De olho nos benefícios do etanol, Japão adota dois projetos que usam o biocombustível   

De olho nos benefícios do etanol, Japão adota dois projetos que usam o biocombustível 

 

País asiático investirá em combustível sustentável de aviação e pretende ampliar a adição de biocombustível na gasolina

Imagem: Pixabay / Delcy Mac Cruz

 

O etanol combustível amplia presença global. Consolidado no Brasil há 50 anos, desde a implantação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool) em 1974, o biocombustível está mais do que presente seja na frota de veículos flex e mesmo nos híbridos que também rodam com etanol.

Esse avanço também é puxado pelos benefícios do combustível renovável, dos quais dois deles são considerados prioritários.

O primeiro é a redução de gases de efeito estufa (GEEs), já que o etanol emite 80% menos dióxido de carbono - que forma esses gases - na comparação com a gasolina.

Já o segundo benefício prioritário é econômico: o biocombustível faz o país reduzir as necessárias importações de gasolina, uma vez que não produz o suficiente para atender a demanda. 

Em linhas com esses benefícios, países como a Índia estão entre os recentes adeptos do uso do biocombustível. Agora é a vez do Japão. 

 

Dois projetos com etanol de uma só vez

 

De uma só vez, o país asiático faz duas investidas em projetos que têm o etanol como matéria-prima.

Trata-se de projetos, e não de implementações imediatas, porque dependem de estrutura, de logística e de etanol, que o Japão precisa importar a produção local é irrisória. 

Em tempo: com expertise de 50 anos, o Brasil domina a tecnologia de produção do biocombustível, basta ver o exemplo da Fenasucro & Agrocana, maior feira global do setor, que reúne anualmente mais de 1 mil marcas de fornecedores para o setor. 

Sendo assim, para países interessados em adotar o biocombustível, pelo menos de início é mais estratégico importar do Brasil até a devida implantação local de plantas produtoras. 

 

SAF é o primeiro dos projetos

 

Em fevereiro último, a empresa japonesa de capital fechado Taiyo, controladora de refinaria de petróleo no país, anunciou que irá produzir combustível sustentável de aviação (SAF) a partir de etanol. 

A fabricação será nas operações da refinaria em Okinawa e a tecnologia escolhida é da americana Honeywell. É a Honeywell UOP Ethanol-to-Jet (EtJ), que emprega o biocombustível como matéria-prima. 

De acordo com um comunicado, a meta de produção é de 200 milhões de litros de SAF puro por ano. O início das operações está previsto para 2029. 

A matéria-prima para a produção de SAF será principalmente o etanol proveniente do exterior. Ao utilizar as instalações portuárias e de armazenamento de tanques existentes em suas operações em Okinawa, a Taiyo Oil pode receber matéria-prima de grandes navios-tanque, garantindo assim um etanol com custo competitivo, destaca a Honeywell (leia mais aqui). 

O próximo passo é explorar a produção doméstica de etanol, seja em Okinawa, onde fica a refinaria, seja em terras agrícolas abandonadas do país. 



Mais etanol na gasolina 

 

Já o segundo projeto foi anunciado no fim de março, quando da visita da comitiva da Presidência da República ao Japão. 

Trata-se de um Memorando de Entendimento (MoU, na sigla em inglês) assinado entre a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) e o Instituto de Economia da Energia do Japão (IEEJ). 

Objetivo: ampliar a colaboração entre o Brasil e Japão na agenda de biocombustíveis sustentáveis. 

Essa ampliação tem pressa, porque o país asiático, que hoje adiciona 3% de etanol na gasolina, tem por meta ampliar a adição para 10% até 2030. 

Só que, para tanto, o consumo interno do biocombustível, que hoje é de 1,5 bilhão de litros por ano, saltará para 4,45 bilhões de litros com 10% de mistura na gasolina. 

Como não tem produção própria suficiente, o Japão terá de importar o combustível renovável. 

Mas a proposta é de que no curto espaço de tempo tenha autonomia na fabricação. 

E é aí que entra o Memorando de Entendimento assinado com a entidade representativa do setor sucroenergético brasileiro.