fertilizantes com menor pegada de carbono ao nosso conhecimento agronômico, traremos ainda mais valor para o agricultor – abrindo novos mercados e fontes de receita.”
“Na cadeia do café, por exemplo, a expectativa é de uma redução de até 40% na pegada de carbono do grão colhido”, completa.
De onde vem o biometano usado
Produzido em Piracicaba (SP), a partir da vinhaça, um resíduo da cana-de-açúcar na fabricação de etanol, e da torta de filtro, um resíduo da produção de açúcar, o biometano é disponibilizado na rede de distribuição de gás pela Raízen.
Daí ele é utilizado pela Yara em seu Complexo Industrial de Cubatão, que já vem reduzindo as emissões de gases do efeito estufa (GEE) com a instalação de uma tecnologia pioneira de catalisadores, que filtram o Óxido Nitroso (N2O), e projetos de eficiência energética.
Além das fontes de energia renovável, produtos que utilizam captura e armazenamento de carbono (CCS) também farão parte significativa do portfólio da Yara daqui para frente, relata a empresa.