Projeto de produção de etanol a partir do agave entra em prática

Projeto de produção de etanol a partir do agave entra em prática

Planta típica de regiões semiáridas pode gerar até 30 bilhões de litros por ano 

Foto: Wirestock no Freepik / Delcy Mac Cruz

Planta típica de regiões semiáridas, o agave é a aposta como nova matéria-prima para produzir etanol. 

Quem acompanha o blog da Fenasucro já teve oportunidade de ler reportagem sobre a nova fonte (acesse aqui). 

 

Veja só: estimativas iniciais dão conta de que é possível produzir por ano 30 bilhões de litros do biocombustível com a planta.

Esse é praticamente o mesmo volume gerado anualmente pela cana-de-açúcar e milho, as duas principais matérias-primas. 

 

A novidade, agora, é que o assunto deixa as discussões e projeções acadêmicas e entra em prática. 

 

Como assim? 

 

É que a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) criou o projeto Replanta Agave, com o objetivo de melhorar as condições de plantio, colheita e uso da biomassa residual da produção de fibra de sisal do agave na região do semiárido baiano. 

Mais: em agosto último, a ABDI, em parceria com o Governo da Bahia, assinou convênio de R$ 2,6 milhões para potencializar a cadeia produtiva do agave na região sisaleira do estado. 

Objetivo: aproveitar a biomassa da planta para a produção de biocombustível. 

O segundo passo da parceria já foi lançado por meio de edital para selecionar empresas interessadas em operar o projeto. 

Mais informações sobre o edital podem ser acessadas aqui



Capacitação profissional 

Quem assumir a operação irá capacitar produtores agrícolas do semiárido baiano para a produção do agave com foto na fabricação de etanol. 

A iniciativa pretende criar uma rede qualificada de agricultores para a produção de biocombustível a partir do agave. 

Atualmente os trabalhadores utilizam apenas 4% da planta para produção do sisal e descartam o restante. 

Com o projeto, a ideia é utilizar 95% da planta para também produzir o biocombustível e aumentar a renda dos trabalhadores. 

A transformação da produção terá impacto econômico no Território do Sisal, que compreende 20 municípios baianos.

 

Como fazer etanol do agave

Vale destacar que a fibra de sisal é a principal característica da espécie Agave Sisalana, a planta do tipo suculenta é típica das regiões semiáridas. 

Conforme divulgação da ABDI, a planta é aproveitada no processo de extração da fibra comercial, que é rígida e transformada em variedades de fios, cordas, tapetes e mantas, sendo o restante da biomassa descartado. 

Entretanto, nos últimos anos, por meio de pesquisas, foram encontradas alternativas relevantes de aplicabilidade tanto para a fibra quanto para os resíduos. 

Entre elas, destacam-se o bioetanol de 1ª e 2ª geração, bioinseticidas, bioherbicidas, ração, entre outros.

 

Potencialidade 

“Apesar de o sisal ser a principal fonte econômica da região do semiárido nordestino e de o Brasil ser o maior produtor, o cultivo, a colheita e o processamento das folhas do agave ainda são precários, de forma geral. E o que nos motiva a investir nessa iniciativa é a potencialidade dessa planta para a produção de biocombustível”, destaca o professor Gonçalo Pereira, da Universidade de Campinas (Unicamp) no conteúdo da ABDI.

O pesquisador coordenou um estudo realizado pela Unicamp, em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), que apontou a alta produtividade do agave na produção de etanol. 

Destaca-se a potencialidade do agave de gerar um rendimento maior por hectare dentro da produção de etanol comparando com o rendimento médio da cana-de-açúcar por hectare.

 

No período da entressafra

De acordo com o gerente da Unidade de Nova Economia e Indústria Verde da ABDI, Marcelo Gavião, os principais benefícios da introdução do agave estariam na produção complementar das refinarias da cana-de-açúcar, fornecendo matéria-prima para o período da entressafra.

A saber: entressafra é o período na qual as refinarias de cana param para manutenção. Nos estados do Centro-Sul costuma ir de dezembro a março do ano seguinte e, no Norte e Nordeste, entre fevereiro e julho. 

 

Outros bioprodutos

Entre os subprodutos derivados do agave, também podem ser obtidos: biometano, biohidrogênio verde; e biochar – carvão vegetal empregado na correção de solo – bioinseticida, bioherbicida, componentes de plástico para veículos, entre outros.

O Brasil ocupa a posição de maior produtor de fibra de sisal do mundo. No mercado interno, a Bahia é responsável por 90%, seguida pelos Estados da Paraíba e Pernambuco. O modo de cultivo é a agricultura familiar, tanto o plantio quanto a colheita.