Depois dos veículos terrestres e aéreos, o etanol se prepara para virar combustível de barcos de apoio marítimo   

Depois dos veículos terrestres e aéreos, o etanol se prepara para virar combustível de barcos de apoio marítimo 

 

Biocombustível também é estratégico para a reduzir as emissões de gases de efeito estufa pelos navios

Foto: CMM / Delcy Mac Cruz

O etanol tem passado, presente e futuro. 

Primeiro, nos anos 70, foi diretamente injetado em modelos movidos pelo renovável. 

Depois foi a vez dos motores flex, em que os veículos podem rodar com etanol hidratado ou com gasolina integrada com 27% de anidro.

O biocombustível avança também em sua versão como biometano, empregado como substituto em motores movidos a gás natural veicular (GNV).

Tem ainda o combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), em que o etanol é matéria-prima e está em desenvolvimento. 

“O SAF é mais uma oportunidade que se abre”, afirmou ao blog da Fenasucro Oscar Francisco Tribst Paulino, gerente de Sustentabilidade e Sistema de Gestão Integrada (SGI) da sucroenergética São Martinho (leia mais aqui). 

 

Em motores eletrificados e barcos de apoio 

Não é só. 

O etanol, seja ele produzido da cana-de-açúcar ou do milho, é formatado em tecnologias para motores híbridos, movidos a eletricidade e pelo combustível renovável.

Como se não bastasse, o biocombustível amplia o leque de prestação de serviços. 

Agora é a vez de ele abastecer os barcos de apoio marítimo (PSVs, de Plataform Supply Vessel), cuja função é transportar suprimentos como ferramentas, equipamentos, materiais e mão de obra para as plataformas offshore (em alto mar) de óleo e gás, além de oferecer suporte. 

 

Tecnologia em desenvolvimento

Essa nova empregabilidade já foi formalizada e começou a ser desenvolvida no Brasil, mesmo país que criou o álcool durante o programa ProÁlcool, criado em 1974. 

É assim: em agosto último, a Compagnie Maritime Monégasque (CMM), fornecedora de soluções para o mercado de navios de apoio offshore, e a Wärtsilä, empresa com sede na Finlândia e que fornece equipamentos navais, fecharam acordo para desenvolver os primeiros PSVs movidos a etanol. 

 

Confira destaques do tema a partir de publicação da CMM: 

 

Redução de emissões

A parceria entre as empresas destaca o compromisso de ambas as empresas em reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa na indústria marítima.

 

Plataforma multifuel

A iniciativa é pioneira e está baseada em um conceito de design colaborativo que utiliza a versátil plataforma de motores multifuel da Wärtsilä , o Wärtsilä 32. 

 

Testes bem-sucedidos

Em um avanço significativo em fevereiro deste ano, a Wärtsilä realizou testes bem-sucedidos em seu laboratório em Vaasa, na Finlândia, utilizando etanol como combustível principal em um motor Wärtsilä 32 em escala real.

 

Variedade

Esses testes inovadores confirmaram a capacidade do motor de operar eficientemente com uma variedade de combustíveis, incluindo etanol, diesel, biodiesel, óleo combustível pesado (HFO) e metanol.

 

Apoio financeiro 

A CMM obteve aprovação financeira preliminar do Fundo da Marinha Mercante Brasileira (FMM) para construir 10 navios de apoio offshore (OSVs) no Brasil. 

 

Cronograma

O acordo entre a CMM e a Wärtsilä estabelece um cronograma acelerado para a construção do primeiro navio, marcando um passo significativo em direção à aplicação industrial da plataforma multifuel Wärtsilä 32. 

 

Construção no Brasil 

"Nosso objetivo é construir esses navios no Brasil, garantindo que nossos clientes possam alcançar reduções substanciais nas emissões de gases de efeito estufa, apresentando uma alternativa viável para um futuro mais verde no setor marítimo", afirma Christophe Vancauwenbergh, CEO da CMM.

 

Descarbonização

"Com as empresas de transporte marítimo sob crescente pressão para descarbonizar suas operações, a Wärtsilä continua dedicada ao desenvolvimento e teste de tecnologias e soluções para combustíveis marinhos de baixo e zero carbono", declarou Roger Holm, presidente da Wärtsilä Marine e vice-presidente executivo da Wärtsilä Corporation.