Vêm aí os bioderivados produzidos a partir da palha de milho 

Vêm aí os bioderivados produzidos a partir da palha de milho 

Vêm aí os bioderivados produzidos a partir da palha de milho 

Imagem: Freepik  /  Delcy Mac Cruz 

O milho, que já avança como fonte de produção do etanol - com oferta esperada de 10 bilhões de litros neste 2025 -, se prepara para nova tarefa renovável.

É que a palha do cereal pode ser aproveitada em técnica que a utiliza com água pura para extrair bioderivados.

 

Bioderivados?

Em linhas gerais, são produtos de alto valor para aplicações na indústria de biocombustíveis, farmacêutica e alimentícia.

Tem mais: trata-se de produto renovável, ao contrário do ‘concorrente’ petroderivado, com emprego semelhante, porém obtido a partir do processamento de petróleo bruto.

 

O blog da Fenasucro lista a seguir destaques sobre os bioderivados de palha de milho a partir de conteúdo da Agência Fapesp:

 

●     Autores: em estudo publicado no Biofuel Research Journal, pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) avaliaram a eficiência e o impacto ambiental do aproveitamento da palha de milho com uma técnica que utiliza apenas água pura como solvente para extrair bioderivados.

●     Riqueza: a palha de milho é um subproduto agrícola abundante (frequentemente descartado) e rico em compostos lignocelulósicos, como hemicelulose, celulose e lignina.

●     Extração de açúcares: no trabalho, fruto da pesquisa de doutorado de Rafael Gabriel da Rosa, o grupo de cientistas extraiu açúcares, ácidos orgânicos e compostos fenólicos com propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antimicrobianas a partir desse resíduo, otimizando os parâmetros do processo ao empregar hidrólise (quebra de moléculas grandes em menores) com “água subcrítica” (em alta temperatura e sob pressão alta para evitar ebulição) em vez de hidrólise ácida.

●     Utilidade: o avanço é útil para aplicações na indústria alimentícia, farmacêutica e de biocombustíveis.

●     Variações: a obtenção de cada subproduto depende de variações na temperatura e no pH, seguindo uma sequência de decomposição que inicia nos compostos fenólicos e termina nos ácidos orgânicos, passando pelos açúcares.

 

Método sustentável

 

●     Sustentabilidade: os pesquisadores também fizeram uma análise de sustentabilidade da tecnologia, chamada EcoScale. Trata-se de uma métrica semiquantitativa para avaliação das condições de reação química em escala de laboratório.

●     Impactos ambientais: a ferramenta, capaz de avaliar os impactos ambientais, econômicos e sociais de um processo ou tecnologia, usa uma escala de 0 a 100, com 0 representando uma reação totalmente falha (0% de rendimento) e 100 a reação ideal: composto A (substrato) reage com (ou na presença de) composto barato B para dar o composto desejado C com 100% de rendimento, à temperatura ambiente, com um risco mínimo para o operador e um impacto mínimo para o meio ambiente.

●     Resultado positivo: “nosso resultado surpreendeu: o método atingiu 93 pontos”, comemora Forster-Carneiro. Outros processos que utilizam produtos químicos agressivos, como ácido sulfúrico e hidróxido de sódio, obtiveram notas entre 54,63 e 85,13 pontos.

●     Análise econômica: segundo a cientista, outra novidade do estudo foi a análise técnico-econômica preliminar (ou taxa de payback), integrando dados experimentais com estimativas de investimento, operação e retorno econômico ao levar em consideração fatores como custo de equipamentos, insumos e energia.

●     Visão: “a análise fornece uma visão estratégica para a tomada de decisão, simulando diferentes cenários e identifica os mais promissores para aplicação industrial, fortalecendo o elo entre ciência, inovação e aplicação prática”, explica Forster-Carneiro.

●     Resultado: o trabalho focou no açúcar como produto final de maior valor econômico, visando os biocombustíveis, e os resultados demonstraram um tempo de payback variando entre quatro e cinco anos.